Capítulo 1

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Aviso importante: no universo dessa fic não existem armas de fogo


"Primeiro dia de aula é igual aquele celular novo que você ganha, no primeiro dia é legal, interessante, depois você já tá reclamando dele" — sábio filósofo desconhecido 
 

Diane andava a passos largos e completamente desorientada pelos corredores do enorme Colégio Secundário de Danafor. Não fazia a menor ideia de como encontrar a sala de orientação onde já devia ter chegado a bastante tempo e a quantidade de gente que se amontoava pela escola não melhorava nem um pouco seu humor. 

Odiava aquela sensação apesar de ter se acostumado com ela, o primeiro dia de aula é quase sempre uma droga, principalmente quando se está em uma cidade nova. Aquela mudança era “definitiva”, segundo a mãe dela. Mas ela havia dito isso exatamente da mesma forma em todas as outras vezes que tiveram que peregrinar por aí atrás de imóveis baratos. No ano anterior haviam sido três mudanças “definitivas”, o que não a animava nem um pouco com as atuais promessas da senhora Hebi de permanência. Tais experiências fizeram Diane deixar de se preocupar com muitas coisas que pra outras adolescentes seriam cruciais  (como fazer amigos ou arrumar um namorado) e se concentrar num único objetivo principal: sobreviver. 

A garota andava com os olhos fixos no mapa em suas mãos sem prestar atenção no que vinha a sua frente, o que obviamente não deu muito certo. Acabou esbarrando em algo, ou melhor, alguém. Já ia pedir desculpas mas o pedido ficou entalado na garganta ao ver a figura na frente dela: uma garota bem mais baixa, loira e de grandes olhos alaranjados a encarava com uma expressão de fúria. Pelo uniforme branco super bem passado de detalhes pretos, Diane reconheceu que não se tratava de uma aluna comum e apesar de parecer bem mais nova, a cor vermelha de sua pulseira indicava que ambas estavam na mesma série. 

—Me perdoe, senhorita… — Diane curvou a cabeça levemente. Nem ela sabia de onde tinha vindo aquele “senhorita”.

A morena levantou o olhar por breves segundos a tempo de ver a expressão de nojo e repulsa da garota se transformar em um sorriso sarcástico de deboche quando seus olhos encontraram os sapatos de Diane. “Droga!” murmurou internamente morrendo de vergonha de seus sapatos gastos. Sabia que a mãe tinha dado duro para conseguí-los sabe-se lá onde, mas mesmo assim não queria ser motivo de chacota. 

—Vamos, Elaine. Acho que ela já entendeu o lugar dela — disse um garoto um pouco mais alto de cabelos verdes e olhos claros com um sorriso irônico. Junto com ele estava outra garota, de cabelos dourados compridos anelados e olhos azuis. 

“Sobreviver! Você precisa sobreviver” Diane repetiu internamente pra si mesma enquanto o trio desaparecia pelo corredor. A morena ainda deu uma última olhada para eles antes de soltar um suspiro de alívio e continuar seu caminho. Aquelas pessoas sem dúvidas não eram iguais a ela. 

Lionessy é regida desde sempre por uma côrte que perdurou por toda a existência do país antes mesmo de se tornar país. Essa côrte é constituida de uma série de nobres espalhados por toda a extensão territorial e que dispunham de uma série de privilégios, como escolas especiais. O Colégio Secundário de Danafor era um dos poucos colégios mistos do país que permitiam nobres e “plebeus” sem distinção. Sabe-se lá porque cargas d'água, a mãe de Diane decidiu que sua filha estudaria lá mesmo depois de escutar cinquenta mil protestos de que a garota não queria ter que ficar com “aquela” gente. Bom, não é todo dia que se ganha uma bolsa para uma das melhores instituições de Lionessy, mas também não é todo dia que se encontram nobres que sejam simpáticos. Pelo menos na cabeça de Diane era assim que as coisas funcionavam.

Minhas CicatrizesWhere stories live. Discover now