Ava é uma amante da fotografia, em seus dias de folgas da cafeteria em que trabalha, passa o tempo tirando foto de seu sobrinho Nicolas e explicando que, não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar, trazemos todos os livros que...
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Os dedos de Dinah iam automaticamente nas teclas de seu piano sem ela sequer precisar olhar. A verdade era que quando a médica estava tocando, ela deixava-se levar pelo embalo da música e pelos sentimentos que sentia no momento. Dinah tocava Moonlight Sonata (First Movement) de Beethoven, uma das únicas músicas que tocava de olhos fechados.
Essa música trazia muitas lembranças e memórias para a mulher, lembranças e memórias essas, que ainda eram difíceis dela lidar. Por tocar tantas vezes a melodia em seu passado, Dinah tocava de maneira íntima, entregando tudo de si quando se encontrava em seu piano. Haviam poucas músicas que Dinah se permitia tocar de olhos fechados, pois ela sempre gostava de olhar para sua audiência quando estava tocando o instrumento. Mas, certas músicas, em especiais as que a lembravam dela, a pediatra simplesmente não conseguia. Era difícil demais manter os olhos abertos, tocar aquele tipo de sonata, e lidar com o fato de não tê-la ali ao seu lado.
A melodia foi crescendo conforme Dinah foi se empolgando, tornando-se o som a única coisa que podia ser ouvida em todo o apartamento. Eram nove da manhã e a morena nem percebeu que Rene a observava com uma cara triste, encostado na parede perto da sala. Ele sabia que Dinah só tocava aquela canção quando estava se sentindo extremamente triste. Assim que ela terminou, ela suspirou, colocando as duas mãos sobre as teclas, e deixando que algumas lágrimas escorressem de seus olhos.
— Você sonhou com ela, não foi? - a voz calma do irmão fez a pediatra virar-se rapidamente. Ela não estava esperando que ele estivesse ali. Na verdade, ela detestava quando Rene flagrava ela tendo esses momentos de recaída, pois geralmente ele sempre ficava preocupado com ela.
— Rene. - ela deu uma risada fraca, limpando o rosto. — É. - suspirou. — Essa era a favorita dela, você lembra? - ela indagou com um sorriso diferente no rosto, ele era triste e doloroso.
O homem apenas assentiu.
— Como não lembrar. - completou, sorrindo do mesmo jeito. — O sonho foi ruim? - ele perguntou se aproximando. — Você só toca essa música quando tem algum pesadelo com ela.
— Não. - encarou os olhos do irmão. Rene tinha um semblante preocupado. — Foi um sonho ótimo na verdade. - riu fraco. — Eu sonhei que nós estávamos tocando essa música juntas.
