VI

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Pessoal, me desculpem mesmo pela demora de quase um mês, vocês não têm noção de como tô atolada de coisas para fazer kkkkkk. Esse capítulo foi bem difícil de escrever e eu, pessoalmente, achei ele curtinho e chatinho, mas muito importante pro resto da história. Eu sei que vcs querem mais interação, mas gente ahahsh quarentena, vamos com calma! 

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                - Certo, Gerard. Está tudo bem. Hoje vai ser um dia bom. – Digo, olhando-me no espelho e arrumando o meu casaco. Calafrios percorriam a minha espinha ao pensar na infinidade de possibilidades que poderiam acontecer naquele dia tão normal antes da pandemia, mas agora tão estranho... Sim, hoje eu retornaria ao trabalho.

Munido de máscaras, álcool em gel e hábitos completamente diferentes do que eu geralmente tinha.

Quer dizer, não é fácil ter que apertar o botão do elevador com as chaves ou evitar tocar em maçanetas. Porque a função delas é, exatamente, a de serem tocadas. E para Gerard Way, um natural avoado, como diria Frank, não era nada fácil ter que cuidar meticulosamente de cada ato meu, cada toque, cada ação.

E era difícil controlar o coração quando ouvia um espirro ou uma tosse no escritório.

Para resumir, meu processo criativo estava uma merda. Eu encarava os pequenos post-its com prazos e apertava minha bolinha de stress como se não houvesse amanhã, como se eu não soubesse que toda aquela atmosfera cinza e colossal não me traria um pingo de inspiração. Olho para os lados, vendo meus colegas submersos em suas funções, que provavelmente exigiam muito mais foco e menos devaneio do que a minha. Finalmente, decido fazer algo sobre isso e levanto-me, caminhando até a janela mais próxima e apoiando-me no peitoral dela. Observo as pequenas silhuetas se movendo rapidamente, preocupadas. A sensação de saber que ninguém caminhava ali por vontade, e sim por obrigação, fazia-me sentir péssimo.

Decido fazer algo que realmente pudesse me inspirar e desço para o térreo do prédio, observando tudo ao meu redor. Geralmente, observar as pessoas e seus trejeitos me trazia boas ideias. Não foi difícil notar que, mesmo com a flexibilização e baixa no número de mortes e casos, o medo permanecia ali. Permanecia nos olhares das pessoas e era nítido. Na palidez de uns, no enrijecimento de outros ao chegar perto demais de uma aglomeração. E, obviamente, essa tensão gerava redução nas compras de quase tudo, e aí entrava a principal função de meu trabalho: fazer as pessoas comprarem.

Mas como convencer as pessoas em momentos de crise sendo que eu mesmo não sentia vontade de fazer nada? Com certeza, esse era um dos maiores desafios profissionais da minha vida. Por um momento, minha mente aleatória imaginou uma realidade alternativa, na qual eu dava palestras como se fosse um sobrevivente do 11 de setembro.

Que viagem.

Voltando para minha escrivaninha depois de muito tempo, só então percebi que meu celular vibrava incessantemente. Um número desconhecido flutuava na tela do celular e, em outras situações, eu simplesmente ignoraria. Como estava em bloqueio criativo e não havia mais nada para fazer, atendi.

- Que merda é essa?! Eu achei que você fosse pelo menos um pouco consequente, Gerard. – Não precisei pedir o nome para saber a quem essa voz cheia de ódio pertencia. Agarrei a lateral da minha cadeira, arregalando os olhos pela surpresa por receber aquela ligação. Perguntei-me que merda era aquela; afinal, ele também não tinha a opção de não trabalhar. Ele parecia realmente nervoso e eu conseguia ouvir seu bufar do outro lado da linha.

- Frank, eu não tive escolh-

- Obviamente você teve, Gerard. Acho que se sua bunda ficou sem um pau durante alguns meses, poderia esperar até que o número de casos diminuísse.

quarantine • frerardWhere stories live. Discover now