O fogo

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Sarah a segue sempre alguns passos atrás.

Quando chegam à casa, Maraisa tenta mais uma vez abrir a porta do caroneiro, mas como a lataria do carro estava amassada, não consegue.

- O que está fazendo? – Sarah pergunta vendo Maraisa chutar o pneu da frente.

- Tentando abrir isso. – Maraisa puxa a porta mais uma vez, só que com mais força, fazendo com que uma parte dos escombros se desequilibre.

Sarah a puxa antes que os restos do telhado a acertem.

- Impedi o telhado de cair em você duas vezes em menos de 24 horas. – Sarah sorri ainda mantendo os braços em torno do corpo da cantora.

- Não precisaria me salvar se não tivesse aceitado a proposta da Marília de dançar pra mim. – Maraisa responde se esquivando – Aposto que tudo fazia parte do plano! Você é tão culpada quanto elas por eu estar presa aqui com uma... – deia a frase no ar por achar que seria ofensivo demais.

- Prostituta? – Sarah completa – Claro, a tempestade e a ponte faziam parte do nosso plano sim! Eu me arrependo de ter aceitado. Pensei que você me visse além da dançarina, mas eu estava enganada. Eu estou tão presa aqui quanto você.

A dançarina vira as costas e começa a andar para dentro.

- Sarah, espera! – Maraisa a segue e a segura pelo braço – Eu não quis falar com você assim... Eu só estou nervosa e...

- Acha que pode falar com as pessoas como lhe der na telha. – Sarah completa novamente.

- Não, eu só...

- Eu vou ficar bem longe de você. – Sarah responde – Não precisa se preocupar, nem vai notar que eu estou aqui.

Sarah corre para dentro deixando Maraisa lá fora sozinha. A cantora respira fundo e entra. Procura Sarah pela casa e a encontra no quarto de hóspedes deitada na cama.

- Ei, desculpa pelo que houve lá fora. – Maraisa se deita também – Eu não quis te ofender.

- Tudo bem. – Sarah diz – Não sei o porquê isso me atingiu. Já estou acostumada a ser tratada assim. É normal quando se trabalha na noite.

- Não está nada bem. – Maraisa acaricia o rosto da garota – Eu sinto muito. Você pode me dar mais uma chance de mostrar que eu não sou uma cretina?

- Não precisa fazer isso. – Sarah oferece um sorriso – Suas amigas sabem que estamos presas e devem estar tentando encontrar uma forma de nos tirar daqui. Em breve iremos embora e você nunca mais vai precisar me ver. É melhor elas tirarem a gente daqui logo, já que me pagam por hora.

- Vou adorar ver elas terem que abrir a carteira. – Maraisa ri – Merece hora extra pela tempestade.

- Por aturar você também. – Sarah desafia, mas abre um sorriso largo logo em seguida.

- Por me aturar você merece tudo que tem na conta bancária das duas e elas ainda te deveriam.

- Concordo! – Sarah responde ainda rindo.

- Pode me desculpar? – Maraisa pede uma vez mais.

- Claro.

- E se a gente descesse preparar algo para almoçar e depois poderíamos pensar em algo que daria pra fazer pra passar o tempo no meio do nada sem energia? – Maraisa sugere.

- Vai ser difícil encontrar algo pra fazer, levando em conta que está perigoso lá fora. – Sarah argumenta.

- A gente encontra algo. – Maraisa diz otimista.

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