3. It started with a memorie

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Ronald Weasley sempre esteve no meio.

Ele não era o caçula e não era o mais velho na família. Ele era o filho do meio. Possuía memórias muito vívidas de como seus pais estavam sempre correndo atrás dos primogênitos. Porque eles estavam sempre se distanciando da própria casa tal como o diabo corre da cruz. Porque Percy sempre tinha sido ambicioso demais, desejando distância de toda a família, a qual aos seus olhos, nunca tinha escolhido pensar grande. E por isso todos ali eram inferiores a ele. Porque Guilherme quase não ia visitar os próprios pais, ocupado com o trabalho, dando seu sangue e suor. Aos poucos se tornara um homem velho e avarento com pouquíssima idade. Porque Carlos estava quase fugindo para outro país, correndo atrás de um sonho que não envolvia ninguém além dele e somente ele.

Depois, havia os gêmeos Jorge e Fred, cujo objetivo de vida era fazer seus pais enlouquecerem de vez. Eles eram atrevidos, brincalhões e carregavam com muito prazer o recorde de maior número de advertências pelas razões mais bobas que um aluno poderia recebe-las. Os dois eram o centro das atenções de cada, de Hogwarts. Firmes em suas verdades. Eles nunca tinham ido embora, nunca tinham escolhido ficar longe. Sempre amados e lembrados de uma forma única.

Ah, claro, também existia a Ginevra. A mais nova, a melhor. A ousada Ginny.

Ela era como o fogo. Um ano mais nova do que Ronald e tinha roubado todos os olhares sem nem ao menos se esforçar. Tinha alguma coisa muito corajosa em tudo ao redor dela. De fato, alguém muito espirituosa e capaz de balançar qualquer um que chegasse perto.

E Ronald... Era Ronald. Era o do meio. O garoto legal. O amigo. O meio. O filho mais escondido na foto da família. Sem dar trabalho aos pais, nem tão perto e nem tão longe. Meio. Talvez fosse muito mais imprudente do que corajoso. Agindo as vezes como um garotinho assustado.

O ruivo passou um bom tempo se sentindo um tanto quanto solitário. Uma vez que ele se sentia diferente das outras crianças. Na escolinha, percebeu que era como se todos estivessem dentro de caixinhas. Meninos iam direto para uma caixa inteiramente pintada de azul, com futebol e outras coisas muito mais agitadas e as meninas iam diretamente para a caixinha toda rosinha com seus laços e bonecas. Não que laços e bonecas fossem inferiores de alguma forma as outras atividades, você deveria poder escolher o que gosta, certo?

E sabe, o Rony de seis anos não entendia o porquê dele e de todo o resto não poder aproveitar as duas caixas. Veja bem, todas as meninas deveriam poder jogar bola e os meninos poder brincar de boneca. Isso não queria dizer nada, na sua opinião. Era tão simples, qual era o porquê de todos estarem tão separados?

Encucado, ele decidiu jogar futebol com os outros garotos para tentar entender. Pois todo aquele movimento, aquela bola indo de lá para cá... Era tão vivo. Tão interessante. Ele não podia ficar sem tomar alguma ação. Porque ele sempre estava na linha de frente, mesmo que seu corpo inteiro tremesse de medo e seu semblante sempre fosse o mesmo assustado.

Ronald tinha oito anos quando o verberaram com um nome que não lhe pertencia e por fim, jogaram várias bolas de esporte em cima dele. Uma atrás da outra. Em uma quadra pública e gritando: "VAI COM AS OUTRAS MENINAS!".

Ele teve que mudar seu pensamento. Não eram caixinhas. Eram prisões.

Seus pais não deram tanta importância assim ao ocorrido. Bem, eles ficaram com medo de seu filho ter ficado traumatizado - afinal, não comia direito, não falava com ninguém. Então, o mandaram para uma psicóloga infantil.

A sala tinha cheiro de algodão doce e estava cheia de cores.

Seu único pensamento era que ele estava ali porque seus pais não podiam se preocupar com ele. Não enquanto sua filha perfeita estava se saindo tão bem na escola, com seus outros filhos criando problemas que ocupavam o resto da sua sanidade... Não tinham tempo para ele. Ronald era o trabalho de outra pessoa.

The Most Pretty Stars * Drarry Onde as histórias ganham vida. Descobre agora