a rainy day in new york

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Olhando através das grandes janelas do apartamento, o clima não parecia nada bom. Iria ser mais um dia de chuva em Nova York.

O seriado que passava na televisão não estava me interessando e eu começaria a ficar entediada se não desligasse aquilo logo. O aquecedor era complicado demais para eu entender como o ligar, me vi frustar pela falha tentativa de o fazer funcionar.

Resolvi chamar Timothée, afinal estávamos em seu apartamento.

Ele estava no banheiro já tinha um tempo e eu não fazia ideia o motivo da sua demora.

- Timmy? – o chamei, batendo na porta.

Ele abriu, me encarando com uma gilete na mão.

- O que foi, baby?

Baby.

Meu coração parou de bater e, por um minuto, achei que estivesse delirando.

Como ele consegue fazer isso comigo?

- É... como liga o... o aquecedor? – eu nem precisava de um espelho para saber que estava com as bochechas rosadas, mas fingi estar super normal com aquilo.

Por sorte eu sempre conseguia lembrar das palavras em inglês antes que ele percebesse que eu estava viajando dentro da minha cabeça.

- Você está com frio? – perguntou, e eu assenti.

Ele saiu do banheiro, ainda com a gilete na mão e foi até o aquecedor.

O que ele ia depilar?

Minha curiosidade falou mais alto e eu finalmente resolvi perguntá-lo, enquanto Timothée se agachava no chão na tentativa de ligar o aquecedor.

- O que você estava fazendo com essa gilete?

- Eu vou tirar o meu bigode... – resmungou, me fazendo arquear as sobrancelhas.

- Que bigode? – minha pergunta – talvez num tom de deboche – teoricamente o ofendeu, pelo seu semblante indignado.

Ele soltou uma risada em seguida, aliviando a tensão do possível clima que iria começar. E eu o agradeci por isso, me arrependendo de ter debochado.

- Acho que está com problemas nos fios...vou ter que ligar para virem consertar. – falou, se levantando e caminhando até seu quarto. – Me desculpe por isso, use meu casaco então, ele é bem quente.

Timmy me entregou um casaco azul marinho que na parte interna era de pelinhos, muito macio e aparentemente muito quente. O vesti, gostando da sensação que causava em minha pele.

Ele voltou para o banheiro e eu o segui,encostando no batente da porta para assisti-lo depilar os possíveis fios queexistiam em cima do seu lábio.

Timothée pegou um produto e eu deduzir ser a espuma de barbear, ele aplicou na pele e em áreas que eu me perguntei se era realmente necessário. Mas preferi não dizer nada.

- Posso fazer isso? – perguntei, animada e curiosa ao mesmo tempo para saber como é depilar o rosto.

Ele me encarou, hesitando em responder ao meu pedido, não o julgo, eu também ficaria um pouco apreensivo.

- Promete que não vai arrancar um pedaço da minha pele? – cedeu, me fazendo rir e negar com a cabeça.

- Nunca faria isso.

Peguei a gilete e me virei de frente pra ele, Timmy me encarava com um olhar duvidoso e eu sabia que ele só estava fazendo graça.

Coloquei minha mão livre atrás da sua nuca para ter um sustento e ele me instruiu a começar de cima para baixo. Eu contei que na infância meu pai nunca me deixou fazer a barba dele, nem mesmo uma vez para matar a minha curiosidade, pois a minha mãe já havia feito uma vez e acidentalmente o cortou. Seu rosto ficou sangrando por tanto tempo que ele acabou se atrasando para o trabalho.

new york city T. CHALAMETOnde as histórias ganham vida. Descobre agora