II | 5. Manteiga Derretida

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Bom dia!

Aqui vai o último capítulo que encerra de vez essa história, mas vou lembrar que ainda vai ter outra fic (Negócios de Família) com a geração atual da gangue!

Boa leitura❤️

💣

Harry resmungou ao tatear a cama e encontrar o lugar de Louis vazio. Abriu os olhos e tudo que viu foi seu travesseiro frio, indicando que ele tinha saído há bastante tempo, o que o fez suspirar. Não gostava do marido saindo de madrugada, ficava preocupado e agoniado, com medo de algo acontecer a ele. Afastou os cobertores e se ergueu da cama, usava um pijama de seda cor de creme que cobria todo o seu corpo e apanhou o robe de veludo escuro de Louis, que estava com seu cheirinho. Enrolou-se nele e foi até a janela, abriu um pouco a cortina, o suficiente para ver o céu escuro e a lua alta banhar o jardim dos fundos com o luar.

Coçou a nuca, geralmente quando não encontrava Louis na cama simplesmente voltava a dormir porque não tinha o que fazer para trazê-lo para casa e ele voltaria depois que concluísse seus serviços. Porém, naquela noite Harry estava angustiado com algo e não sabia o porquê. Saiu do quarto devagarinho e viu o corredor escuro com poucos focos de luz provenientes das janelas, caminhou até o quarto de Benjamin e abriu a porta em silêncio, viu seu caçulinha na cama e sorriu amoroso ao vê-lo todo esparramado ali. Entrou para cobri-lo ou seu pequeno ficaria doente e beijou sua testa com carinho antes de sair do quarto e fechar a porta.

Um filhote estava bem, agora faltavam os outros dois. Foi para o quarto de Agnes e franziu o cenho ao vê-lo vazio, os cobertores estavam amarrotados aos pés da cama e ele cerrou os olhos, sua filha tinha passado da fase de madrugar estudando, ela já estava matriculada na faculdade e as aulas ainda estavam suspensas, então não chegou realmente a começar. Respirou fundo ao pensar que em breve seus dois filhotes mais velhos iriam para York. Uma hora de distância conectava as duas cidades, mas talvez ficasse incômodo para os dois irem e voltar todos os dias, provavelmente gostariam de alugar um apartamento por lá e só de pensar em ver seus pequenos saírem de casa o coração de Harry se apertava e seus olhos enchiam de lágrimas.

Saiu do quarto da filha e foi para o de Charlie, também não encontrou o rapaz e aí sim Harry achou aquilo suspeito. Os dois estavam investigando Louis, não sabia ao certo como aquela pulga foi parar atrás das orelhas dos filhos, mas sabia que eles não parariam até descobrir o paradeiro de seu pai. Cruzou os braços, não gostava que seus filhos passassem as noites fora de casa porque, mesmo que os Donny Wolves tivessem o controle da cidade, todos sabiam que eram filhos de Louis e qualquer gangue rival poderia se aproveitar daquilo.

Desceu as escadas com rapidez e se serviu de uma dose de whisky que ficava na mesinha de bebidas logo ali na frente. Caminhou pela sala espaçosa e foi até as janelas, nem o carro de Louis e nem o de Charlie estavam ali fora e ele franziu o cenho, tudo estava estranho demais para o seu gosto. Preocupado, sentou-se no sofá e aguardou seu marido e filhos retornarem. Passou bons minutos ali, pensativo e apreensivo, com medo dos dois terem descoberto a verdade e qual seria a reação deles, se rejeitariam Louis.

Seus olhos marejaram ao pensar naquilo, estava com ele há mais de vinte anos, presenciou muitos momentos de insegurança do marido em relação à paternidade. Louis raramente se abalava com alguma coisa, ele era corajoso e um tanto maluco por não ter medo de morrer ou medo de levar um tiro, mas ele tinha pavor de ser um pai ruim. Harry tinha perdido as contas de quantas vezes viu seu esposo chorar de soluçar por achar que estava sendo severo demais ou por cogitar não ser suficiente para os três filhos que tinham. Sabia como seu passado doloroso ainda o abalava, depois de quase cinquenta anos a memória de um pai abusivo ainda o atormentava, o medo que um dia teve do seu falecido genitor se tornou o medo de ser um pai ruim e naqueles momentos Louis ficava fora de si, chorava muito e não se parecia em nada com o gângster durão e impiedoso.

Lobos de Doncaster | Larry StylinsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora