Capítulo SETE

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Desisti de entrar no carro, e fui seguindo a voz.
Cheguei onde estava a tal voz feminina. Era Lorena, falando ao celular. Parei atrás dela, e esperei ela desligá-lo para chamá-la.
-O que está fazendo aqui ainda? -eu disse em voz baixa.
Lorena vira para mim, sem reação.
-Da-da Davi? - diz surpresa.
-Está esperando alguém?
-É estou esperando a Daph, vir me buscar com o carro que dividimos entre amigas. Na verdade eu estava, pois ela me disse que o carro está com a Lauren, minha prima. E pelo jeito o negócio deve estar bom com o Pedro. Pois é, me ferrei -diz inconformada e sorrindo.
Fiquei olhando para a cara dela com cara de deboche, tipo "foda-se", e ela simplesmente me ignora, indo em direção ao ponto de ônibus.
Eu imaginei que ela me pediria ajuda, mas não. E pela primeira vez quero ajudar uma garota.
-Ei, ei, Lorena?!
-O que foi Davi? Quer debochar mais? -diz com birra.
Eu não estou acreditando que estou sozinho com uma garota, em um estacionamento, de noite e estou apenas dialogando.
-Para de ser boba, vem comigo.
Digo isso e dou alguns passos, fazendo um gesto com as mãos para ela vir.
-Hã?
-Eu vou te levar para casa, vem logo Lorena. - falo com tom suplicante.
Lorena cai na risada e eu não entendo o porquê.
-Ah claro, nas costas? - tirando uma com a minha cara.
-Poderia ser, mas vem, tenho carro e carteira de motorista, relaxa.
Lorena me manda um olhar desafiador, e a literalmente arrasto-a até o carro.
Ela não entende nada.
-Davi, não vou contigo não! Vou esperar o ônibus. -diz gaguejando.
-De jeito nenhum! Quer dizer que você prefere esperar ônibus, de noite, num lugar onde você nem conhece direito, só? - insisto.
-É... Sim, prefiro! Se você parar para pensar eu não conheço você também! - fazendo mais birra que o normal.
-Olha faz assim, entra nesse carro logo. - abro a porta para ela.
Ela rejeita, mas como percebe que não tem outro jeito, aceita a carona.
Entramos no carro, e Lorena permanece com cara fechada, parecendo uma criança.
-Vamos fazer assim, fica com meu RG, se eu fizer algo com você, me denuncia. - digo sarcástico e Lorena apenas pega-o e guarda-o, balançando a cabeça e sorrindo.
Dou partida no carro, e ligo o rádio onde tocava RAP. Lorena olha para minha cara e muda a estação. Ficamos nessa, de trocar a rádio toda hora.
-Desisto. - diz Lorena.
-Obrigado. - digo sorrindo.
Lorena diz seu endereço e sigo o trajeto.
O silêncio nesse momento reinava, ninguém falava nada. Só se ouvia nossas respirações. Quando Lorena decide quebrá-lo.
-Passou na seletiva?
-Passei, e sou capitão novamente.
-Nossa, não é que você é mesmo?!
-O quê? - digo confuso.
-Metido.
Olho para ela rindo e Lorena me encara com dúvida.
-Vamos lá... Eu também achei que você era metida, mas depois de dialogar contigo por alguns minutos, você sem querer me provou o contrário. Acho que devo provar também.
Lorena sorri com o canto dos lábios, e acho isso extremamente sexy. Me seguro para não demonstrar que gosto.
-Ok, metidão, vou aguardar a prova... - ela diz sorrindo, me desafiando.
Quando sou desafiado, sempre quero provar que consigo. Lorena que me aguarde.
Enfim, chegamos no prédio onde ela mora. Desço do carro, e abro a porta para ela. Ela me olha sem entender nada. Nesse momento eu não tenho pretensão nenhuma com ela, somente provar que não sou metido e que até abro a porta do carro para ela.
Lorena sai do carro e fecha a porta.
-Cheguei. Brigadão Davi! Se não fosse você eu ainda estaria lá- diz sorrindo e menos orgulhosa.
-Tá vendo? Depois diz que sou metido...
Neste momento estamos nós dois na rua, sozinhos e nenhum carro passa. O silêncio toma conta, e nossos olhos aprofundam-se um no outro. Ficamos assim por alguns segundos. Eu fico totalmente hipnotizado, perdido, e não resisto, aproximo-me lentamente, e por fim encosto meus lábios no dela.
Lorena não esboça nenhuma reação, apenas fecha seus olhos, e deduzo que posso arriscar-me a levar um tiro depois de beijá-la.
Me arrisco e beijo-a lentamente. Lorena retribui com um beijo delicado e certamente o melhor que experimentei na minha vida. Os nossos lábios se encaixam perfeitamente, a boca dela me arrepiava a cada movimento, e sinceramente eu não queria parar. Se só houvesse isso para fazer na vida, para mim estaria tudo certo.
Ficamos nos beijando por um tempo, quando ela para e me olha profundamente nos olhos.
-Por que parou? - digo, querendo mais.
-Menino, já posso te denunciar?- Lorena diz sorrindo com marra.
Neste momento estou segurando em sua cintura, e me aproximo para beijá-la novamente. Coloco uma das mãos em sua nuca, e Lorena se afasta, virando as costas para mim, indo simplesmente embora.

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