Fogos de artifício e arrepios

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— Você podia abrir uma escola — Younghoon pensou naquela conversa por três dias consecutivos — não deve custar muito para você.

O jeito meigo que Changmin o olhava lembrava o Kim da inocência do garotinho na pista pública que ele ajudou, o ensinando a patinar. Pensar em como pequenos gestos de ajuda e solidariedade podiam modificar um futuro inteiro era algo novo para Younghoon.

Voltando a pista pública mais duas vezes naquela semana para patinar e refletir, o garoto rico da Coréia decidiu que abriria sim uma escola, e faria o possível para que fosse direcionada para pessoas que normalmente não podem pagar um treinamento. Era esse o seu novo desafio — além de encher seu coração de esperança com a perspectiva de repassar seus conhecimentos para uma nova geração, o deixava bastante ocupado fazendo pesquisas e lendo bastante sobre as escolas de patinação na Coréia. Ele também nunca havia estudado sozinho em sua vida, fazer aquilo era como conquistar uma autonomia que Younghoon não sabia que tinha.

Aquele movimento quase o fez esquecer dos olhinhos meigos de Changmin, seu sorriso tímido e seu cabelo molhado de suor. Os toques, os beijos. Quase. Os momentos grudaram na pele dele e, como se fossem tatuagem, se recusavam a sair. Ele pensava em tudo de novo antes de ir dormir e quando acordava, principalmente pois o Ji não havia dito o que ambos seriam depois que a competição acabasse, tampouco dissera quando o veria de novo. A expectativa fazia Younghoon se encolher sob o cobertor.

E assim a semana passou, e o estimado dia da abertura dos jogos de inverno chegou. Younghoon passou o dia pensando no que vestiria para ir até o estádio e ver a abertura, e mais que nisso, teorizou se teria oportunidade de ver Changmin pessoalmente, antes ou depois da cerimônia.

— Não vai amarrar os cadarços? — Perguntou Hyunjae o vendo todo distraído com o próprio reflexo. Younghoon estava sentado na cama, já vestido numa blusa branca estampada e numa jaqueta de couro estilosa. Hyunjae se aproximou e sentou no chão para amarrar os cadarços do amigo enquanto ria dele. — Pronto. Agora me diz o que houve.

— O de sempre, irmão — respondeu o Kim — nem dá mais vontade de falar sobre.

— Mas você vai tentar mesmo abrir a escola?

— Vou.

— Então já são planos para o futuro — Por que o Lee sempre falava o que Younghoon precisava escutar? Também sempre parecia ler seus pensamentos — Não fique ansioso. Hoje a noite vai ser exatamente como planejamos: vamos assistir as delegações desfilarem, vamos ver os fogos, as danças e então vamos sair pra beber um pouco.

— Só nós dois? — Younghoon estranhou.

— Não. Hwall e Juyeon vão também. Por que acha que eu passei esse perfume? — Hyunjae estendeu o pulso até o nariz do Kim para que ele sentisse a doce e forte fragrância de cravos.

— Dá pra ficar bêbado só cheirando isso — Younghoon retrucou em brincadeira e o Lee respondeu com um peteleco em sua testa.

— Anda, hyung.

Então os dois jovens saíram e foram caminhando alguns metros até a entrada do estádio principal da vila olímpica onde a cerimônia aconteceria. Seus vouchers de visitante validavam suas entradas por um portão mais discreto, longe das câmeras e dos fãs dos mais diversos esportes, a entrada dava para um corredor meio confuso cheio de seguranças que depois levava para uma área VIP nas arquibancadas. Ao entrar por aquele "cantinho" Younghoon e Hyunjae esbarraram com diversos atletas renomados do hóquei, do curling, esqui e snowboard, e patinadores aposentados de diversos países.

— Finalmente eu e o Johnson Wallace temos algo em comum — Hyunjae falou sobre seu ídolo veterano da patinação — nós dois estamos de fora das Olímpiadas desse ano.

The Boyz ! On Ice - Segunda TemporadaWhere stories live. Discover now