ELA É A MINHA PAZ

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Aquela foi uma senhora crise, mas ele conseguiu fazer com que eu tomasse a medicação, foi então que dormi de vez. Não foi uma noite tranquila. Todos os meus pesadelos resolveram se manifestar. Fui despertada no meio de um deles contudo, minha primeira visão não foi algo feliz. Lucas estava sentado a minha frente com um copo de água.

_ Tome, você precisa. Fiquei apavorado, você não acordava.

Tentei falar, mas minha garganta doía. Lembrei da noite passada e tive uma pontada de dor no peito. Ele estava de cabeça baixa e pela sua fisionomia, dava para ver que não tinha dormido.

_ Eu não sei por onde começar... perdi todo o controle com você. Eu deveria estar te ajudando e fiz isso. Por favor, tenta me perdoar, eu te amo muito mesmo, mas você parece que sempre consegue me tirar do sério. Podemos esquecer tudo e começar do zero?

Eu apenas o olhava. Estava com medo daquela pessoa que eu não fazia ideia quem era e do que era capaz. Seria impossível esquecer tudo o que ele disse ou fez, mas eu sabia que sozinha, não teria forças contra ele.

Por um instante, acreditei que estava limitada àquilo e lamentei por não ter conseguido me suicidar. Mas aquela não era hora de lamentos. Não sei de onde, mas ardia em mim uma vontade de viver e se eu quisesse isso, deveria aprender a lidar com meus problemas. Isso significava: pedir ajuda! Mas para quem?

_ Vamos ficar bem. Esqueço sim, se prometer  nunca mais vai fazer isso.

_ Prometo de todo o meu coração.

Ele me abraçou e ficou ali por um tempo. Só com a proximidade do seu corpo, eu percebi o quanto o meu doía. Era difícil falar, parecia que algo estava fisicamente prendendo a minha garganta, mas eu sabia que aquelas palavras seriam o suficiente para acalma-lo até eu saber o que fazer.

_ Não vou trabalhar hoje. Vou ficar para cuidar de você. Invento qualquer coisa lá.

_ Não precisa, do jeito que estou, dormirei o dia todo. Vá!

_ Tudo bem. Mas me ligue se precisar de qualquer coisa. Vou estar colado no celular. Me perdoa tá?

Balancei a cabeça em sinal afirmativo e voltei a deitar. Algumas horas mais tarde ele saiu e era só o que eu estava esperando. Peguei o celular e enviei uma mensagem para Manu.

"Vem aqui em casa. Preciso de você. Urgente!"

"O que aconteceu? tô correndo aí"

Alguns minutos depois ouvi batidas na porta. Levantei para abrir e quando a vi, desabei em seus braços e me pus a chorar. Ela não sabia o que fazer e apenas me abraçou mais forte. Entramos, levei-a até meu quarto e sentamos na cama.

_ Me diz o que aconteceu...

Mas antes de eu falar, ela olhou o meu pescoço, que estava com manchas roxas por toda a parte. Seus olhos se arregalaram e ela falou em um tom mais alto que o seu natural.

_ ELE BATEU EM VOCÊ? Venha, vamos para a delegacia agora!!! VOCÊ NÃO PODE FICAR COM ESSE CRETINO...

Ela se levantou mas eu puxei sua mão e a trouxe para perto de mim. Com muito esforço, contei tudo o que aconteceu e enquanto eu falava, vi seus olhos encherem de lágrimas. Mas eu necessitava de bem mais do que aquilo: precisava de ajuda! Não podia continuar com aquele psicopata na minha casa.

_ O que você quer que eu faça?

_ Você sabe que eu preciso provar tudo o que ele disse ou fez, mas com meu histórico de problemática, é bem capaz de dizerem que eu inventei tudo. Então eu não sei exatamente como fazer.

_ Sabe que o corpo de delito já é mais que uma prova, não é? E porquê alguém duvidaria?

_ Eu sei. Mas eu nunca falei pra ninguém sobre esse temperamento que ele tem. Achava estar fazendo o melhor, minha mãe gosta muito dele. E se ela não acreditar em mim?

_ Ela é sua mãe, por que não acreditaria?

_ Quando fiz 18, estava numa festa de natal com a família do meu padrasto e alguns amigos. Eles saíram logo, já estava tarde, mas eu insisti em ficar mais um pouco. Acabei bebendo demais e lembro de ser levada para casa pelo filho mais velho dele. Lembro também de ele entrar, me levar para o quarto e tirar a minha roupa. Eu estava bêbada o suficiente para não ter controle sobre o meu corpo, mas eu tenho flash back's do que aconteceu. Ele me estuprou. No dia seguinte, tentei contar para os meus pais, mas não levei tanto créditos, pois meu padrasto o defendeu veemente e disse que isso foi coisa da minha cabeça. Ainda acho que ele sabe que falei a verdade, mas quis defender o filho, então... E eu bebia muito nessa época e conseguia ser muito irresponsável algumas vezes. Minha mãe o amava tanto, que preferiu acreditar em meu padrasto do que em mim. Depois disso, não contei mais nada a ela.

_ Meu Deus! Que coisa horrível...

_ Então começaram as mentiras, que eram principalmente desculpas para estar na noitada bebendo, na tentativa de preencher uma lacuna monstruosa dentro de mim. Mas não dava certo e eu já estava bem mal, então tentei suicídio a primeira vez e várias vezes depois, mas pelo visto, nem isso eu consigo e olha eu aqui. Perdi a confiança da minha mãe e nada do que eu faça ultimamente, faz ela achar que é para o meu bem. Ela gosta de Lucas, mas preciso convencê-la que estou certa dessa vez...

_ Uau, garota. Que história! E que raiva!!! mas tive uma ideia, só que antes, venha aqui, você está péssima...

Ela levantou e me conduziu ao banheiro. Me fez tomar um banho e me trouxe roupas limpas e depois foi em direção a cozinha. Voltou em alguns minutos com um copo de suco, ovos mexidos e algumas torradas.

Quando acabei, ela se aproximou de mim e me abraçou. Aquilo sim era algo bom. Me senti em paz, mas ela encerrou o momento, afastando-se de mim e me dando um beijo na bochecha.

_ Me espere, volto já. Fica bem até eu voltar, por favor.

E saiu pela porta...








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PUTZ! Me Apaixonei Por Uma GarotaWhere stories live. Discover now