Capítulo 28

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Tinha sido um tanto complicado sair da cola de Mali Benevid, a garota que o interrogara com tanta veemência, mas Ban não imaginou que seria tão ou mais complicado chegar perto de Harley. Bom, não era exatamente do herdeiro King que ele queria chegar perto, mas gostava de pensar que sim. 

Estando ali naquele ambiente, ficava claro como o dia o abismo de distância que os separava. Não só pela dificuldade que seria atrevessar toda aquela multidão pra falar com Elaine, mas pela clara diferença que ele sentia entre sua própria pessoa e o restante dos convidados. Apesar de se sentir estranhamente confortável, não conseguiria manter uma conversa com qualquer pessoa ali. 

—Hei, onde você estava? — Ban se surpreendeu ao sentir uma mão em seu ombro. Se virou para ver quem era e sorriu involuntariamente. 

—Vocês é que me abandonaram aqui — disse para Arthur. 

Talvez ele estivesse errado, conseguiria sim manter um assunto com algumas - poucas - almas vivas ali. 

—Se divertiu? — Ban perguntou para Diane.

—Sim, foi o máximo! — sorriu empolgada.

—Os meus pés é que sentiram o máximo — Arthur revirou os olhos — o máximo de maltrato e judiação. 

—Engraçadinho — Diane mostrou a língua. 

Uma nova melodia começou, dessa vez mais calma e lenta que a anterior. Foi só ouvir os primeiros acordes do violão que os olhos de Diane brilharam.

—Eu sei o que você vai dizer — Arthur bufou — dessa nós não...

—Por favor! — juntou as mãos em súplica e fez um biquinho — Por favor, Arthur!

O ruivo soltou um suspiro profundo e cobriu os olhos com as mãos, tentando ao mesmo tempo ocultar um sorriso com uma mordidinha no canto do lábio.

—Ok, ok… — ergueu o braço pra ela e Diane o aceitou animadamente. 

—Yes! — beijou a bochecha dele com uma empolgação visível.

—Diane — apesar de aquilo provavelmente precisar parecer uma briga, ele não conseguia ficar sério por mais que tentasse — quantas vezes devo dizer? Sem demonstrações de afeto em público!  É contra as regras da etiqueta. 

—Ops — fez uma careta — perdão… 

—Me abandonem logo, seus traíras — Ban reclamou. 

—Tá — Diane respondeu — tchau! 

Arthur saiu com ela para a pista de dança ensinando mais alguma coisa sobre como ela não podia fazer isso em publico segundo as regras da etiqueta (e que ela provavalemnte não prestaria atenção) e Ban ficou ali parado assistindo os dois irem embora. 

Sem muita opção ele foi se apoiar na grade de proteção do segundo andar mais uma vez para ver a próxima música que começava. 

I’m a phoenix in the water
A fish that’s learnt to fly

Eu sou uma fênix na água
Um peixe que aprendeu a voar

Elaine tinha uma voz angelical, capaz de balançar a estrutura de qualquer coração. O problema era justamente esse: o coração de Ban já estava balançado. 
 

Minhas CicatrizesDär berättelser lever. Upptäck nu