1. friday i'm in love

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NOAH

- CORRE NOAH! - Josh gritava enquanto passava correndo por mim. Nossos pés pisavam na grama recém molhada pela chuva, esparramando terra pelas pequenas poças formadas pelo quintal.

- 11... 12... 13... - Joalin contava virada pra parede da varanda, e eu precisava encontrar um lugar pra me esconder. Ela era muito boa nesse jogo, muito melhor que nós dois. Na garagem? Não... Muito obvio. Atrás dessa árvore? Muito fácil.

Fui até o canto direito da casa, bem perto de onde ela contava. Tão perto que ela provavelmente tava me ouvindo. Tão perto que eu conseguia reparar no jeito que seu cabelo tava preso pra cima com várias presilhas coloridas penduradas e no tanto que seu moletom era antigo por causa das bordas bem desgastadas. Me agachei atrás de um arbusto, e assim que ela terminou de contar, esperei até que seus passos se afastassem. Ela tava em total silêncio, então provavelmente foi na outra direção. Fui me levantando e dando passos bem lentos e cuidadosos até ver a varanda vazia. Assim que cheguei na direção da escadinha pra bater meu nome ela surgiu correndo atrás de mim em um susto, e nós competimos o degrau até que caímos os dois no chão. Não deu nem tempo de sentir o barro porque ela tentava se levantar pra bater meu nome. Ela não ligava pra sujeira, e isso me fazia rir bastante. Eu não deixaria ela ganhar assim tão fácil.

- NÃO!!! - eu gritava enquanto nós dois nos levantamos, lutando pra conseguir chegar até a parede. Ela me empurrava, puxava minha blusa, e agora tentava subir em meus ombros.

- NÃO MESMO. - ela me nocauteou depois de grande insistência, me empurrando pra trás e me derrubando de volta na grama. Ela me olhava enquanto sua mão alcançava a parede e sorria bem ofegante. - 1, 2, 3 NOAH. HÁ!!!

Ela comemorou rapidamente e logo foi procurar Josh. Eu continuei deitado na grama, vendo ela sair e deixar com o vento o cheiro do seu cabelo recentemente lavado. Por que é que eu sempre reparava em tantos detalhes seus?

- Sim, mãe. Tá tudo ótimo. - eu ouvia sua voz vinda da sala e ecoando pelo corredor. Do nada despertei e depois de alguns segundos percebi que aquilo era um sonho. Ou uma memória. E nós tínhamos 8 anos de novo... - Eu também sinto sua falta. Ok. Te amo.

Um pequeno silêncio surgiu até que ouvi seus passos se aproximando. Ela parou na porta do quarto e meu coração acelerou instantemente. Eu nunca me acostumaria com isso. Ela sorria, usando minha blusa preferida dos Beatles e o cabelo todo desarrumado.

- Bom dia, raio de sol. - ela cantarolava toda alegre. Eu me ergui na cama, ainda deitado e me apoiando pelos cotovelos. Ela veio até mim, se abaixando até seu rosto ficar a milímetros de distância do meu. - Eu preciso muito comer um donut agora.

- Ah... Achei que precisava de outra coisa.

- O quê? - ela sussurrava enquanto sorria, o que era praticamente impossível de resistir. Antes da sua boca tocar a minha eu a puxei até a cama e ela se deitou ao meu lado, dando altas risadas enquanto eu fazia cócegas na sua barriga. Eu rolei pra cima do seu corpo, cortando qualquer distância que houvesse entre nós dois.

- Bom dia. - eu disse sorrindo.

- Oi. - ela olhava no fundo dos meus olhos.

- Eu sei onde vamos achar o melhor donut de Washington. Na verdade, o melhor donut do estado.

- E porque você tá me falando isso só hoje?? - ela ria, me dando um beijo antes mesmo que eu pudesse responder. Nós ficamos enrolando na cama por mais alguns minutos até que finalmente trocamos de roupa para sairmos. Fazia sol, mas o outono ainda trazia muito frio pra cidade. Em poucos minutos já estávamos andando pelas ruas do bairro, e mesmo estando aqui comigo há alguns meses, ela ainda se encantava com diversos pequenos detalhes no caminho. Seu braço se entrelaçava com o meu enquanto ela apontava para as grandes árvores que perdiam suas folhas, ou para as pequenas lojinhas de instrumentos antigos que predominavam por aqui.

Ready for Love | NoalinWhere stories live. Discover now