- Você está bem? - o menino ajoelha-se ao seu lado.
- Estou - Ele arfa, grunhindo de dor ao tentar mover o pé. - Acho que torceu, mas não se preocupe, vá pegá-lo.
O mais velho falava com dificuldade, sentindo seu corpo cada vez mais frio e pesado. Ele toma a lanterna que havia deixado cair e entrega nas mãos de Harry, segurando firmemente seus ombros e o encarando, enquanto dizia:
- Salve nossa Skye, eu confio em você.
Com um sorriso fraco, ele deixa que Harry parta, correndo pela vida daquela que deveria ser protegida, não importa o quê.
O menino movia-se o mais rápido possível, sem se importar com os galhos secos das arvores que, vez ou outra, atingiam seu rosto deixando pequenos cortes. Não era o momento certo para se incomodar com a própria dor, ou com as pernas quase dormentes. Ele apenas continuava correndo.
- J-James! - Ele grita, quase sem fôlego. - Pare! - Sua respiração era pesada e forçada.
- Volte casa, Harry! - Ao longe, o eco trazia a voz do irmão e o choro baixo de Skye.
Ao perceber que quem a carregava não era, de fato, Harry, a menina torna-se inquieta, tantando se desvencilhar dos braços do mais velho ela tenta escorregar.
- Fique quieta! - James esbraveja, segurando-a mais firme.
- Eu quero ir para casa! - Skye se debatia, empurrando o rosto de James e chutando seu tronco. - Me solta!
Cogitando qual seria a maneira mais prática de agir neste momento, James olha para a frente conseguindo, finalmente, enxergar o tão desejado lago.
Um sorriso obscuro surge em seus lábios.
- Isso! - Ele gargalha.
Ele diminui o passo ao chegar em uma parte onde a neve estava fina, precisando andar devagar para não cair. Vendo a oportunidade perfeita, Skye morde seu ombro, fazendo-o soltá-la bruscamente e gritar de dor. A menina escorregada, deslizando pelo gelo em direção à quina de uma pedra, na qual sua cabeça bate, fazendo o líquido carmesim escorrer e manchara neve branca.
Harry avança sobre James, fazendo com, devido ao peso dos corpos combinados, os dois caiam, rolando sobre o chão gelado
Os garotos iniciam uma luta corporal. Rolando e ficando sobre Harry, encaixando suas pernas ao lado do corpo do irmão, James desfere socos do rosto do outro, que desvia algumas vezes, tentando imobilizá-lo.
- James! - Harry grita, ao sentir o rosti ser atingido por um golpe. - Para! - Ele segura as mãos do irmãos, prendendo seus pulsos.
Jogando James para o lado, Harry consegue ficar por cima, pressionando as mãos do irmão no chão, vendo-o se debater cada vez mais bruscamente.
- Sai! - James sacode a cabeça, batendo com os pés no chão, chutando a neve, uma vez que suas pernas não poderiam se mexer, por causa do peso de Harry.
- Você não precisa machucar ninguém, James, por que está fazendo isso?! - as lágrimas já molhavam seu rosto, fazendo o caminho sobre suas bochechas e pingando sobreo irmão, logo a baixo.
- A culpa é toda sua, Harry! Porque você não pôde me escolher?!
O local é preenchido por luzes e vozes, quando um grupo de policiais surge. Eles tiram Harry de cima de James e uma equipe de para-médicos vai até Skye, colocando-a em uma maca.
Para Harry, tudo parecia um sonho. Um sonho profundo e assustador, do qual ele queria desesperadamente acordar. Mas todas aquelas pessoas fardadas, as luzes, o som das sirenes ao longe, o sangue sobre o chão e a dor de ver seu irmão se debatar enquanto tentava ser acalmado por um policial - tudo isso - denunciava que nada foi um sonho. Absolutamente tudo era real. Uma realidade cruel.
Então, ele apenas fechou os olhos, enquanto sentia os sons cada vez mais abafados e distantes.
(...)
- Harry, você não precisa fazer isso. - A luz do Sol invadia a sala, refletindo nas cortinas alvas e iluminando o interior.
Harry estava sentado no sofá. Ele tinha um curativo ao lado da boca e uma mancha roxa abaixo do olho esquerdo.
Robert estava sendo ao seu lado, com o pé engessado pousado na mesinha de centro. Roselee se encontrava de pé, observando.
- Você não deve pagar pelo erro do James. Sabe disso, não é?
- Como eu poderia... - a voz do garoto saiu rouca e baixa. Há muitos dias ele não falava sequer uma palavra.
Ele pigarreia, antes de continuar.
- Como eu poderia continuar vivendo aqui, com vocês? Por causa do meu irmão Skye está no hospital.
- Mas você não fez nada de errado! - Robert interrompe.
- Eu fiz sim... - Harry encara o tapete, brincando com as dedos sobre seu colo. - Eu transformei James nessa pessoas. Se eu tivesse sido mais atencioso, isso não teria acontecido.
Uma lágrima discreta escapa, caindo sobre a calça de tecido escuro que ele usava. Enchendo os pulmões de ar, Harry fica de pé.
Seus cabelos molhados estava bem penteados. Ele usava tênis brancos e uma camisa social, um pouco comprida demais para sua estatura.
- Eu não posso cometer o mesmo erro outra vez. - Ele esconde as mãos nos bolsos da calça, encolhendo os ombros. - Não posso deixar neu irmão sozinho outra vez.
- Você quer realmente isso? - Pela primeira vez, Roselee se pronuncia. Ela tinha os olhos vermelhos e fundos, devido a todas as noites que passou em claro, no hospital com a filha. Seus cabelos estavam presos e com um lenço ela cobria a boca.
- Sim, eu quero que vocês me mandem para o orfanato com James.
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Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]
Mystery / Thriller"Abrir a porta" esse é um ato comum que exercemos todos os dias. Pode ser a porta do seu quarto, do elevador ou até mesmo do armário, abrimos ao menos uma porta diariamente. Mas e se esse simples ato, pudesse mudar tudo na sua vida? Se ao abrir a po...
77 - The Blame Is On Me.
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