9. out of reach

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NOAH

O tempo parecia mais lento do que nunca antes. Meu estômago se embrulhava quando eu percebi que faziam mais de 8 horas desde a última coisa que comi. Mas isso não importava agora. Eu e Samuel desviávamos de qualquer pessoa que surgisse na nossa frente, trombando em malas e mochilas enormes pelo caminho. Assim que saímos do aeroporto de Lockport, a cidade do hospital onde eles estavam internados, entramos no primeiro táxi que encontramos e em segundos ele já tava quase lá. Meu coração tava quase saindo pela boca. Eu e Samuel não conseguimos falar nenhuma palavra um com o outro, até mesmo durante a viagem de horas que fizemos até chegar aqui. Era madrugada ainda, mas em alguns cantos o céu já tava se preparando pro sol nascer. E nós finalmente chegamos naquele hospital.

Eu e Samuel descemos correndo, no mesmo pique desde que recebemos a notícia. Eu sentia como se cada segundo pudesse ser seguido de uma notícia pior ainda, e isso me desesperava. As coisas que eu imaginava já tavam me perturbando tanto que eu só não me contorcia ali mesmo porque eu tava com muita pressa. Nós dois empurramos as portas de entrada do hospital e só percebemos o silêncio lá dentro quando todo mundo olhou assustado na nossa direção.

- Jo-alin... Joalin Loukamaa... Heyoon Jeong  Onde elas estão internadas? - eu dizia com a voz trêmula, tentando me manter em pé, mas minha energia tava se esgotando. - O acidente... Em Niagara essa manhã...

- Boa noite, por favor, se acalme. Só um momento. - a voz doce da senhorinha da recepção tentava me deixar menos nervoso, mas minhas mãos chacoalhavam. Samuel andava de um lado pro outro com as mãos no topo da cabeça. Ela digitou algumas coisas no computador e me olhou. - Eu deveria te pedir pra preencher isso, mas vamos evitar perder mais tempo, certo? Você deve beber uma água, meu querido. Elas estão no terceiro andar, setor de emergências. Assim que chegarem lá, vocês viram à esquerda e encontrarão uma sala de espera e outra recepção.

- Muito obrigado!!! - eu já saí correndo antes mesmo de ela poder me ouvir. Samuel andava apressado ao meu lado, e assim que chegamos no elevador ele prendeu sua respiração. Nós ainda não dizemos nada um pro outro, pois não era necessário. Ele entendia minha dor e eu entendia a dele como ninguém, e só através do nosso olhar a gente conseguia entender isso. Ele assentiu com a cabeça por um instante, e antes que eu começasse a sentir uma leve tontura se agravando, o elevador parou. As portas se abriram e nós estávamos agora em um andar totalmente silencioso, mas ao mesmo tempo bem movimentado. Diversos enfermeiros andavam por todos os cantos, nomes eram chamados e pacientes eram empurrados em cadeiras de rodas com diversos tubos pendurados. Eu e Samuel atravessamos por todos eles, seguindo as orientações e virando à esquerda. Assim que me dei conta, meu coração congelou um pouco. Eu não tinha parado pra pensar ainda em mais ninguém nesse momento, pra ser sincero, por isso assustei ao ver aquele tanto de rosto familiar me olhando. Aparentemente, eu e Samuel fomos os últimos a receber a notícia e os últimos a chegarem aqui. A sala de espera tava ocupada praticamente por todos eles. Sina dormia nos ombros de Lamar, que também parecia adormecido. Shivani, que eu não via há bastante tempo, tava em pé na frente de Diarra e Any enquanto lhes entregava algumas embalagens de doces que ela provavelmente pegou na máquina. Hina e Josh conversavam com Krys, que segurava a mão de Johanna. A barriga dela ainda não era tão óbvia, mas sua gravidez era perceptível para os olhares mais detalhistas. Pepe, o marido de Sabina, conversava com a senhora da recepção ao lado dos pais dela e de Bailey, provavelmente procurando mais informações que só aumentavam o nervosismo.

Assim que nos viram, todos eles esboçaram uma reação que eu interpretei como pena. E assim como eu esperava, eles praticamente continuaram em seus lugares e apenas nos cumprimentaram silenciosamente. Eu já conseguia sentir na atmosfera o cansaço que todo mundo ali esboçava. E era compreensível. Eu também me sentia assim.

Ready for Love | NoalinWhere stories live. Discover now