3. O príncipe perdido

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– Mais uma vez!

Meu pai, Elmo Hematita, pedia para que eu repetisse infinitas vezes as magias que me ensinava, mesmo sendo tão criança. Todos os dias, depois que voltava da escola localizada bem no centro do nosso lado do reino, ele me dizia e explicava como realizar tais magias.

Normalmente algumas fadas da minha idade sabem poucas e leves magias, como criar uma flor, atrair animais, conduzir uma pequena brisa e outras coisas do tipo, mas meu pai insistia para que eu aprendesse coisas avançadas.

– Por que eu tenho que fazer essas magias mais avançadas?

– Não é tão avançado tentar movimentar a água. Crianças da sua idade movimentam o ar assim como você.

– Mas não água! Você sabe que é mais complicado – disse sentando em um banco de madeira próximo ao balde de água que papai deixou para que realizasse a tal magia.

– Eu sei que é, mas acredito que você será incrível como sua mãe. Ela era a mais evoluída da classe dela, e acabou conquistando um guarda real – disse dando uma piscadinha.

Eu adorava a história de romance dos dois, uma fada, que ele sempre ressalta ser ótima em magia, que se apaixonou pelo fada da guarda real, meu pai. Ele sempre foi muito bonito, suas asas eram fortes e pratas com bordas pretas, era musculoso na medida certa e alto, um verdadeiro guarda, mas depois que perdeu parte da perna esquerda, como ele conta, veio morar com a mamãe na pequena casa que até hoje moramos, próximo da floresta Valsun.

Ele evitava falar sobre a mamãe, ela morreu alguns meses depois que nasci, mas era muito parecida comigo, os cabelos, o sorriso, a teimosia, de tudo um pouco pelo que meu pai pouco contava. Uma vez, me peguei perguntando qual era sua jóia ou pedra, se era uma Rubi como eu. Cada fada passa por uma espécie de conexão na qual recebe sua rocha. Por causa dessa conexão, garimpeiros como meu pai são valorizados, não financeiramente, e por isso cada pessoa recebe um sobrenome que faz referência à sua pedra. Papai era um Hematita, representava proteção e eu era Rubi, um pouco mais desconhecido que outras fadas, mas não tão único. Rubi representa o vermelho e por isso trás consigo vários significados, pode ir de amor até o sangue. 

– Veja, concentre-se na água, sinta, como faz com toda sua magia, liberte.

Eu focava naquelas palavras repassando-as várias vezes em minha mente, "concentre-se, sinta, liberte, sinta, concentre-se, li-ber-te!!!"

– AH!!! – gritei.

– Bom, já é meio caminho andado – papai dizia enquanto se sentia feliz pelo meu pequeno avanço mágico de suspender a água e ria por ela ter caído em mim como uma chuva particular.

– Por hoje está ótimo! – disse me levantando e entrando em casa.

Se já não bastasse ter que aguentar fadas, e humanos que surgiam na escola, me dando aula sobre tudo, ainda tinha que aprender as magias mais fortes. Cada fada possui seu tempo, algumas demonstram grandes magias, outras permanecem nas mais tranquilas, mas pelo visto meu pai discorda disso.

– Ei, não fique brava comigo, é para o seu bem – disse logo após entrar e se sentar onde eu estava, na nossa pequena mesa para refeições.

Nossa casa era simples, construída de madeira, havia apenas um andar, mas era extensa para possuir os cômodos necessários, incluindo um quarto só meu. Além disso, a maioria dos nossos objetos eram de madeira ou vidro. Como todas as outras fadas, não usamos ou encostamos em ferro por doer, nunca testei, já que nunca fui para o lado dos humanos, mas era o que todos diziam.

– Eu sou só uma criança, não preciso dessas magias!

– Mas um dia precisará.

– Os humanos não possuem magia e pelo visto estão bem.

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