The Boyz ! On Ice - Segunda Temporada

Ouro e liberdade

Duas palavras que anunciaram a mudança de uma estrela para uma estrela cadente. Duas palavras que marcavam o início do fim, tal qual o som do gatilho marca quem dispara uma arma.

"Vou desistir"

A voz de Changmin dava a acreditar que aquilo já estava mais certo que qualquer outra coisa. E Younghoon soube que, na verdade, ele esperava para ouvir aquilo, só não tinha forças para admitir para si mesmo que não achava justo o Ji continuar competindo. Mesmo depois dos perdões. Contudo era justo que aquele seu esforço descomunal fosse recompensado, e se fosse para casa, não chegaria lá de mãos abanando, teria algo para se defender, para lutar por aquilo que ele acreditava agora. Aquilo que poderia salvá-lo daquela solidão que o prendia dentro de si. Então era aquele o seu plano, afinal de contas.

O que Changmin queria era liberdade, não uma medalha de ouro. Contudo ele ainda precisaria ser muito forte, talvez mais forte do que nunca, já que não era apenas sobre uma questão de honra, era a honra dele com si mesmo.

Portanto estava escolhendo ir embora, deixar o caminho livre para os outros patinadores, mas levar um recorde olímpico consigo, algo que provasse que nada foi em vão. E ter o poder da escolha sobre isso fazia o jovem patinador se sentir livre — estava pronto para confrontar o seu pai quando a hora chegasse.

— Por favor — disse o Ji, desfazendo o abraço e olhando nos olhos brilhantes de Younghoon — por favor respeite a minha escolha.

— Eu respeito. — O Kim tinha suas mãos segurando os braços de Changmin — mas o que vai fazer agora? O recorde é seu e-

— Eu vou começar de novo. Não me importo com o que os outros vão pensar.

Ouvir aquilo fez o mais velho se arrepiar; de fato ele não fazia ideia de quão importante era para o castanho dizer aquelas palavras em voz alta, ele que sempre se importou com o que os outros pensavam e que passou tantos anos com medo, projetando uma imagem que não era a sua própria. Escolher começar de novo era mais que importante.

Younghoon também não sabia, mas sem ele o Ji nunca teria entendido o real significado da empatia, da confiança e do orgulho. Ele nunca teria pensado que precisava se amar antes de qualquer coisa. Entretanto o mais velho sabia de uma coisa: que a jornada de Changmin deveria ser solitária, afinal, eram aquelas questões prévias que o mais novo possuía com o pai e com si mesmo.

— Faça o que tiver de fazer — o mar de pessoas na borda da pista aumentava, Sangyeon estava vindo em direção a eles dois e as câmeras da imprensa já os cercavam; os movimentos davam a entender para Younghoon que aquela seria uma conversa breve e ele entrou em pânico, pois talvez não encontrasse Changmin tão cedo em sua vida — para onde vai agora?

— Dar uma entrevista e fazer as malas — o Kim sentiu o coração palpitante apertar — não há mais nada pra mim aqui...

Por um segundo o pálido se sentiu ofendido e aguardou o outro continuar:

— Apenas você, eu acho que eu amo você. — Recém-acostumado a fazer escolhas livremente, Changmin havia escolhido falar o que realmente sentia — Kim Younghoon, eu nunca senti isso na minha vida toda.

Os dois se abraçaram novamente, dessa vez havia pressa e ambos sentiram que se despediam um do outro. Changmin enxugou suas lágrimas no ombro do mais velho que se encontrava paralisado e com os lábios entreabertos, com a mesma expressão que sempre fazia quando escutava o outro falar. Ao se soltarem, o Ji sorriu, finalmente, fitando o rosto choroso do Kim.

— Você sempre faz isso quando eu falo.

Então Sangyeon os alcançou e, sorrindo, ele se afastou. Younghoon não teve tempo de responder aquelas palavras tão doces que recebera ou de falar qualquer outra coisa. Também sabia que não poderia ser egoísta em pedir que não fosse embora.