26. Trabalho em Dupla

37 7 40
                                    

  Scarletty estava realmente dormindo, encolhida na cadeira. Terminei meu último pedaço da sobremesa e esperei um pouco. Minutos depois, decidi levá-la, ela definitivamente não iria acordar. Abri a porta para que pudéssemos passar e voltei para o lado dela.

— Com licença — sussurrei.

Peguei Scarletty no colo. Ela era bem leve, como uma borboleta. Das vezes que precisei fazer isso, ou ela estava machucada ou estava dormindo, raramente a tocava dessa forma. Coloquei a flor em sua barriga, passei cuidadosamente pela porta e fui para o corredor deixando a sobremesa para trás. O som da chuva sumia à medida que nos distanciávamos.

— Max? — ela sussurrou no meu colo de olhos fechados.

— Sim?

Diminuí ainda mais a velocidade para que não a acordasse, mas ela ficou em silêncio, apenas colocou a mão na flor. Suas unhas não estavam longas como antes, quando sempre a avisava para não comê-las. Provavelmente ela ficou retirando os pedaços durante esses dois meses sem perceber, mas estavam bonitas, pintadas de vermelho e dourado.

Quando cheguei no quarto de Pietra não sabia exatamente o que fazer. Alguns guardas ficaram me observando, esperando algo, mas não podia entrar num quarto cheio de Damas. Fingi normalidade. Indiquei onde estávamos e pedi para um guarda guardar a sobremesa e arrumar o local, depois, fui até o quarto da Scarletty, pedindo direção para alguns funcionários, um caminho um pouco longo para se percorrer.

— Obrigado — agradeci ao guarda que abriu a porta do quarto. — Vou deixar você aqui — sussurrei para Scarletty.

Coloquei ela na cama e tentei cobri-la, mas ela fez isso automaticamente.

Por curiosidade, fui ao escritório perto da varandinha. Havia livros de introdução para economia, regras do reino, estrutura do mercado, administração e vários outros que já conhecia. Também tinha alguns sobre magias, principalmente sobre o fogo, seu controle e medidas de segurança. Os papéis tinham mais rabiscos que informações, alguns ramos de flores, corações ou símbolos do fogo no meio das anotações, todos feitos por Scarletty. Notavelmente, ela estava mais tentando entender essa loucura do que realmente produzindo algo.

— Príncipe? — uma voz sussurrou atrás de mim.

Me virei assustado, era apenas uma funcionária, mas não aquela que me ajudou com a flor e a adaga de Kira.

— Perdão, estou saindo.

— Tudo bem, pode ficar. Vou deixá-los a sós, com licença.

— O que? Eu...

Ela saiu e fechou a porta antes que pudesse dizer algo. Não entendi nada, então decidi ser rápido, apenas sussurrei um "boa noite" para Scarletty e fui para o meu quarto dormir.

No meu corredor, Luka estava em um pequeno sofá tomando algo em uma xícara. Ele usava roupas largas e marrons, com um estilo que sempre o acompanhava.

— Olá, Max.

— Olá. Estava com Nihil? Não está com roupas de dormir.

Ele apoiou a xícara no colo e me sentei ao lado dele.

— Sim, ele é interessante, pena que impaciente.

— Você se acostuma. Além disso, se ele aprender algo, me diga imediatamente, a Rainha Obsidiana não quer que ele fuja e se isso acontecer, será minha culpa.

— Certo.

— Você está bem?

— Sim. E você, onde estava? — sua voz carregava tristeza, mas não questionei.

Espadas & MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora