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Abri os olhos com muita dificuldade, sentindo a dor rasgando por todo o meu rosto.

Pisquei algumas vezes, tentando focar em algo, mas minha visão estava turva demais.

Foi preciso alguns segundos para que os fatos voltassem para a minha cabeça de forma clara: A briga com Axel, os dois homens na minha porta, a pancada.

Tentei mexer meus braços, mas me dei conta de que eles estavam amarrados por uma corda de aço, os prendendo um de cada lado da mesa gelada na qual eu estava deitada. Uma mesa alta, que lembrava uma mesa cirúrgica.

Tentei sacudir o corpo na esperança de conseguir me soltar, mas apenas senti o aço rasgando a pele dos meus pulsos.

Entrei em pânico, observando o grande galpão abandonado.

O teto de metal enferrujado, o chão manchado e com poças de água espalhadas por toda extensão do piso, a luz baixa e amarelada.

Grandes containers estavam cobertos de forma desleixada por lonas sujas. Um cheiro de produto químico e poeira invadiu meu nariz, e o barulho de algo pingando ao fundo me deixava ainda mais apreensiva.

Tentei gritar, mas a voz não saiu, como se ela nunca tivesse existido. Um vampiro tinha feito aquilo.

Notei que meu braço direito tinha sido furado, e um pouco de sangue escorria daquele furo.

Meus olhos arderam, e as lágrimas começaram a sair descontroladamente.

Eu gritava em silêncio.

Estava frio! Tão frio que eu mal conseguia mexer meus dedos dos pés e das mãos.

Minha garganta queimava pelo esforço que eu fazia na esperança de que minha voz aparecesse, não seria surpresa se ela estivesse sangrando.

Eu não entendia direito o que estava acontecendo. Nada fazia muito sentido. Eu estava tonta, e meu estômago doía como nunca tinha doído antes.

Ouvi um barulho vir do outro lado da parede. Provavelmente do cômodo ao lado. Risadas e vozes grossas, até que um grupo de quatro homens entrou.

- Olha só quem acordou!- O careca que havia me acertado na cabeça disse, entrando no meu campo de visão, e se aproximando.

Ao seu lado, o ruivo e mais dois homens. Um deles, um moreno, tinha uma enorme cicatriz na sobrancelha grossa, e o outro mais atrás, tinha traços asiáticos, pele bronzeada e uma enorme tatuagem de dragão no braço musculoso.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, e a cada segundo eu tremia mais.

O careca sorriu e esfregou o dedo áspero na minha bochecha, me causando nojo.

Tentei me afastar, mas não havia muito que eu pudesse fazer estando amarrada.

- Calma, querida, eu não vou te matar ainda- ele diz baixo, me encarando fixamente.- Antes eu preciso que você se recupere para que eu possa tirar um pouco mais do seu sangue. Eu já tirei um pouco enquando você dormia, espero que você não se importe.- Seus olhos brilham, achando graça, enquanto meus órgãos internos de reviram em terror.

- Marco, cara, acho melhor acabar logo com isso. Já temos o suficiente para conseguir um acordo com Agni, e para ter uma vantagem sobre o Hades. Mate-a logo e vamos vazar daqui antes que acabe mal para gente.- O asiático da tatuagem que estava mais afastado diz, meio agitado.

O ruivo caminha até ele, pondo as mãos sobre seu ombro. Por alguma razão, aquele gesto pareceu mais intimidador do que reconfortante.

- Se tiver algum problema com a nossa forma de agir, sinta-se a vontade para sair, César. Não sei até onde você vai chegar, mas você é livre para ir.- Ele fala tranquilamente para o rapaz que afasta sua mão com agressividade.

Sweet NightmaresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora