Era bizarro pensar em como alguém pode mudar tanto em tão poucos meses. Lisa tinha na memória todas as situações que a levaram até ali, naquela redoma com flores, encarando as cadeiras decoradas com laços brancos e o tapete que parecia uma língua sem fim despontando no altar forrado de rosas. E, se em um passado nem tão distante tivesse ouvido alguém falar que iria se casar e pasmem, por amor, ela teria rido tanto que ficaria sem ar. Mas agora, Lisa estava onde sempre quis estar: na banheira do Gugu.Tirando que não era domingo, tirando o grupo de pagode que disputava o sabonete com as dançarinas gostosas, tirando o sabonete, a banheira, a plateia e o Gugu porque... Lisa segurou uma lágrima, todos nós sabemos que o Gugu não está mais aqui. Tirando tudo e deixando só a plateia, que também tinha na banheira do Gugu e também tinha naquele casamento, Lisa pôde se considerar em um desses programas.
Ela não se importava com o suor que acumulava dentro do vestido, o salto alto que era difícil para se manter de pé e os cabelos cheios de laquê, que pareciam um tijolo imóvel em cima da sua cabeça. Lisa podia esquecer tudo isso porque, finalmente, Jennie seria sua e entraria a qualquer momento naquele altar.
A música era melosa e longe de ser a marcha de casamento tradicional, mas era agradável de ouvir, se Lisa focasse nela não se incomodaria tanto com a avalanche de pensamentos.
Pensava na euforia que sentiu ao visitar a casa de Jennie pela primeira vez, onde implorou para que a estagiária a deixasse subir, no sentimento estranho que sentiu ao vê-la discursar e pedi-la em casamento antes da tentativa de assassinato, no momento de puro pânico com as duas sozinhas naquela sala escura, quando pensou que o irmão estava em apuros, e no momento vergonhoso onde ela a viu brigar com ele e chorar copiosamente. Jennie esteve em todos os seus momentos e despertou todos os sentimentos contraditórios do mundo. Lisa se doou a ela, se decepcionou com ela, se apaixonou por ela e descobriu que nem tudo era para ser perfeito cem por cento do tempo, só alguns momentos, momentos como aquele.
A música mudou, agora era algo mais calmo, como o mar de manhã cedo quando a brisa ainda era gelada e as ondas eram preguiçosas. Era como reconhecer o sabor de uma comida preferida, tão bom que chegava a doer, confortável ao ponto de não querer estar em nenhum outro lugar do mundo a não ser ali. E mesmo que o mundo estivesse desabando e ruindo ao redor delas, ver Jennie andar até si com um buquê vermelho na mão e um batom também vermelho, se destacando no branco como se ela tivesse acabado de inventar aquela cor, e vê-la sorrir e ficar nervosa por andar devagar quando as duas sabiam que tudo que ela mais queria era correr e ficar ao lado de Lisa, era bom, tão bom que precisou segurar as lágrimas. E por todo o caminho que ela percorreu até parar ao seu lado, finalmente conseguiu dizer.
— Jennie Kim. — O tom sério na voz de Lisa era algo muito distante do que Jennie ouviu durante todos esses meses. — Eu te amo.
Os sentimentos estampados no rosto de Jennie foram visíveis, primeiro foi choque, que a fez abrir a boca e arregalar os olhos, depois foi confusão, quando ela maneou a cabeça rapidamente como se perguntasse se ouviu mesmo aquilo e enfim emoção, quando o canto dos olhos dela se encheram d'água e ela sussurrou de volta, confiante.
— Eu também te amo, Lalisa Manoban.
E então, ao levantar o rosto viu que todos os convidados ainda estavam lá, sentados, mesmo que a segundos atrás aquele momento só parecesse ser das duas. O celebrante já estava na frente delas, em cima do palanque e pronto para começar a celebração.
Lisa apertou a mão de Jennie, as duas palmas suadas agarradas com tanta força como se fossem se fundir, e a partir dali seria o que Deus — Ou Buda, ou Alá, ou Jeová— ou qualquer Deus de plantão, quisesse.Sunan estava na primeira fila também. Lisa não quis entrar com ele no altar porque Jennie não tinha ninguém para entrar consigo, elas queriam que Lucas e Ten estivessem ali, mas já que não estavam, ninguém precisava tomar o lugar deles. Quando o celebrante começou, timidamente, o seu discurso, Lisa olhou para a estátua do Buda ao lado delas e pediu, na camaradagem, para que ele protegesse seu irmão e o namorado barra ficante barra amigo dele.
ŞİMDİ OKUDUĞUN
Um acordo entre nós
Hayran Kurgu[Concluída] Lisa Manoban é a queridinha da Ásia, uma das responsáveis por seu pai conseguir se eleger vice-presidente da Tailândia. Lisa é bonita, polêmica e bastante controversa, o que gera uma legião de fãs - ou haters - prontos para julgar cada...