ou fingir estar sempre bem, ver a leveza das coisas com humor

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— Porque eu te disse que viria. Por que? Não gostou? — fico em silêncio de novo.

Eu tinha esperanças de que Yeji ficasse mais um pouco, talvez até meu aniversário quem sabe, mas acho que seria pedir demais.

Continuamos conversando depois disso, mudando de assunto sobre a partida deles para relembrarmos os bons momentos que vivemos juntos, mesmo que Kai e Yeji quase não tenham criado muitas memórias com a gente.

Por isso que eu não gosto de despedidas, sempre fica um clima melancólico e alguém tem que começar uma sessão de "túnel do tempo". Isso dá uma sensação de que não vamos mais nos ver ou que vai demorar para que isso aconteça, nem sei como que eu não comecei a chorar ainda. Queria poder parar o tempo para que ninguém fosse embora, aí eu queria ver quem que ia ser o maluco que ia puxar o "vale a pena ver de novo".

Yeji ria das coisas que Beomgyu contava, das mancadas que eu dei e dos micos que eu paguei no pouco tempo que eu estou no Éden e Kai ainda ajudava sempre lembrando da minha ceninha de gay bêbado carente na festinha de Halloween que demos. O fiasco da festinho que terminou como um enterro. E eu só conseguia lembrar de tudo e pensar que parecia que tinha acontecido há anos.

O tempo é uma coisa muito bizarra, porque as vezes ele parece que passa se arrastando, mas na maioria das vezes ele passa como uma cruza de Flash com papaléguas.

— Ei, Beom. — caímos no silêncio por tempo demais, então não sei se ele ainda está acordado. Balanço seu braço de leve e espero por uma resposta. Ele se vira de frente pra mim e não diz nada, apenas me encara. — Você pretende falar pros seus pais? Sabe, sobre você não ser hétero e estar com um cara.

— Sim, mas me sinto meio nervoso. — ele fecha os olhos por um tempo e respira fundo, soltando o ar devagar. — Nunca pensei que tivesse que passar por isso, então não planejei como fazer. Eu estou com medo do que possa acontecer, do que eles possam falar ou fazer, principalmente quando eu soltar que eu estou namorando um homem.

— Não precisa se pressionar. Sabe disso, não é? — estamos sussurrando porque não sabemos se os outros dois estão acordados. — Você tem que ir no seu tempo, quando estiver se sentindo confortável.

— Eu acho que sei, mas é que eu já demorei tempo demais pra perceber isso, acho que não posso demorar muito tempo pra contar. — sorrateiramente ele chega mais perto de mim e eu o abraço, porque sei que é isso que ele quer. Beomgyu tem um jeito próprio de dizer que precisa de conforto. Ele não diz.

— Tem gente que nem sai do armário Beomgyu, nem pros pais, nem pra ninguém. — acaricio suas costas de baixo para cima, tentando transmitir alguma segurança.

— Como foi pra você?

Eu acho que dentro dos nossos cérebros existe um espaço separado para memórias boas e memórias ruins, tipo uma caixa de sapatos com pedaço de papelão no meio para dividi-la. O dia em que eu me revelei gay para os meus pais está separada entre esses dois extremos.

Acho que a experiência de sair do armário nunca é de todo uma boa memória, sempre tem um pouco de algo ruim. Eu não quero que meu melhor amigo se iluda achando que os pais dele vão agir ou pensar da mesma forma que os meus pais, cada pessoa é diferente e reage de formas diferentes a determinadas situações.

Só que eu também não quero ser a pessoa que vai ter que prepará-lo para o pior, porque eu não sei como se faz isso.

— Eu estava bem nervoso, mas foi no tempo certo. — eu sinto ele me olhando em expectativa e esperança, quase como se ele ansiasse ouvir algo que o faria se sentir mais confiante. — Mas não foi planejado. Eu sabia que contaria, mas não sabia quando, e quando eu percebi já tinha contado, na hora do jantar.

Hot tub, nice buttWhere stories live. Discover now