Capítulo 16

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POV Alice

Meu corpo ainda se recusa a aceitar tudo que aconteceu no baile. Minha mente força-me a esquecer de tudo que presenciei lá, mas não é uma tarefa tão simples. A qualquer segundo, sinto que meus miolos podem explodir e o barulho que fazem no andar de baixo da minha casa não ajuda a amenizar a situação. Ken está no quarto — ainda inconsciente e com sua temperatura do corpo mudando bruscamente —, e Miguel permanece a seu lado. Honestamente, tudo ainda é muito devastador para mim. Todas essas informações, vindas tão repentinamente, deixam-me mais confusa que o normal.

As vozes — que antes eram meras palavras embaralhadas — vão tornando-se mais precisas e compreensíveis à medida que vou descendo os degraus da escada. Louis está sentando no sofá, que fica próxima à saída. Mesmo calado, demonstra extrema preocupação. Lyanna e Trevis estão em pé, no centro da sala, e conversam sobre o que pode estar acontecendo com Ken e pensam numa maneira de controlar Lia.

Pensar no seu nome e no que fez há algumas horas causa-me um embrulho no estômago. Não sei bem que tipo de relação queria construir com ela, mas, com certeza, estar com ela — mesmo como amiga — estava sendo uma experiência incrível. Agora, depois de tudo, nada me tira da cabeça que sempre fui uma peça descartável do seu jogo maníaco.

Quando finalmente paro atrás do sofá — que fica de frente para o que Louis está sentado — sinto o peso do mundo assolar meus ombros, fazendo-me suspirar profundamente, o que chama a atenção deles para minha direção. No primeiro instante, fico confusa quanto à minha posição e contribuição nisso tudo. Noutro, agarro-me à ideia de que não serei mais deixada para trás nessa história, mesmo que saiba pouco sobre o que significa estar inclusa nela. Sem contar, também, que preciso ajudar meus amigos. Eles não são pessoas ruins. Apenas estão — segundo Lia Clarck — possuídos por algum ser maligno que preza pelo caos e destruição. Não posso, de modo algum, perder mais alguém. Não terei forças para passar por mais luto e dor.

— Estou muito confusa quanto a tudo. — Admito, deixando o peso dos ombros mais leves com a revelação. — Mas, mais que isso, eu estou brava. Muito brava por terem se esquecido de me contar detalhes muito importantes da minha vida.

— Sentimos muito, Alice, mas você estaria melhor alheia a tudo isso. Não existe beleza ou coisas boas nesse lado do mundo. — Lyanna fala, deixando seu pai de lado um pouco, focando sua atenção em mim e na minha confusão mental.

— Não tinham o direito de decidirem isso por mim! — Exclamo, não satisfeita com essa falsa demonstração de preocupação. — Minha família faz parte de um mundo bizarro e cruel, o mínimo que podiam fazer era me contar. Como acha que fiquei achando durante todo esse tempo, que os fragmentos que me lembro do que já vivi, eram sinais de insanidade?

— Não era uma escolha nossa. Era da sua família, dos seus pais e eles acharam melhor deixar em segredo. — Louis fala, levantando de onde está sentado. — Como Lyanna falou, não há beleza em nada por aqui. O que viu hoje é apenas uma pequena amostra do caos que está por vir.

Sacudo a cabeça, relembrando de pequenas partes de coisas que presenciei: entrando em casa, encontrando pessoas em volta do meu irmão; eu falando comigo mesmo. Tudo é sufocante demais!

— Eu... — Saio de trás do sofá enquanto penso numa forma de perguntar o que quero sem parecer tão desesperada. — Eu sou alguma coisa? Tenho algum tipo de poder? — Meus olhos, mesmo sem vê-los, devem estar gélidos, já que eu estou completamente perdida.

— Não sabemos. — Dessa vez, é Lyanna que responde, aproximando-se de mim. — Em teoria, já passou da idade de se mostrar uma loba, e os poderes bruxos podem aparecer em qualquer fase da vida, quando menos se espera. — Complementa, fitando-me com cautela e preocupação. — Talvez esteja melhor sem poderes! Pode ser a única que terá uma chance real de ser feliz.

Me Apaixonei por um Vampiro (Caçadores Imortais)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora