Lobos de Doncaster | Larry Stylinson

1. Os Engravatados

Aqui está o primeiro capítulo, espero que gostem!

Boa leitura❤️

💣

O céu nublado não era exatamente as boas-vindas que Harry esperava ao entrar na nova cidade. Era setembro e o outono tinha chegado há poucos dias, trazendo consigo o clima frio de céu cinzento sem perspectiva de raios solares ou qualquer esperança de calor, o vento gelado batia nas bochechas do rapaz, deixando a pele rosada. A garoa fina que caía molhava suas roupas pesadas e o fazia tremer de frio, estava desprotegido na parte traseira do pequeno caminhão que levava os pertences dele e de sua mãe à sua nova casa.

Pelo que podia ver, Doncaster era uma bela cidade, com prédios de arquitetura antiga no centro e calçadões repletos de lojas e restaurantes, vazios devido ao clima péssimo. Harry sorriu pequeno, pensando em como seria sua vida naquela cidade, se conseguiria um emprego ou se arranjaria um bom moço para ser o seu marido, se teria uma família grande e feliz ali, em um local tão diferente de sua cidade Natal.

Ele e sua mãe, Anne, vinham de Londres. Nunca foram ricos, tinham uma condição financeira razoável, mas com a morte de seu pai, Desmond, há pouco mais de seis meses, ficou impossível manter o padrão de vida em uma cidade tão grande e tiveram que se mudar para um lugar menor e com um custo de vida mais barato, pois a pensão que Anne recebia pela morte do marido era muito menor que o salário que ele costumava ganhar.

Ele estremeceu e se segurou à pequena geladeira que possuíam ao passar por uma lombada, o que fez com que seus cachos molhados grudassem em seu rosto. A garoa não demorou para se transformar em chuva e ele tremia na carroceria do caminhão, seu queixo batia sem parar e seu único desejo era que houvesse um bom chuveiro na casa que sua mãe tinha comprado.

Saíram do centro de Doncaster, infelizmente viver ali era caro demais para os dois e seguiram para a periferia, as belas construções e ar feliz deram lugar à uma paisagem cinzenta e melancólica, as ruas ficavam mais sujas a cada metro percorrido e fábricas grandes soltando uma fumaça preta que maltratava seus pulmões. Galpões abandonados completavam o visual urbano, além de alguns homens engravatados com expressões maldosas espalhados aqui e ali, protegidos da chuva pelas telhas, a maioria fumando um cigarro e apoiados nas paredes, como se fossem olheiros.

Becos escuros mesmo à luz do dia eram frequentes, poucas pessoas caminhavam pelas ruas, alguns homens trabalhavam carregando caixotes ou fazendo outros serviços. Harry engoliu em seco ao ver dois homens conversando na porta de um bar, ambos de terno e gravata como a moda da época, os dois conversavam com seriedade e um deles olhou para o caminhão como se pudesse fuzilá-lo e Harry estremeceu de cima a baixo, se questionando se sua mãe havia tido uma boa ideia ao comprar uma moradia naquela cidade.

O pequeno caminhão entrou em uma rua estreita e logo saiu em um lugar mais amplo, cercado de prédios pequenos, feitos de tijolinhos. Era um lugar repleto de portas, com escadas externas que levavam aos andares superiores e guarda-corpo de ferro. Em algumas partes cobertas, varais repletos de roupas estavam estendidos e não havia uma pessoa sequer além deles, a chuva copiosa fazia todos ficarem em suas casas e ele respirou fundo quando o veículo parou diante daquele aglomerado.

Pulou da carroceria, trêmulo, e viu sua mãe se apressar, subindo as escadas e caminhando pelo corredor superior, até destrancar uma das portas. Harry pegou suas malas pesadas e a acompanhou, logo entrando em seu pequeno apartamento.

A sala era razoavelmente grande, já embutida com a cozinha que vinha equipada com pia e um simples conjunto de armários. Os dois quartos eram pequenos, mas atendiam as necessidades dos dois e, para a alegria de Harry, havia um banheiro com chuveiro e uma pia de porcelana. Tomara que tenha água quente, pensou.