Abracei-o assim que me recuperei do susto, tentando protegê-lo de alguma forma, tomar conta dele do jeito que conseguia. Por natureza alfas sempre conseguem passar segurança aos ômegas, mas fui chamado de inútil tantas vezes que acabei acreditando não servir nem mesmo para isso.

Comecei a acariciar seus cabelos, seu rosto estava grudado em meu pescoço e as lágrimas caíam por meu ombro. Mas não me importava tanto com isso, minha única preocupação era deixá-lo bem.

— Ei, fica calmo. — Sussurrei para ele, descendo minha outra mão até suas costas e depositando uma carícia ali.

— Hyung, deixa eu deitar com você? Eu... me dá carinho? — Meu coração doeu.

Na verdade, tudo dentro de mim doeu com seu pedido. Pedi que Jungkook me guiasse até minha cama, porque estava completamente desnorteado e já nem sabia mais onde o móvel se encontrava. Meu peito estava apertado, como se alguém estivesse segurando com força ali, e a minha maior sensação dentre todas era a de que a qualquer instante eu poderia sufocar.

Nós deitamos, eu fiquei com as costas grudadas no colchão e Jungkook se escorou em mim, ficando abraçado em mim pela cintura, com a cabeça sobre meu peito. Uma de minhas mãos focou em acariciar seus cabelos, enquanto com a outra eu aproveitava para deixar leves toques por suas costas. Era a primeira vez que estava tocando Jungkook e, confesso, a sensação me parecia deliciosa.

Mas nada de delicioso tinha no fato de que Jungkook tinha seu corpo trêmulo, sua mão apertava minha blusa com força como se demonstrasse que ele tinha medo de eu fugir ou algo do gênero, as lágrimas permaneciam caindo por meu peito, os soluços ecoavam pelo quarto inteiro.

Queria palavras boas o suficiente para fazê-lo sorrir ou sentir-se menor, mas nada parecia ser o bastante, nada parecia fazer com que Jungkook parasse de chorar copiosamente em meus braços.

Quando temos algum tipo de sentimento por outra pessoa, seja simples ou intenso, acabamos aflorando o instinto protetor que nos habita. Perceber o quão frágil Jungkook estava deixou-me com raiva o bastante para querer descontar em quem quer que tenha lhe machucado.

Entender seria bom, porque não tinha nem ideia do que poderia ter acontecido. Ele podia ter discutido com algum amigo, com o namorado ou com os pais. Alguém podia ter o magoado. Ou algo podia ter acontecido. Várias eram as possibilidades e nenhuma era a minha certeza.

Foi então que lembrei da música que estamos ensaiando nas aulas de piano da faculdade, uma letra linda que Jungkook acabou me ensinando para podermos cantar e tocar juntos.

Comecei a cantarolar a canção, bem baixinho, mesmo sabendo que minha voz não era das melhores, um tanto estranho se considerar que faço música na faculdade. Mas isso não vem ao caso.

Ao passar da música senti o menino sobre mim começar a se acalmar gradativamente. Foi bem devagar, mas ele foi ficando mais calmo.

— Obrigado, Jimin. — Sua voz ainda demonstrava seu choro, algumas lágrimas caíam pelo que eu podia sentir, mas ele já estava melhor. — Estava precisando disso.

— Sempre que precisar. — Garanti, mantendo as carícias ainda. — Você está melhor?

— Um pouquinho. Mas meu coração ainda dói. — Murmurou ele, afastando-se do meu corpo. — Você já se apaixonou, hyung?

— Uma vez...

Eu não deveria ter dito isso, ainda mais quando essa vez tratava-se justamente de Jungkook, contudo escapou antes que eu pensasse em guardar para mim.

— Eu preferia nunca ter me apaixonado. — Continuou ele, parecendo voltar a chorar. — Amar só pode ser sinônimo de sofrer.

— Se você sofre por amar alguém, é porque ama a pessoa errada.

Alpha | jjk + pjmWhere stories live. Discover now