CAPÍTULO 8

5K 522 26
                                    

J U L I Á N

Depois que a Marie foi internada, fiquei desesperado para vê-la. Tive uma conversa seria com a Vitória, nunca havia ficado tão irritado com a mesma. Não consigo entender como ela pode, mesmo após saber que a amiga não sabia quem eu era, esperado uma semana para procura-la, tendo acesso livre ao apartamento e principalmente ao histórico de saúde psicológico da Marie.

Paixão é um sentimento estranho, que me fez agir por impulso deixando a razão a um passo atrás de mim. Nunca havia me sentido assim antes, e me sinto jovem, tenho vontade de viver coisas novas, e sentir novas sensações. Quando a vi naquela cama, parecia que tudo em mim havia se chocado em um turbilhão de medo.

— não precisa me contar nada, eu realmente não me importo. não quero vê-la sofrer, tendo que lembrar de algo que te faz tanto mal.

Já faz quase uma semana que ela recebeu alta, e mesmo apreensiva, permitiu nos aproximarmos, desta vez com mais cautela. Não vou negar que seu passado não me cause curiosidade, mas mesmo assim, não é algo que influencie na minha decisão de querela.

— quero que saiba, este é meu único segredo, e o restante sobre mim, conhecerá com o tempo, mas realmente quero que saiba hoje, o que um dia poderia chegar até você, com uma interpretação errada, como já chegou em partes. — esclareceu e tive que concordar.

A forma que a Vitória pintou seu passado no dia do parque, poderia me fazer ter vários tipos de interpretação, inclusive que Marie fosse uma interesseira. A forma que contamos algo, seja sobre nós, ou sobre alguém, pode influência de forma positiva ou negativa, dependendo da forma que o narrador quer que entendamos.

— tudo bem, venha aqui. — chamo ela que logo veio para entre meus braços. — eu fico feliz que confie em mim, depois de tudo.

Ela assentiu deitando a cabeça no meu peito. Estou em seu quarto, no seu apartamento. Tenho vindo vê-la todos os dias para saber como ela está, me preocupo com ela, e tenho a necessidade em vê-la, poder abraça-la e saber que ela está ali, inteira e bem.

— quando eu tinha 14 anos, meu pai faleceu e minha madrasta ficou responsável por mim, e pela empresa. Nós dávamos bem, ela estava sempre ocupada e eu vivia a vida como bem queria, são tinha preocupações. Quando eu já tinha em torno dos 15 anos, houve um jantar de negócios na minha casa, e um dos convidados me observou a noite toda, me deixando incomoda, mas felizmente a aquilo passou, e segui minha vida normalmente. Um tempo depois, soube que pela a mau gerência da Suelen com a empresa, estávamos com problemas financeiro. Ela me chamou para uma conversa, e imaginei que era algo sobre economiza, e essas coisas naturais em uma crise, mas que engano o meu. - deu um suspiro pesaroso.

— o que ela queria? — juro que senti arrepiar com a minha própria pergunta.

— era apenas para me avisar, que tinha me vendido por uma noite ao cara que havia me observado na festa. Briguei, chorei, esperneei, mas, uma semana depois ela havia me feito "aceitar", com seus truques articulados, que me deixavam sem norte. — acaricio seu rosto, tentando mostrar que estou com ela.

Sou um homem adulto, e estou com receio de ouvir o restante da sua história. O ser humano é um animal tão maldoso, ele escolhe as pessoas das quais julga frágil, e as ataca, destruindo suas defesas, e deixando vulneráveis aos seus desmandos.

— não foi a primeira vez que uma garota sonha, mas ao menos ele não me agrediu e tentou de alguma forma me deixar confortável. Algo que não muda o fato, de que eu ainda me considerava uma criança, e não me sentia preparada para aquilo, estava ali obrigada. E fui violada, o que me causou angústias que até hoje estão marcadas em mim, como o início de uma época de medos, traumas e torturas, corporais e psicológica. — sentia minha boca amarga pela sensação ruim que aquilo me causava.

Im/perfeito amor (Completo Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora