10. hold on

382 35 16
                                    

NOAH

Sofya foi a primeira a receber alta, logo no dia seguinte. Assim que seu irmão chegou no hospital e se juntou a nós todos bem sonolentos e cansados, uma enfermeira o chamou para assinar a sua autorização de saída. Eles voltaram para Nova York na parte da tarde, e aquilo foi de alguma forma, combustível para nós que ainda esperávamos. Samuel tentava à todo custo entrar em contato com a família de Heyoon, mas eles estavam praticamente incomunicáveis. Ele lembrava poucos detalhes de uma viagem que ela havia mencionado alguns dias atrás, o que provavelmente significava que eles não atenderiam o telefone residencial tão cedo.

A noite se aproximou e demoraram algumas horas até recebermos notícias boas. Sabina e Heyoon estavam em processo de alta, esperando apenas a reação de alguns medicamentos estabilizarem. Samuel tremia a perna pra cima e pra baixo em ansiedade ao meu lado, o que despertava certo nervosismo em mim. Assim que Sabina foi liberada, Pepe retornou com ela para Nova York, e seus pais continuaram esperando por Bailey.

O nosso esquema de trocas e intervalos já tava bem esquematizado. O café da manhã era comprado nas máquinas do hospital, mas no almoço fomos em grupos de três até uma lanchonete próxima dali, e na volta cada grupo trazia algum lanche ou petisco para cobrir a fome da parte da tarde. O jantar seguia esse mesmo esquema, mas com certa pressa à mais pois a maioria dos quadros críticos de hospitais tendem a se agravar durante a madrugada, e eu nunca entendi a razão disso. Johanna dormiu em um hotel bem próximo, pois não era nem um pouco recomendável ela passar dias esperando em um sofá estando grávida. E na manhã seguinte ela chegou bem cedinho, nos despertando com cafés e donuts.

Heyoon finalmente recebeu alta, e os olhos de Samuel mergulharam em lágrimas assim que ele assinou os papéis. Os dois voltariam pra Washington nessa tarde, e Heyoon queria esperar a recuperação de Joalin e Bailey com a gente, mas Samuel conseguiu convencê-la de ir embora depois do almoço. Isso só me dava mais e mais esperanças.

No fim da tarde nós recebemos a notícia de que Bailey foi transferido para um quarto especial para sua recuperação, que seria rápida. Ele já estava consciente, e era uma questão de horas para que fosse liberado. Joalin foi movida para um quarto maior de internação em observação, e desde sua última cirurgia ela tava em coma induzido. Isso me assustou bastante, mas significava que a qualquer momento ela poderia acordar e finalmente receber alta.

- São dois acompanhantes por quarto. E o máximo de dois visitantes por vez. - a enfermeira explicava nos entregando os crachás necessários para as permissões. Johanna e Bobby entraram primeiro, junto com os pais de Bailey. Meu nervosismo só aumentava, e parecia que agora o tempo era cada vez mais preocupante e crítico.

Nós esperamos mais um pouco na recepção até que uma enfermeira chamou por mim e Josh. Ela nos entregou o crachá de visitante e foi nos guiando entre corredores movimentados e quietos, com os bipes das máquinas se destacando sobre o silêncio. Josh de repente segurou minha mão, quando eu percebi que a dele também suava tanto quanto a minha. Nós finalmente chegamos no corredor das internações e assim que paramos na frente da porta com o nome dela, o meu coração parou. A enfermeira a abriu e Josh entrou primeiro, indo logo na direção da enorme cama rodeada de monitores, telas, tanques de oxigênio e fios passando por toda parte. Eu não consegui me mexer, e o corpo de Josh se curvava por cima de Joalin, me possibilitando de enxergar apenas as suas pernas. Eu senti minha pressão despencar ao perceber os arames e ferros saindo de toda a extensão da sua perna direita. Minha garganta deu um nó.

No sofá do canto, Bobby abraçava Johanna que parecia um pouco desorientada com tudo aquilo. Josh se levantou chorando e veio até a porta, saindo do quarto e respirando bem fundo com as mãos na nuca. Eu não tava preparado pra isso.

Ready for Love | NoalinWhere stories live. Discover now