[45] O Sexto Fragmento

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O Alfa ficou muito irritado. No mesmo instante ele rugiu alto e respondeu:

— Sou aborígene desse lugar!

— Desculpa, não quis ofender...

O Alfa lançou um último olhar, estudando o Ômega dos pés à cabeça e ignorou o assunto. Jimin ainda tentou descobrir a identidade daquele Alfa, mas o sujeito não estava disposto a colaborar e continuou ignorando suas tentativas.

Após alguns minutos de caminhada, eles chegaram em um espaço onde tinham quatro construções de grandes dimensões, cada uma medindo no máximo 30 metros de comprimento. A estrutura era feita de galhos de taquara e troncos de árvores. Já o teto, com palha e folhas de palmeira. Dentre elas, havia muitas pessoas circulando. Crianças, Alfas, Ômegas e Betas. Machos e fêmeas. Não era necessário ser um gênio para saber que aquilo se tratava do lar deles.

Uma fêmea com o mesmo porte do Alfa se aproximou, mas ao invés de uma lança, ela possuía um arco. Seu olhar desconfiado passou por Jimin até se concentrar no macho ao seu lado.

— Que está fazendo?

— Onde está Byue? — o nativo perguntou ignorando totalmente a pergunta dela.

— Por que faz essas coisas? Primeiro ajuda aqueles escravos e agora isso? — ela disse apontando para Jimin, visivelmente indignada. — Vai arrumar problemas com os Alfas estrangeiros para nós.

— Faz o seu, Kauana. Chame quem realmente entende das coisas.

A Alfa rolou os olhos e saiu para fazer aquilo que o outro pediu.

— Vocês vão me matar antes de me cozinhar? — Jimin perguntou.

— Do que está falando? — O Alfa indagou decididamente perplexo.

— Não vão me comer?

O Alfa ficou ainda mais pasmo. Ele estudou o Ômega dos pés à cabeça.

— Não.

Jimin respirou aliviado.

— Bom... ah, é verdade que você ajuda os escravos? Porque eu vi muitos sendo levados pela cidade de maneira completamente desumana e cruel, você bem que poderia me ajudar a salvar eles.

O Alfa ainda o estudava com curiosidade, quando Kauana voltou, dessa vez na companhia de Byue. O macho que estava com ela não parecia ser um Alfa, nem um Ômega e muito menos um Beta. Ele era mais velho e possuía marcas diferentes pelo corpo. 

— Sou Byue. — Ele se apresentou. — O xamã da nossa tribo. Sou um Gama.

Gamas são extremamente difíceis de se encontrar, são mais raros que os próprios Ômegas lúpus. Trata-se de pessoas conectadas com o nosso mundo e o espiritual.

Jimin não sabia o que dizer então ficou calado. O Gama continuou:

— Você é um Ômega lúpus. A mãe da minha mãe também era. Venha, quero lhe mostrar uma coisa.

O mais velho puxou Jimin consigo para uma das moradias coletivas. A Alfa tentou segui-los mas foi impedida.

Dentro da construção haviam apenas alguns móveis simples de madeira, feitos à mão, e também uma espécie de santuário. O Gama deixou Jimin sentado diante dele e agachou-se ao seu lado. Ele procurou entre algumas coisas e puxou uma tábua. Nela, havia algo que para o choque do Ômega, era um dos fragmentos do Imperium.

— Você consegue ver, não é? — Jimin confirmou com a cabeça. — Foi um presente da Lua.

— De quem? — Jimin piscou confuso.

— Da Lua. — O Gama repetiu. — Apenas os tocados por ela podem enxergar os segredos que tem escrito. Você é um deles e por isso estou te mostrando o nosso presente especial, mas ninguém mais pode ver ou tocar.

— Oh, céus… — Jimin lamentou em voz alta. Aquele fragmento era um objeto sagrado daquele povo, como eles iriam tomar posse? — Deve ser muito protegido, então…

— Kauana protege para nós. É nossa melhor guerreira, ninguém passa por ela.

“Só ladeira abaixo” — o Ômega pensou.

— Será que eu poderia ir agora ? — Jimim perguntou. — Meu amigo e irmão devem estar preocupados. Assim como meu Alfa.

— Claro. Vou pedir para que Yahto o acompanhe.

O xamã instruiu o mesmo Alfa que trouxe Jimin, a levá-lo de volta. No caminho, Yahto, como o Alfa era chamado, explicou ao Ômega como exatamente conseguiu libertar alguns escravos, e também um pouco sobre a história de seu povo.

🏴‍☠️

O oficial deixou Jungkook e alguns membros da tripulação, que com ele estavam, dentro de uma sala que não continha nada além de três caseiras e uma mesa entre duas bandeiras. Quando voltou, trouxe consigo um Alfa mais velho.

O Alfa caminhou com o queixo erguido e se sentou atrás da mesa. Jungkook e Namjoon sentaram-se nas duas cadeiras de frente ao Alfa enquanto os demais, piratas e militares, permaneceram em pé.

— Sei o que vocês são. Piratas. — José da Silva afirmou. — Há alguns meses um Alfa intitulado Alma Negra apareceu por aqui. Um Alfa terrível e carniceiro. Trouxe-nos muitos problemas. Mandei que estudassem o comportamento de vocês e cheguei a conclusão de que não são como eles.

— E onde ele está?

— Recolhendo nossos lucros em outro lugar. Mas ele vai voltar…

— E então vocês precisam da nossa ajuda. — Namjoon supôs, lembrando-se que Billy já havia informado sobre eles — Típico.

— Mandei uma carta para o meu Reino pedindo ao rei que envie tropas ao Brasil, mas ainda não obtive resposta. Não sei se o navio naufragou e minha mensagem não foi entregue, ou se eles apenas querem que eu me foda sozinho por aqui. 

— Tropas? — Billy riu, zombando — Vocês são fracos, eu sei. Não tiveram sucesso pelo-…

A fala de Billy foi interrompida pela risada do governador, assim como as dos seus Alfas. 

— Portugal é a maior potência econômica mundial. Se não insistimos em passar pelas rotas do Mediterrâneo, foi porque somos os únicos com recursos suficientes para desbravar o Novo Mundo. Nós somos o progresso, nossa força militar é incomparável. Você é um inglês ignorante. 

Billy engoliu em seco e murchou no canto, sem abrir mais a boca.

— O que quer, afinal? — Jungkook indagou.

— Pensei em propor uma aliança momentânea, para quando aquele calhorda voltar. 

— O inimigo do meu inimigo é meu amigo. — Namjoon refletiu. — Mas não precisamos de ajuda. Podemos lidar com uma tripulação de piratas.

— Não é apenas uma tripulação. Ele possui três navios e cerca de trezentos Alfas. Vocês podem lidar com isso?

— Nós não-…

— Vamos pensar. — Jungkook interrompeu seu contramestre. — Quando eu tiver uma resposta você saberá. Vamos.

Assim que eles foram embora e seguiram para o bar da hospedagem, Namjoon questionou a atitude de seu Capitão:

— Está com medo do Alma Negra?

— Não. Mas você o subestima demais.

— Mas e o que faremos depois?

— O que sempre fazemos. — Jeon respondeu simples. Dahyun estava conversando com a timoneira, quando eles chegaram na taberna. — Jimin já chegou?

— Ainda não. — Chaerin respondeu.

O Capitão Jeon aquiesceu e subiu até o quarto que estava dividindo com o Ômega.

Continua...

Black Swan - Jikook (ABO) Era de Ouro da Pirataria - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora