Capítulo 23

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Odeio brigar com Jasmine, mas às vezes ela é muito irritante, e eu como sou mais cabeça dura do que ela, então prefiro não ir até meu quarto, ao invés disso sigo em direção ao jardim que mamãe tem no terraço, mesmo sendo tarde da noite todas as luzes estão acesas e a lua cheia ilumina os pedaços escuros através das grandes janelas.

— Vossa alteza é muito travesso — ouço uma mulher dizer, e ao virar no corredor vejo o príncipe Kauan terminando de abotoar a camisa.

— Pode ter certeza que sou muito mais que travesso — ele responde e então dá um beijo na moça, só então vejo que ela é uma criada do palácio.

Eles se separam e cada um vai para um lado, Kauan vindo em minha direção, corro dali e entro na primeira porta que vejo, sem saber se alguém estaria ali ou não.

— Clara?

Viro—me devagar encontrando meu pai e meus irmãos com vários papéis em volta deles e completamente confusos.

— Hã, oi — tento disfarçar, mas não sou muito boa nisso quando se trata dos homens da família.

— Está tudo bem querida? — Meu pai pergunta se levantando e vindo até mim.

— Na verdade, eu queria lhe perguntar uma coisa.

— Então pergunte, o que gostaria de saber? — Ele se senta no sofá do escritório e pede para que eu sente ao seu lado.

— Pai, na seleção, algum selecionado ou selecionada pode ter qualquer tipo de relação com criadas, criados ou soldados?

Ele parece confuso com a pergunta, mas mesmo assim, me responde.

— Bom, isso além de antiético é uma falta de respeito enorme, ainda mais se algum dos príncipes estiverem fazendo isso, você sabe de algo, Clara?

— Não, era só uma dúvida mesmo, obrigada — levanto rápido e praticamente corro para sair dali, não quero ter que dizer o que vi, pois, conhecendo eles, iriam no mesmo instante até Kauan, isso que nem eu, nem Jasmine sentimos algo por ele.

Caminho para meu quarto pensando se elimino Kauan sem o consentimento de minha irmã ou se falo com ela antes, e sinceramente não faço ideia do que fazer, ainda mais agora que estou brigada com minha irmã e...

— Aí — digo alto colocando a mão na bunda e olhando para quem me derrubou e interrompeu meus pensamentos.

— Desculpe Clara, não tive a intenção — Erik diz me ajudando a levantar.

— Está tudo bem, eu estava distraída mesmo.

Passo a mão pela saia roxa para retirar o pó e lhe dou um sorriso ao ver que está lendo sobre a história de Illéa.

— Está gostando?

De início ele parece confuso com minha pergunta, mas quando percebe que falo do livro começa a rir.

— Sim, bastante, não imaginei que a história de Illéa pudesse ser tão interessante — ele faz uma pausa e me olha com bastante atenção — desculpe a pergunta, mas para onde estava indo tão distraída?

— Estava apenas indo para meu quarto e pensando em algumas coisas.

Passo por ele com um meio sorriso e começo a caminhar, na esperança de que ele me acompanhe. O que ele leva um tempo para fazer, apenas quando estou na metade do corredor o ouço correr até mim.

— Sabe, eu estava pensando em te chamar para sair hoje à tarde, mas me distraí na biblioteca.

— Não tem problema Erik, eu precisava desse tempo sozinha hoje.

— Então quer dizer que nenhum dos meus colegas a chamou para sair?

Ele me olha espantado sem acreditar no que ouviu.

— Porque o espanto? — Pergunto sorrindo.

— Sinceramente Clara, se fosse eu teria tentado passar o dia todo com você, mas...

— Entendo, e como disse, não tem problema — paro na frente de minha porta e acabo olhando para o quarto de Jas, sentindo um aperto no coração.

— Você está bem?

Olho para Erik voltando à realidade.

— Sim, apenas odeio brigar com minha irmã, mas logo vamos nos resolver, boa noite Erik.

— E porque vocês brigaram, se é que posso saber? — Ele pergunta antes que eu possa fechar a porta.

— Não é nada demais, fique tranquilo, adorei sua companhia.

Fecho a porta antes que ele diga algo mais, preciso pensar no que fazer com relação à Kauan, e não vou conseguir isso com Erik aqui.

***

Acordo com o sol batendo forte em meu rosto e percebo que nenhuma das meninas veio ainda, penso onde elas podem estar? Como minhas damas de companhia, sabem muito bem de seus deveres.

Ao sentar na cama vejo três vasos com flores, e nos três têm um bilhete, me levanto rápido percebendo que não troquei de roupa e vou até elas, primeiro pego os cravos vermelhos e reconheço a letra de Shawn me convidando para almoçar, deixo de lado, vou aceitar, mas preciso ver os outros primeiros.

O buquê de rosas-brancas é de Jas me pedindo desculpas pelo modo como falou e que não gosta de brigar comigo, junto com o aviso de que me espera no jardim para tomarmos café da manhã, e o terceiro buquê é de Erik, também de cravos vermelhos me convidando para passar a tarde fora e depois jantar em algum restaurante de Angeles.

— Bom dia alteza, desculpe a demora — Luana diz entrando, seguida de Lorena.

— Bom dia, onde está Amélia?

— Está doente princesa — Lorena diz enquanto arruma minha cama — por isso nos atrasamos.

— Está bem, vou visitá-la mais tarde.

Sento-me na poltrona e escrevo uma resposta para os dois príncipes, e coloco em um envelope selado com cera e um desenho de cravo, essa é minha marca para mandar qualquer carta, seja ela grande ou pequena.

— Luana, mande esses dois envelopes para os príncipes Erik e Shawn por favor, e encomende um buquê de hortênsias azuis para colocar no quarto de Jasmine.

— Claro, alteza, o seu banho está pronto.

— Obrigada.

Dirijo-me ao banheiro feliz por tudo voltar ao normal, só espero que continue assim por um bom tempo.

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E então, o que acharam?

Não esqueçam a estrelinha 🤩🤩 

Rainhas de IlléaWhere stories live. Discover now