Stealing Fire

63 5 3
                                    


Alycia Debnam-Carey

Gravação The 100, 2 Temporada episódio 14

-Huh, vai beijar a crush hoje, qual a sensação? – implicou Richard e eu joguei uma escova de cabelos nele. Estávamos no meu camarim, eu terminava de fazer a maquiagem de guerra da Lexa e ele, já vestido de Murphy, só me zoava. – Até eu senti a tensão sexual de vocês naquela cena que a Clarke prende a Lexa contra a mesa, falando da Costia e dos 300 soldados mortos.

Há umas semanas atrás, contei pra ele no meu interesse pela Eliza. Interesse que achei ser correspondido até um certo ponto, pois eu tinha certeza que ela flertava comigo. Mas é claro que era tudo na minha cabeça, pois ela tinha um namorado, cujo relacionamento parecia ser perfeito. Um certo dia, quando nós recebemos o script deste episódio no qual nossas personagens finalmente iriam se beijar, acabei fazendo uma piada sobre ela se apaixonar por mim. Desde então não houve mais flertes, até nossas conversas pareciam ser moderadas.

Neste dia, contei pro Richard, e ele disse que já havia percebido algumas interações nossas, o que me fez pensar se realmente estavam apenas na minha cabeça.

Não que importe, pois ela e Bob estão melhores do que nunca.

-Cala a boca, Richard. – respondi enquanto o olhava pelo espelho. – Isso se chama "saber atuar", mas sei que você não tem muito conhecimento sobre isso. – obviamente eu estava brincando e ele riu. – E quanto ao beijo, é só mais uma cena normal.

-A quem está tentando convencer? – ele disse e eu revirei os olhos. – Tenta não babar muito, garotas geralmente não gostam. – ele disse rindo, se referindo ao beijo de nossas personagens.

-Quem disse que eu preciso de você me falando o que garotas gostam? – falei e ele riu mais ainda. - Vamos logo.

Chegamos ao set, Eliza, Marie e outros atores gravavam. Enquanto não me chamavam para gravar, eu ia repassando o texto com Richard.

...

"Você me chamou?" disse Clarke ao entrar na tenda.

"Sim" respondeu Lexa. "Octavia não tem o que temer quanto a mim. Eu confio em você, Clarke." Falou a comandante com o olhar baixo.

"Eu sei como isso é difícil pra você." Clarke disse se aproximando. Lexa se virou para ela.

"Você pensa que nossas maneiras são pesadas, mas é como nós sobrevivemos."

"Talvez a vida deva ser mais do que apenas sobreviver. Não merecemos mais do que isso?" Clarke disse refletindo.

A comandante respirou fundo e abaixou seu olhar para os lábios de Clarke.

"Talvez sim."

Lexa então deu um passo a frente e segurou a nuca de Clarke.

-Corta! – gritou o diretor após Eliza se afastar bruscamente de mim. – A Clarke beija a Lexa antes de se afastar, Eliza. Temos algum problema?

-Uh, hm, não. Quer dizer, não gostei muito da minha atuação. Podemos fazer um intervalo? – Eliza diz para o diretor porem o seu olhar está em mim, que neste momento devo estar com um ponto de interrogação desenhado em minha testa.

-A cena estava perfeita! – disse ele lamentando. – Não esqueça que o diretor sou eu. Cinco minutos!

-Está tudo bem? – eu perguntei pra ela após todos saírem do set, restando nós duas e algum pessoal da equipe de filmagens.

-Pode vir comigo? – ela disse e eu, sem entender nada, apenas concordei. Entramos em seu camarim e ela indicou que era pra eu sentar, enquanto ela andava de um lado pro outro. – Estou nervosa.

-Por que? – perguntei com medo da resposta.

-Eu não sei. É esquisito eu querer te beijar desde a primeira vez que te vi e não querer que isso aconteça em frente às câmeras? – Eliza disparou em um só folego e eu demorei alguns segundos pra assimilar o que ela disse, como se tivesse repetindo as palavras dela em câmera lenta em minha mente. O que?

-O que?

-Eu nem sei se você tem um namorado. – ela continuou sem se preocupar com a minha cara de pânico. – Quer dizer, eu tenho um namorado.

-Não tenho namorado. – respondi rapidamente antes que ela mude o rumo da conversa. Eu gosto desse rumo atual.

-...E também nem sei se você gosta de mulher...

-...Gosto sim...

- A gente devia treinar, certo? – ela continuou seu raciocínio andando de um lado pro outro. – A gente vai ter que se beijar na série, qual o problema de praticar antes?

-Faz sentido – respondi baixinho, após me levantar da poltrona onde me encontrava e segurando seu rosto, a fazendo parar de andar.

Olhei seus lábios tão convidativos e seus olhos tão azuis. Ela, que antes estava inquieta e ansiosa, agora parecia calma e tranquila. Encostei nossos lábios devagar e comecei um beijo lento e muito intenso.


- E foi assim que começou a desgraça. – falei olhando para Nádia, que ria da minha história. Estávamos na festa de despedida de temporada ainda, acho que já se passaram umas duas horas desde que todos os atores da série foram embora, e só restou a equipe de limpeza, os barmans e, claro, Nádia e eu. A mulher fez questão de ouvir atentamente minha historia com Eliza, e é claro que eu estava bêbada quando comecei a falar e estou bem pior agora. – Desde então ela faz o que quiser comigo. 

Tragedy - ElyciaWhere stories live. Discover now