15. i don't wanna miss a thing

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JOALIN

Eu despertei por causa da luz de manhã que entrava pela janela do quarto. Demorei alguns segundos para me familiarizar, e entender que eu tava no quarto de Noah, em sua casa antiga. Era estranho ver aquele tanto de pôsteres e adesivos e decorações de novo, e ainda mais percebendo que nada mudou, mesmo depois de tantos anos. Eu sentia a respiração dele bem profunda ao meu lado e me virei para sua direção, deixando meu rosto praticamente grudado no dele. Eu amava observar todos os seus detalhes, principalmente quando ele tava dormindo assim, com todos os músculos bem relaxados, a boca entreaberta e o cabelo todo bagunçado. Suas pequenas pintinhas no queixo e no canto do seu rosto se destacavam junto com as breves tentativas de crescer um bigode ou qualquer tipo de barba, e uma minúscula pluminha repousava na ponta dos seus cílios. Eu estiquei o braço pra tirá-la, tentando com muito esforço não acordá-lo. Assim que toquei seus cílios ele se mexeu, dando um longo suspiro e sorrindo.

- Bom dia. - ele sussurrava ainda de olho fechado, chegando um pouquinho mais perto de mim até que a ponta dos nossos narizes se tocavam.

- Bom dia. - eu sorri, fechando o olho também e respirando junto com ele.

- Que horas são? - ele murmurava com sua típica voz sonolenta das primeiras horas do dia.

- Não faço ideia. - eu respondi enquanto nossos pés se entrelaçavam. Suas mãos puxavam as minhas até o seu peito, e sua respiração invadia a minha, havendo absolutamente quase nenhuma distância entre nós dois. E essa era a melhor sensação do mundo, o melhor lugar que eu poderia estar.

- Joalin.

- Hmm?

- Você conversou enquanto dormia. - ele dizia sorrindo, e eu abri os olhos para encará-lo.

- Mentira!

- É sério! Eu juro! - ele ria. - Você falou alguma coisa totalmente sem sentido, e depois disse algo como "ok, Heyoon".

- O quê?? - eu ri junto. - Você tá inventando.

- É sério!!! Eu to falando sério! Eu pensei até em te perguntar o que tava acontecendo, mas seu sono é mais profundo que um buraco negro!! - ele me fez rir mais ainda, e seu sorriso me fazia tão tão, mas tão feliz. Eu não queria sair dali nunca.

- Ok, eu acredito em você. Isso só pode ser saudade da Heyoon.

- Com certeza. Eu sinto falta dela também. E do Sam. E dos meninos.

- É... Eu também. Como será que eles estão?

- Provavelmente não estão agarradinhos assim numa cama que nem a gente tá agora. Ou seja, somos pessoas de sorte. - ele sorria, olhando no fundo dos meus olhos que nem ele fazia tão bem.

- Uhum. - eu dei um beijo no canto do seu rosto, me encaixando tão bem com o seu corpo. Nós ouvimos uma sequência de barulhos na cozinha, seguidos das vozes dos seus pais e sua irmã.

- Se a gente não descer logo eles vão comer todos os pães. É sério, eles não vão deixar nada pra gente.

- E eu to faminta! - eu disse me espreguiçando e me levantando da cama, sendo seguida por ele enquanto saímos do quarto e descemos as escadas até encontrá-los na cozinha. Linsey tava parada em frente ao fogão, empilhando uma exagerada quantidade de panquecas enquanto seus pais esperavam sentados na mesa.

- Eu disse, papai. - Linsey dizia orgulhosa. - Eles não iam deixar a gente comer tudo tão fácil assim.

- Claro que não. - Noah se sentou ao lado de sua mãe e eu puxei minha cadeira logo na ponta da mesa. Fiquei por breves segundos só os observando, tentando capturar cada pequeno detalhe sobre os Urrea. Seu pai era bem calmo, não parecia ter pressa pra nada, ainda mais durante seu processo de medir o nível de açúcar da sua xícara de café. Sua mãe era muito sorridente ao mesmo tempo em que seu olhar se perdia em algum ponto bem distante e ela mergulhava num devaneio, provavelmente ainda acordando seu corpo por completo. Linsey parecia um girassol. A luz do dia parecia acendê-la de certa forma. Era como se ela tivesse luz própria, como se conseguisse carregar o mundo inteiro no sorriso. Além de viver tão bem o papel de irmã mais velha, ela também me lembrava infância, como se uma parte sua nunca quisesse crescer. Isso era admirável. E Noah era... Noah. Mesmo que por todos esses anos eu tentasse decorar cada pedacinho seu, algo sempre parecia novidade pra mim. Algum fiapo do seu cabelo sempre surgia num lugar que caísse diferente no seu rosto, algum movimento que ele fazia sempre parecia uma nova descoberta. Ele nunca me deixava cair na mesmice, como se desvendá-lo fosse a cada dia uma nova aventura pra mim.

Ready for Love | NoalinWhere stories live. Discover now