new york city T. CHALAMET

to be continued

Eu já podia sentir meu rosto formigar por estar com a mesma expressão há dias. Desde que a semana começou, eu só sabia sorrir, e conforme os dias foram se passando e se aproximando de sexta-feira, o meu sorriso aumentava cada vez mais.

Faltam dois dias.

Minhas malas já estão prontas. Eu poderia parecer exagerada mas não é como se eu fosse para Nova York e estaria de volta em uma semana. No momento, eu não penso em voltar, nem mesmo para visitar meus pais, que a propósito vão comigo e com meus avós e ficarão conosco na nossa primeira semana.

Infelizmente Timothée está em Massachusetts, finalizando as gravações do seu novo filme. No meio da próxima semana ela já estará de volta para nos reencontrarmos.

A ansiedade consumiu todos os meus neurônios, não havia nada que eu pudesse estar mais animada do que para encontrá-lo e tocá-lo com minhas mãos novamente.

Meu amor.

Ainda parecia um sonho ter conseguido tudo o que mais almejei durante esses meses. Eu vou voltar. Agora mais madura e sábia para poder construir a minha própria carreira como jornalista que tanto ansiei desde criança. Meus pais, por mais que estejam angustiados com a nossa distância, nunca me pareceram tão felizes por mim.

Quero poder retribui-los com a vitória por tudo o que já fizeram por mim.

Eu sou essa jovem adulta seguindo meus próprios passos afim de me tornar a mulher que me criaram para ser.

Está tudo esquematizado, eu havia decorado até o meu tempo de ida e chegada na faculdade. Um novo ambiente, sem mentiras, sem incerteza, sem julgamentos. Apenas eu.

O meu currículo já estava pronto e atualizado para tentar em diversas instituições caso a minha primeira alternativa não dê certo.

Vovó não quis me mostrar fotos do seu apartamento porque quer me fazer surpresa. Ela disse que há algo lá que eu provavelmente não vou lembrar agora o que seja, mas que a traz memórias da minha infância. Eu tentei adivinhar tudo o que estava guardado na minha mente, mas ela negou todas as minhas tentativas, o que me fez ficar questionando mais ainda o que poderia ser.

No entanto, eu já estou animada para decorar o meu quarto e ter a companhia de meus avós para discutirmos durante o café da manhã assuntos da nossa rotina do dia a dia. Vovó provavelmente irá pedir para meu avô aumentar a temperatura do ar-condicionado enquanto tricota um par de luvas novas para que eu tenha uma variedade e possa ter uma para usar a cada dia da semana.

Timmy também irá ganhar luvas novas, ela mesma já me disse isso.

Espero que eles se deem bem.

A batida na porta do meu quarto me despertou da imaginação e eu vi meu pai encostado na parede me observando.

Há quanto tempo ele estava ali?

- O que estava pensando? – perguntou, cruzando os braços e me dando aquele sorriso pacífico.

Me virei para ficar sentada na sua direção.

- Na verdade eu estava considerando a grande quantidade de luvas que vovó vai fazer pra mim e pro Timmy.

- Seu namorado ainda nem nos conheceu e já tem presentes adquiridos? – indagou, brincalhão. – Eu também estou ansioso para conhecê-lo, mas desse jeito me faz pensar que perdi o posto de o homem mais importante da sua vida.

- Você vai adorá-lo, pai. Mas esse posto sempre vai ser seu. – garanti.

Os dois terão um assunto em comum para conversar: Filmes clássicos.