cap:2 pág:4 não deveria ser assim...

274 28 9
                                    



Gina e Sirius finalmente estavam cara a cara. Nem um deles ousava desviar o olhar. Gina, por mais de todas inseguranças que tinha naquele momento, queria demonstrar coragem, mostrar que não tinha medo dele. Ao olhar para aqueles olhos a muito tempo não visto, queria desvendar seus pensamentos. Se questionava se naquele momento ela não parecia familiar para ele, ao mesmo tempo que a única coisa que queria era abraça-lo e dizer que sabia que ele, seu pai, não era o culpado. Gina sabia que era uma estranha para ele, e já era estranho ela saber seu apelido da adolescência, quem diria abraçá-lo.

Sirius, por sua vez, se sentia confuso. Como aquela garota sabia seu apelido? Como ela percebeu quem era ele? Estava na sua forma animaga. E por que ela lembrava tento a Lene, ao mesmo tempo que lembrava ele mesmo? Quem era aquela menininha que teve audácia de responder a altura? E nos olhos dela tinha algo tão familiar, tão... ele não saberia dizer. Como ela não temia a ele?

- Não tem medo de mim, garota?

- Por que deveria ter?

- Porque sou um assassino e comensal da morte.

- Você é? Humm, acho que você mente. Se é mesmo um comensal, me mostre sua marca negra. Vai lá, me mostre seu ante braço!

- Garota, eu não... - Sirius apenas deixou escapar o ar - O que faz aqui? Deveria estar dormindo.

- Então não tem a marca, né!? Ah, insônia, sabe... achei que minha árvore favorita em toda Hogwarts pudesse me trazer um pouco de paz, afinal, o que melhor que ar livre, não é? - fala ela, já indo sentar de baixo da árvore e pegando uma fruta para comer.

- Por que essa árvore?

- Não sei, me sinto bem aqui... Quer uma? - Gina estende o seu potinho com frutas para Sirius.

- Tem veneno nisso, não é? - Sirius se senta do lado dela - mas sim, eu quero uma.

- Ah claro, porque a única aluna de toda Hogwarts que não teme ao famoso Sirius Orin Black, o primeiro a fugir de Azkaban, aquele que matou 12 trouxas, quer muito mata-lo apenas por ter seu nome em todos os lugares - a ruivinha ri, e Sirius a acompanha.

- Agora sério... como e por que não tem medo de mim?

- Porque acredito em você. Não acho que você tenha matado os Potter. Nem faz sentido. James era um irmão para você. Não sei se eu morreria por qualquer amigo, mas pelos meus irmãos com toda certeza sim. Agora minha vez de perguntar, por que aceitou sentar com uma estranha que poderia te entregar?

- Sabe, garota, se acredita em mim não ia querer me ver em Azkaban, certo?

- É. Pelo visto o dom de ver o óbvio é de sangue, não é, PAI?!

- Você... não é possível! Eu vi nos jornais, Lene e Giovana morreram. Já tem 9 anos.

- Na verdade, não morremos. Eles só cansaram de procurar por Pedro, já que ele era um homem morto, do qual uma criança disse ter visto torturando sua mãe. Como não sabia quem era, e pra me proteger de um possível novo ataque, disseram que morri. Mudei de nome e os Weasley me adotaram. Remo seguiu me vendo por um bom tempo, mas a dois anos ele se afastou...

Os dois manteram o silêncio. Gina, por medo da reação de seu pai. E Sirius, tentava compreender a menina ruiva, que de fato lembrava muito a Lene, tanto quanto a ele mesmo, no jeito de falar ou na estranha calma em momentos que qualquer outra pessoa estaria surtando por fora, mas não, ambos estavam surtando apenas por dentro e mantendo a calma no exterior. Tudo que Sirius queria fazer naquele momento era abraça-la e saber tudo que aconteceu em todos aqueles anos que foi impedido de estar com ela, mas tudo que fez foi se transformar em cachorro novamente e sair o mais rápido possível. Precisava sair dali e pensar. Quanto mais se afastava de onde estava, mais rápido seus pensamentos vinham em sua mente e, junto com aquele mar nada calmo de pensamentos e sentimentos confusos, a raiva que sentia em seu peito aumentava. Como assim Pedro, além de entregar seus amigos, também tinha sumido com Lene e matado a chance da sua pequena ter uma vida minimamente normal. Por culpa daquele rato nojento sua filha não tinha nem mãe, nem pai.

Quando finalmente parou, se deitou embaixo de uma árvore e deixou pensar no quão covarde tinha sido naquela noite. Deveria ter abraçado Gina, que também devia estar pensando tantas coisas quanto ele. Poderia ter dito o quanto ele sentiu sua falta durante aqueles longos 13 anos, o quão se parecia com sua mãe... tanta coisa que ali caberia um "e se"... e naquele momento voltou a sua forma humana, deixando ser levado por suas lágrimas, que lavaram seu rosto. Só queria que tudo fosse diferente...

Gina e uma história a ser contadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora