Capítulo QUINZE

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•Lorena

O ensaio me cansou. Não só porque Davi é uma mula e não consegue interpretar uma frase e sim de olhar para aqueles olhos hipnotizantes.
Fui irônica com ele, e ele conseguiu ser mais. Não queria mais continuar nas provocações, pois da última vez acabou em beijo e eu definitivamente não posso dar esse gostinho de "sou o garanhão" à ele.

Quando deu a hora, fui embora sem me despedir dele e de ninguém, só queria correr para pegar meu ônibus. Adivinhem? Davi me segurou perto da área verde e me prensou na parede. Claro, que eu não estava esperando por isso, e o pior eu não estava preparada, aqueles olhos e braços másculos me deixam completamente indefesa. Me sinto a presa do caçador.
Pois bem, Davi veio com suas conversas fiadas e começou a aproximar sua boca da minha, me deixando sem saída. Obviamente ele queria me tascar um beijo, e ele ia conseguir se eu não tivesse muito preocupada em ir embora.
-Eu preciso pegar ônibus! - o empurro com força.
Digo isso e saio correndo pelo pátio central, me direcionando à saída.
O efeito que Davi causa em mim é daqueles que você fica completamente estagnada, confusa, basicamente sem saber quem você é.
Eu estava correndo dessa maneira, mas claro, não podia transparecer.
Sinto-o novamente me puxando pelo braço, e eu admito, eu precisava beijá-lo. Mas graças ao meu bom senso, tenho auto controle.
-Eu preciso da sua ajuda! - diz Davi com voz suplicante.
-Hãn?!
Eu claramente não estava entendendo nada. Como Davi Uckman o bad boy do colégio estava pedindo ajuda? Devia ser uma brincadeira, ou algo pra tirar com a minha cara.
-Eu preciso me sair bem nessa peça. Preciso da sua ajuda.
-Aah é mesmo? - olho para ele irônica.
Neste momento eu já tinha entendido tudo. Davi precisava se sair bem na peça, pelo fato de querer muito voltar para o time. Eu não negaria ajuda para ninguém, mas ele não merece.
-Por favor Lorena... - insiste.
Pensei por alguns segundos, num argumento bom.
-Quando eu te pedi uma ajuda, no caso uma carona, você não quis me ajudar, simplesmente me deixou falando sozinha. Então se vira "garanhão".
Ao dizer isso viro as costas e vou ao ponto de ônibus. Olho para Davi e o vejo um pouco desamparado, e com olhar arrependido. Mas, me lembro que esse tipo não se arrepende.
Por sorte o ônibus passa no mesmo momento, entro e vou embora.
Ainda de longe vejo-o no mesmo lugar me olhando, um pouco irritado com isso.
Eu sei, eu deveria ter cedido e ter me proposto a ajudá-lo, mas mesmo que o melhor professor do mundo da área teatral o ajudasse, não daria certo. Ele é um péssimo ator.
Estou parecendo uma menina fútil e metida né? Me desculpem, mas ele não me desce. As atitudes são imaturas, para um cara de 21 anos.
Minha intriga com ele não é somente por isso, e sim pelo fato de me ignorar e depois vir como se nada tivesse acontecido.
Se ele me desse um bom argumento para eu tentar ajudá-lo, talvez eu poderia fazer esse sacrifício. Quando digo sacrifício, é sacrifício mesmo, pois teria que me preparar psicologicamente para vê-lo mil e uma vezes sem acontecer nenhum acidente. Mas, como sei que na cabeça dele, no lugar de ter um cérebro tem uma bola de futebol, as chances são mínimas.

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