Capítulo 4 | Minha alma

Start from the beginning
                                    

Passei em casa para trocar de roupa, peguei o carro e dirigi como uma louca até o SPA

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Passei em casa para trocar de roupa, peguei o carro e dirigi como uma louca até o SPA. Primeiro ela pede para salvá-la desse casamento e depois foge? E aí, para completar, paga sozinha pelo quarto como se estivesse pagando por sexo. Um sentimento amargo tomou conta de mim, me fazendo ficar mal e quase desistir. Mas ainda não era hora.

Estacionei e respirei bem fundo umas quantas vezes para me acalmar. Helena tinha me contado na noite anterior que nenhuma das damas se arrumariam com ela, que tinha pedido para ficar sozinha. Contava com isso quando entrei no SPA. A recepcionista me indicou a sala onde ela estava se arrumando, assim que identifiquei como a prima da noiva.

Bati na porta e entrei, o sorriso mais calmo do mundo no meu rosto. Os olhos de Helena se arregalaram quando me viu pelo reflexo do espelho na penteadeira. Me dirigi a cabeleireira. 

— Boa tarde. Eu sou a Carmem Prado, a prima da Lena. Preciso conversar com ela sobre um barraco que aconteceu com nossas tias — disse, com a voz baixinha como se contasse um segredo. — Lena, vamos precisar alterar uns lugares e preciso da sua ajuda.

Olhei para a cabeleireira, que agora tinha os olhos brilhantes pela fofoca. Helena tinha a mesma expressão de quando entrei, meio surpresa e meio assustada. 

— Será que pode nos deixar sozinhas? Prometo que não vou demorar. 

— Claro que sim — a moça largou tudo como estava e saiu da sala, fechando a porta.

Helena ainda me olhava pelo reflexo do espelho. Sério que ela acreditava que escaparia de fininho e não conversaríamos sobre isso? Faça-me rir.

— Bom dia para você também, Helena. Você está ótima, nem parece alguém que abandonou uma pessoa nua e sozinha em uma cama de hotel.

— Carol, veja bem... — ela virou para mim e calou-se quando viu a fúria em meus olhos.

— Vejo o quanto você quiser. Apesar de ontem ter visto o bastante — disse, com a voz o mais calma que consegui. 

Caminhei até uma poltrona e sentei calmamente, cruzando as pernas e a encarando pacientemente. Foram precisos uns cinco minutos de um silêncio constrangedor para ela começasse a falar.

— Me desculpe.

Apenas acenei com a cabeça, incentivando-a a continuar. Precisava ouvir um pouco mais do que duas palavras.

— Fui uma idiota saindo sem avisar você. Mas precisava me arrumar porque hoje é meu casamento — as duas últimas palavras foram ditas em tom de voz mais baixo, quase uma lamentação. 

— Então o que você me falou ontem foi besteira?

— Sim! Não!

— Foi uma pergunta de sim ou não — respondi sarcástica.

Ela suspirou e cobriu os olhos com as mãos.

— Carol, você desperta em mim sentimentos que eu tento esconder a todo custo. Você conhece minha família, sabe que nunca poderia largar meu casamento para viver com uma mulher. Eles morreriam.

No fundo da minha almaWhere stories live. Discover now