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Estávamos duas horas na estrada e parecia a eternidade e eu não aguentava mais.

— Não chega nunca! — reclamei me ajeitando no banco.

— Falou a pessoa que só dormiu até agora...— riu.

— Está reparando bem, né?— arqueei a sobrancelha.

— Na verdade você ronca mesmo — rolei pa olhos. Imbecil!

— Eu não ronco, sai dessa!

— Sabia que era para ter gravado — soltei um sorriso fraco.

Eram seis horas da noite e dito por Diego a gente estava na metade do caminho tinha chego a conclusão que Angra ficava nos quinto dos inferno. Os meninos estavam bem a frente da gente, pegamos um engarrafamento e acabou que nos perdemos um do outro.

— Você está com fome? — perguntou atento a estrada.

— Quando que eu não estou?

Diego parou na primeira loja de conveniência que viu, saímos do carro e entramos na mesma. Estranhei ele não estar sendo tão insuportável como sempre é, será que é agora que ele colocava veneno no meu lanche e jogava meu corpo no mato? Suspeito...

Eu escolhi uma coxinha com uma lata de coca e Diego um croissant de frango com um suco de laranja. "Certinho" até para comer, Deus me livre!

— Deixa que eu pago o meu — tirei uma nota de cinquenta do bolso do short.

— Eu pago aqui — tirou o cartão da carteira e entregou para o caixa.

Sentei em uma mesa que ficava do lado de uma parede toda de vidro, observava os carros passando na estrada e alguns que paravam no posto para abastecer já que o loja ficava em frente ao mesmo. Diego chegou junto com uma menina que estava com os lanches, ela os colocou na mesa gentilmente.

— Obrigado! — se sentou.

A menina só faltava comer ele com olhos, coitada, mal sabia o mala que ele era. Comecei a comer meu lanche tranquilamente mexendo no telefone e ouvi uma risada.

— O que é? — olhei para Diego que ria enquanto mastigava.

Estava na torcida para ele se engasgar.

— Você é engraçada, diz que me odeia e tá sentada lanchando comigo — mordeu seu salgado.

— Você acha mesmo que eu vou recusar comida só por causa do ódio que eu sinto por você? — ri — Não me conhece mesmo.

— Não sei porque me odeia, logo eu, um menino tão gente boa e um amor — se fez e rolei os olhos.

Não sei onde ele queria chegar com essa conversa mas cortei antes de seja lá onde ela iria chegar. Nós terminamos de comer em silêncio e voltamos a estrada.

E lá se iriam mais não sei quantas horas com o rabo sentado. Eu estava saturada e minha bunda pedindo socorro.

[...]


Chegamos no hotel por volta das oito horas da noite e eu dei graças a deus. Durante o caminho eu e Diego até trocamos algumas palavras mas foram curtas e rápidas. Nunca nos demos bem e não seria agora que nós iríamos dar. Os meninos tinham chego uma hora antes que nós, quando dissemos que tínhamos parado pra comer indagaram por nós não termos matado um ao outro. Eles achavam que éramos o que? Loucos?

O hotel era lindo e bem luxuoso, Gabriel havia escolhido bem. Ele tinha tudo que se podia imaginar e eu não via a hora de aproveitar cada coisa aqui. Eu estava encantada, ele ficava de frente para o mar e pelo o Hotel ser de vidro e madeira, dava para ver o céu estrelado e as ondas quebrando na areia da praia de qualquer canto daqui. Fizemos o check in e pegamos as chaves dos quartos. A divisão estava assim: Eu sozinha em um quarto, Diego no outro e Gabriel, Alex e Victor juntos.

Entrei toda atrapalhada no elevador e o embuste nem para me ajudar com as malas. Andamos pelo corredor procurando o número dos quartos e o azar era tão grande que meu quarto era de frente com o quarto de Diego.
A ideia disso tudo ser um karma passou a ser possível na minha cabeça.

Entramos em respectivos quartos e meu queixo caiu quando entrei no meu, ele era enorme, tinha uma sacada maravilhosa que dava pra ver a parte de trás do hotel, onde tinha as piscinas e a uma das áreas de lazer. O banheiro era imenso e eu estava mais apaixonada no espelho que tinha em uma parede toda do que no banheiro em si. Coloquei uma das malas num canto e tirei algumas coisas da outra para colocar no armário. Quando acabei de ajeitar tudo, coloquei um casaco já que iria descer e estava frio. Prendi meu cabelo em um coque e peguei meu telefone.

O hotel não estava muito movimentado, não sei se as pessoas já estavam dormindo por causa do horário ou se estavam passeando por Angra ou outros lugares. Os meninos estavam em umas das áreas de lazer, sentados no sofá tipo rattan bebendo, como sempre.

— Vocês não param nunca, incrível! — sentei — Um frio desse e vocês bebendo, tenho pena do fígado de vocês.

— Quem bebe morre, quem não bebe também morre. Então vamos beber — Alex bebericou sua cerveja.

Gargalhei alto, isso era claramente uma desculpa de um cachaceiro pra poder encher a cara quase todo dia sem ter peso na consciência.

— Vocês vão virar alcoólatras!— me encolhi por causa do frio.

— Eu só bebo mesmo pra ver se eu tenho alergia ao álcool — Victor disse e todos nós rimos — E aparentemente não tenho mas sigo bebendo, né. Vai que...

Quando você acha que não pode piorar, vem outro falando uma coisa dessa.

— Também faço isso — Gabriel bebericou sua cerveja — Já faz três anos que testei e deu que não tinha mas continuo bebendo né, vai saber.

As desculpas para encher a cara eram umas mais horríveis que a outra. Diego chegou e se juntou a nós, que estávamos conversando sobre as possíveis coisas que iríamos fazer nessa uma semana que ficaríamos aqui.

— Esquece sauna! — Gabriel balançou a cabeça negativamente — Qual é a graça de ficar pegando bafo quente no corpo?

— É relaxante.

— Isso é relaxante — levou a mão que segurava sua cerveja — Não um lugar cheio de fumaça, vou me sentir um frango assado.

— Não sabia que no forno tinha fumaça — Diego fez cara de confuso.

— Você entendeu — deu língua.

— Manuela só tem ideia ruim, próximo — Alex ordenou e eu dei o dedo médio pra ele fazendo o mesmo rir e mandar um beijo no ar.

— Primeiro que o que ela fala nem é considerável, ela é café com leite esqueceram? — Diego falou e todos riram.

Uma vez insuportável, sempre insuportável.

— Poxa, mais um pouquinho eu ria — forcei um sorriso.

— Cansativos! — Gabriel bufou.

— Vamos fazer trilha — Diego sugeriu e todo mundo fez cara de nojo — Vocês são tão preguiçosos.

— Desculpas ai, trilheiro — disse.

— Quase uma Dora aventureira — Diego deu o dedo médio para Alex que se acabava de rir.

— Cala a boca Diego, uma semana podendo fazer coisas que exigem um total de zero esforço e você querendo fazer trilha — Victor disse irritado — Vai sozinho!

— Sedentário do caralho.

Ficamos meia hora compartilhando ideias e discutindo sobre todas porque todas eram ruins, no final acabamos não escolhendo nada.

Lá para as duas da manhã nós subimos, o dia seguinte iria ser longo e iríamos precisar de energia. Me despedi dos meninos e entrei no meu quarto, tomei um banho e coloquei meu blusão com um shortinho.

Deitei e fiquei mexendo no celular respondendo algumas mensagens uma delas era de Lya e do meu pai perguntando se eu havia chego bem. Respondi os mesmo e bloqueei a tela para ir dormir.

Eu estava exausta.

NÓS Where stories live. Discover now