Vem aí...

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O rosto de Lisa estava amassado no asfalto, sentia pedrinhas cortando suas bochechas e cheiro de gasolina, tentou olhar para cima, mas Jisoo espremeu sua cara no asfalto de novo. Pela pressão que sentia nas costas, pode supor que ela usava o peso do corpo para imobilizá-la no chão.

— Como você... — cuspiu poeira. — Me achou?

— Eu nunca te perdi, e se quer um conselho, quando for fugir de alguém quebre o celular, não use um carro rastreável e o mais importante: não dê chiliques na sua própria casa.

Lisa não podia acreditar na própria burrice, era óbvio que Jisoo sabia de todos os seus passos. Se sentia uma criança de cinco anos que se escondia atrás da cortina e deixava os pés a mostra, pior, a que tampava o rosto com as mãos e achava que ninguém está vendo.

— Agora eu vou morrer, é isso? — perguntou, com lágrimas nos olhos. — Você sabe que eu sei tudo sobre Jennie e sobre você matar Elane...

— ...Que porra você tá falando? Se eu quisesse te matar você já estaria morta.

Lisa sentiu o aperto nas costas se afrouxar, e com um puxão, Jisoo a levantou com a mesma facilidade que levantaria uma folha de papel. Enquanto a vice filha tinha metade da cara suja, roupas úmidas e cabelos parecendo uma obra expressionista, Jisoo apenas deu batidinhas na jaqueta, tirando uma sujeira invisível.

— Mas... mas então... Você e a Jennie...?

Armário estava no terceiro copinho de café e a máquina um pouco inclinada para a esquerda. O carro ao lado delas ainda soltava um bip incômodo, com um rolar de olhos e um chute na lataria, Jisoo fez o automóvel ficar em silêncio.

— Lalisa, o que você sabe sobre mim? Sem ser essas gracinhas que diz por aí, o que você realmente sabe sobre mim?

Lisa se encolheu, intimidada. Não sabia nada sobre Jisoo, ela era uma incógnita.

— Você é norte coreana, foi espiã sul coreana... se aposentou e começou a trabalhar como assessora do senador e então vice presidente... você tem uma esposa... espera, ela é real?

— Tudo bem, você sabe o básico. — Ela colocou as mãos no quadril. — E sim, minha esposa é real, a única coisa que não é real é a minha lealdade ao seu pai. Aquele filho da puta é o tipo de pessoa que está infiltrada em coisas muito mais pesadas que corrupção, é tipo erva daninha, arrancar não resolve, nem colocar fogo e... meu Deus como eu gostaria de atear fogo no seu pai, mas não resolve. Preciso arrancar a raiz, puxar toda a planta, ramificações e não deixar nenhuma, tá me entendendo?

— Não — disse, sincera.

— Imaginei. Estou há anos reunindo tudo que posso contra Sunan e seus associados, o maior número de pessoas que ele administra, repassa dinheiro e lava dinheiro, enquanto trabalho infiltrada no gabinete dele, mas nunca é o suficiente.

Lisa piscou algumas vezes, aturdida, o lance da espionagem era mesmo real. Jisoo tirou o próprio casaco e jogou nela, ao sentir o pano a aquecer, percebeu que antes estava tremendo.

— Onde Jennie entra nisso tudo? — perguntou, baixinho.

— Jennie era uma garota que sonhava em entrar na política para fazer a coisa certa, tipo... — Jisoo mordeu os lábios, pensante. — Tipo o Tiririca, sabe? Ela via no seu pai um herói, você deve imaginar que ela ficou decepcionada quando começou a trabalhar para ele. Jennie achou que podia mostrar para todo mundo quem era Sunan, vazou a informação sobre o desvio de verba dos orfanatos e nada de muito grandioso aconteceu depois disso, seu pai foi afastado e em menos de dois meses voltou para o cargo. Foi aí que eu a conheci.

Um acordo entre nósWhere stories live. Discover now