24. Príncipe Humano, é isso que sou?

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  Príncipe Humano, é isso que eu sou?

Entrei no castelo depois de sair do local de treinamento das Damas. Sem guardas ou funcionários me acompanhando. Fiquei repensando nas conversas que tive com Scarletty enquanto subia as escadas do castelo. Será que ninguém visita o garoto da masmorra? O que planejavam fazer com os gnomos? O trabalho da Scarletty estava difícil? Provavelmente a rainha está ocupando o tempo dela com trabalhos da Dama anterior, ou alguns pendentes. Eu poderia pedir para que a Rainha cancelasse todos os trabalhos, mas ela jamais faria isso. Havia uma última opção, uma péssima ideia, mas não custava arriscar, apenas se desse certo, pois me custaria muito caro.

Perguntei aos guardas dos corredores onde estava a Rainha. Eles não sabiam com exatidão, mas, por deduções, fui ao escritório dela. Bati três vezes na porta e abri. Ela estava sentada, com um vestido preto, cercado de joias, com uma fenda peitoral e mangas feitas de um tecido quase transparente, em sua enorme mesa. Papéis e livros por todos os lados, estava acostumado com a bagunça. Em suas mãos, uma pena branca com mínimos detalhes de enfeite.

— Bom dia, minha Rainha — disse me curvando.

— Bom dia, Príncipe Max. O que deseja tão cedo? Por favor, seja direto.

— Serei. A Dama do Fogo poderia possuir mais tempo livre?

Ela me olhou sem compreensão e fez a pena flutuar com magia de ar ao lado do papel que estava em sua frente, juntando suas mãos sob a mesa.

— Devido a passagem de uma Dama para a outra, a atual deve refazer alguns arquivos incompletos e tenho que adaptá-la ao trabalho, principalmente agora que ela não conhece o palácio. Além disso, o tempo restrito me proporciona ordem.

— Compreendo, porém, se for possível, eu aceito os trabalhos da Dama do Fogo. Tenho certeza que há assuntos que não são de extrema importância, então, apesar de todas as regras, eu aceitaria o máximo possível.

— O senhor é muito gentil, príncipe. Entretanto, você está muito ocupado.

— Sou capaz de fazer todo o trabalho que me entregar, ao menos deixe que ela conheça um pouco o palácio, se divirta com as Damas e relaxe.

— Por qual motivo eu aceitaria sua proposta?

Não conseguir falar. Não podia falar sobre o garoto ou os gnomos. Não podia falar de uma forma sentimental. Não tinha razões para ela aceitar, era apenas uma bobagem de jovem.

— Com todo respeito, minha rainha, Scarletty é uma pessoa muito especial e vê-la ocupada todo tempo, com o mesmo trabalho e cansaço que tenho todos os dias, me deixa indignado. Estou pedindo apenas como amigo, sem motivos maiores. Adoraria saber que ela se divertiu com outras garotas, conheceu toda a riqueza de seu belo palácio e fez outras bobagens que talvez para ela signifiquem muito. Não precisa aceitar a minha proposta, eu sei que é horrível, sem sentido e que provavelmente pode me deixar noites sem dormir, mas é importante para mim tentar convencê-la de deixar Scarletty descansar. Sinceramente, ela odeia vestidos vermelhos, não entende quase nada do que está trabalhando e acredito que odeia ficar presa em um escritório. Ela ama sorrir e ver a Harmonia fluindo em detalhes, gosta de proteger e cuidar das pessoas. Ela não se importa com a quantidade de joias que tem na roupa dela, se vai ter mais ou menos trabalho, mas fará tudo o que a rainha mandar. Então como nossa rainha, por favor, me deixa ajudá-la.

Ela ficou em silêncio, também não esperava falar tanto.

— Tenho apenas uma pergunta, seja sincero, ela pediu para você dizer isso?

— Não — respondi.

— Vejo verdade em você. Não precisava do discurso, mas foi convincente. Tire a manhã e a noite de folga, darei folga o dia todo para a Dama do Fogo também. Amanhã, vou cancelar seus compromissos e trabalhará com ela, com uma condição.

Espadas & MagiaWhere stories live. Discover now