Capítulo 1 | De volta ao lar

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C: migo, está em casa?

M: claro, new americana, ainda é quinta kkkk chamada mais tarde para matar a saudade?

Eu levava anos para responder, mas Marco nunca me decepcionava, era instantâneo.

C: que tal você só abrir a porta de casa?

O grito que ele deu com certeza foi ouvido no Japão, mas não importava. Estava morrendo de saudade. Ele abriu a porta, de roupão, e correu para mim com os braços esticados. Prevendo um estrago, gritei: 

— Cuidado com a pizza!

Mas isso e nada deu na mesma, porque no instante seguinte seus braços me envolveram. 

— Bem-vinda de volta ao lar! — disse ele, feliz.

Eu realmente me sentia em casa.

— Você não me disse que Lena se casaria — eu soltei sem pensar, enquanto estávamos comendo pizza no meu quarto

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— Você não me disse que Lena se casaria — eu soltei sem pensar, enquanto estávamos comendo pizza no meu quarto.

— Você não me disse que ainda estava interessada — respondeu Marco, me olhando com a sobrancelha direita erguida.

Touché — e apontei para ele, ainda segurando uma fatia da pizza.

Eu não estava interessada. Pelo menos, não deveria mais. Nunca mais. 

Mas minha mente é traiçoeira e esse assunto estava ali, preso. Marco, pacientemente, esperou uma resposta mais completa que sabia que viria.

— Não sei, migo. Quando dona Luíza trouxe esse assunto, confesso que fiquei...

E pausei, procurando a palavra certa para me descrever.

— Curiosa? — sugeriu.

—Não... É... — nada veio ainda.

— Abalada? Furiosa?

— Não e não — ri, quase engasgando com a pizza. — Acho que mexida.

— Ah, não, Caroline! De todas as palavras do mundo, você foi escolher "mexida"? Decepcionado — concluiu Marco, rolando os olhos pra mim.

— Sério, não sei palavra melhor. Mas realmente algo dentro de mim... despertou.

— Coloca essa parte "mexida" pra dormir, Carol. Você nem se invente de correr atrás dela de novo! — advertiu.

Eu sabia que ele estava correto. Ele sempre estava correto, era a parte sensata de nós dois.

— Não penso em fazer isso, Marco, não penso em acordar antigas feridas.

— Ótimo, assim espero — e apontou para mim, com o dedo em riste como se me dando bronca. Eu estava levando uma bronca mesmo.

— A nossa história terminou de um jeito muito estranho... como se faltasse algum capítulo nela — divaguei baixinho, procurando um pedaço de cebola que eu sabia ter se infiltrado na minha parte da pizza.

— Tudo na vida tem um final, Carol, e vocês já tiveram a cota de drama de uma vida — errado ele não estava.

Assenti, perdida em pensamentos enquanto pegava a mão de Marco por cima dos pratos de pizza.

— Senti sua falta — desabafei.

Marco apertou minha mão, em um gesto que dizia que ele também se sentiu assim. Ficamos ali, parados, encarando a lua pela janela do meu quarto e comendo pizza silenciosamente. O tipo de silêncio confortável.

— Quer fechar seu ciclo, Carol? — perguntou, de repente.

— O que você quer dizer?

Ele tinha aquele olhar de quem estava planejando algo... Já sabia que vinha coisa.

— Amanhã é a festa de noivado da Helena, na casa dos pais do Fernando. Eu, claro, sou convidado de honra.

— Certo — disse, aguardando pela bomba.

Todo tipo de plano maligno passou pela minha cabeça, bolo voando, cadeiras quebradas, explosões.

— Vamos encerrar sua história, Carol. Nada melhor do que você ver a Helena com o noivo para enterrar de vez essa fagulha que surgiu.

Não era o que eu esperava, mas ainda assim soava como uma péssima ideia.

No fundo da minha almaWhere stories live. Discover now