Capítulo 42

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Diego. 

Hoje o dia estava favorável ao meu ver,  diferente dos outros dias, hoje eu estava com menos cabeça quente. Eram cinco da tarde e eu estava me arrumando para encontrar uns amigos, eu não era muito de sair dias de semana mas como eu estava querendo dar uma espairecida aceitei o convite da galera logo de primeira. Manuela ainda não havia chego ainda, não sabia onde ela estava e não estava nem ai. 

Sem tempo nenhum para pessoas que só pensam no próprio umbigo e ela era esse tipo de pessoa. 

Depois do final de semana nós não nos falamos mais, não rendi mais assunto já que ela estava total decidida e não enxergava que além de eu estar querendo ajudar, o filho também era meu. Se ela mesmo não enxergava o erro que estava cometendo, eu não era ninguém para fazê-la enxergar.

Sai de casa apagando as luzes e colocando no bolso da bermuda minha carteira e celular. Após chegar no subsolo destranquei o carro, entrei no mesmo e dei partida logo em seguida. A pista estava tranquila, era até de se estranhar a pista em pleno horário de pico e uma segunda-feira estar praticamente vazia. 

Cheguei uns cinco minutos depois no local que o pessoal havia marcado, estacionei o carro no outro lado da pista e o tranquei após sair do mesmo. Certifiquei de que não vinha carro dos dois lados da pista, atravessei a mesma e andei até o quiosque que o povo tinha marcado.

Esses quiosque era um dos melhores aqui em Copacabana, era diferente dos outros de todos os jeitos, digamos que era mais chique entre todos aqui e o que ficava mais movimentado. Entrei e logo avistei o povo sentados em uma mesa redonda que ficava perto da porta de entrada.

— Ora, ora, se não é o garanhão — Pablo se levantou pra me cumprimentar.

— E aí, viadinho — ri.

— Quanto tempo, que saudades de você — Helena me abraçou forte eu o retribui.

Falei com o resto do povo que estava na mesa e me sentei.

— Você não mudou nada, ainda continua sendo um cara de pouco riso —  Pâmela disse me olhando com os braços apoiado a mesa.

— Não gosto de exibir meus dentes invejáveis de branco, sabe né? — pisquei e nós rimos.

Pâmela era uma velha amiga, tinha sido um caso meu na época do ensino médio, depois que eu me mudei para São Paulo e ela para Brasília após a faculdade o contato não foi o mesmo então acabamos nos afastando. Foi uma surpresa a rever depois de tanto tempo e por incrível que parecia ela continuava a mesma coisa.

— Incrível como você ficou mais feio do que já era à três meses atrás, Diego — dei o dedo médio para Pablo que riu.

— Você ainda tem contato com o Gabriel, di? — disse sorridente — Nunca mais o vi.

— Sim — cocei a garganta — nos falamos sim — ri fraco.

Não prolongaram o assunto, rapidamente entramos em outro e eu dei graças a Deus por isso. A maior parte do tempo nós ficamos conversando sobre os encontros na Pub, fazia um bom tempo que eu não ia na mesma, depois do carnaval minha vida tinha virado uma tremenda loucura e os meus dias de diversão pareciam não existir mais.

— Diego sumiu, está com namoradinha agora? —  Sarah falou e serrou os olhos.

— No dia em que Diego se apaixonar acabou o mundo — Pâmela me olhou com um sorrisinho de lado.

— Estou trabalhando muito ultimamente — passei os dedos entre os cabelos e sorri.

Olhei rápido para Pâmela que me analisava, a mesma desviou o olhar na mesma hora e vi seu rosto corar. Voltei com a minha atenção para o pessoal que conversava e ria bastante falando sobre a Pub.

— Ô lugar para acontecer merda — me ajeitei na cadeira e ri.

— Diego estava em todas — Pablo apontou para mim.

— E você não né, seu filho da puta — dei o dedo médio.

— Eu sou um anjo, não frequento esses lugares — pôs a mão em baixo do queixo e sorriu após curvar a cabeça.

Olhei ao redor do quiosque que não estava tão cheio como de costume, meus olhos pararam no outro lado do mesmo e eu não acreditava no que eu estava vendo.

Era Manuela? Era ela com seu pai?

Fiquei minutos com os olhos parados nos dois, não cansava de me perguntar o que ela estava fazendo com seu pai e me recusava a pensar que mesmo depois de tudo, ela ainda se prestaria ao papel de pedir qualquer tipo de ajuda a ele. Meia hora depois os dois se levantaram e eu virei o rosto para o outro lado com o intuito de não me verem.

— Terra para Diego — Helena estalou os dedos na minha frente fazendo eu voltar a realidade.

— Estava olhando pra onde gay? — Pablo olhou rápido ao redor do quiosque — Quem é a gatinha?

— Idiota — ri — Não é ninguém — disfarcei.

Tentei não pensar em Manuela e não pensar nas possibilidades de coisas que ela poderia ter feito no encontro com seu pai enquanto estava com o pessoal. Eu tinha vindo para me distrair mas parecia que isso era impossível ultimamente.

Quando deu umas oito da noite resolvi ir embora, amanhã tinha reunião cedo e pra variar hoje ainda era uma segunda-feira. Me despedi de todos com um beijo no rosto e meti o pé, meu tempo já tinha dado.

Fui devagar pela pista, observando a orla e o mar enquanto dirigia e pensando em milhares de coisas. Cheguei em casa minutos depois, coloquei o carro em uma vaga qualquer no subsolo do prédio e entrei no elevador apertando o número do meu andar.

Tirei as chaves do bolso da bermuda logo abrindo a porta, Manuela estava sentada de pijama no sofá assistindo televisão e me olhou rápido quando percebeu minha presença. Joguei as chaves no balcão junto com a carteira e celular, tomei um copo d'água e o lavei.

— E aí, foi legal o encontro com o papai hoje? — encosta no balcão dei um sorriso debochado enquanto mexia no celular.

— Você estava me seguindo? — me olhou com uma sobrancelha arqueada.

— Diz como se eu me importasse muito com você e fosse perder meu tempo te seguindo — a olhei.

— Se você veio tentar me tirar do sério, lamento — piscou — estou em uma paz inabalável — suspirou.

— Pelo menos assim você não coloca a vida do meu filho em risco — forcei um sorriso.

— Qual é a sua, Diego? — se levantou — Está com raiva de mim por que não consegue escutar a verdade?

— A verdade? — gargalhei — A sua verdade, né, Manuela? — apontei para a mesma.

— É a verdade, Diego — se aproximou — Você só vê o seu lado, não vê o meu, você não me entende, não entende que eu tenho que viver isso sozinha — disse alterada — Eu e meu filho.

— Eu entendi tanto o seu lado que eu te apoiei quando você estava sozinha. Eu te acolhi, Manuela, acolhi você por que esperava um filho meu e acolhi você porque não poderia deixa-lá sozinha nesse caos, não sabendo que também tinha uma parcela de culpa nisso — disse eufórico e ela se assustou.

— É por isso que não dá pra vivermos juntos, mesmo que seja só pelo bebê — balançou a cabeça negativamente — Eu encontrei meu pai hoje sim, Diego. E foi pra assinar o contrato da casa. Eu sei que o filho não é só meu, que meu pensamento pode estar sendo egoísta mas vai ser só eu e ele, nada a mais que isso.

— É...— desviei o olhar e ri fraco — só não esquece que essa decisão é melhor só pra você e não pra ele.

Fui para meu quarto antes que a mesma falasse algo e tranquei a porta, não acreditava no que eu tinha visto e no que eu tinha acabado de escutar. Manuela só pensava em si próprio e pra ser sincero, isso não me surpreendia.

Tomei uma ducha demorada, sai do banho com uma toalha enrolada na cintura e escovei meus dentes antes de deixar o banheiro. Vesti apenas uma cueca preta da Calvin Klein, me joguei na cama e adormeci em segundos.











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