Mais um sábado, entro no bar que vou quase todo fim de semana com minhas amigas, mas desta vez, estou sozinha.
Preciso de um tempo só pra mim também, sento no balcão e peço uma bebida sem álcool, preciso voltar sóbria pra casa, já que não tem ninguém pra me levar pra casa hoje.
Inconscientemente meus olhos buscam uma mesa em específico e lá está ela, como sempre. Não há um dia em que eu venha aqui e ela não esteja, sempre na mesma mesa, sempre sozinha. Eu nunca a chamei pra conversar ou pra se juntar ao meu grupo, algo nela faz com que eu não consiga parar de olhá-la, a vontade estranha de sentar e conversar com ela é grande, mas sempre tentei colocar minha cabeça no lugar e ignorar esse fato.
Vejo ela olhar em minha direção e viro a cabeça, pegando minha bebida com o barman. Misturo a bebida com o canudo e dou uma bebericada, não é tão legal vir a um lugar desses sem companhia.
Olho pro lado e um homem sorri pra mim, reviro meus olhos internamente e me concentro na bebida a minha frente.
Devo ir falar com ela ou não? Se eu for, posso me arrepender por estar atrapalhando ou algo do tipo e se eu não for, vou me arrepender de mais uma vez ir embora com a curiosidade me sufocando.
Me levanto do banco e vou até a sua mesa, algo quer me fazer dar meia volta e ir embora, mas algo mais forte ainda me leva em sua direção. Quando menos percebo, estou parada olhando pra ela.
- Você vem sempre aqui, certo? - Pergunto. De onde saiu essa bobagem?! Agora que já fiz o favor de perguntar isso, não vou me surpreender se ela manda eu ir cuidar da minha vida -
- Você deve saber já que não tira os olhos de mim quando entra aqui - Ela para de mexer na bebida e olha pra mim -
- Eu te olho porque você me olha - Me defendo -
- Coitada - Ela diz em tom de deboche - Se você quer pensar assim, eu não ligo
Fico indignada com tamanho atrevimento da parte dela e me sento no pequeno sofá a sua frente, ela me olha com cara de quem está se perguntando "o que ela tá fazendo?"
- Eu te convidei pra se sentar? - Ela solta -
- Não, mas eu sentei mesmo assim. Deve ser por isso que você tá sempre sozinha, tão mal educada!
- Eu sou educada com quem eu quiser, eu nem te conheço
- Prazer, S/n
- Eu não te conhecia e nem fazia questão de saber seu nome
- Por que você é tão rude? - Pergunto sem entender - O que eu te fiz?
- Veio me incomodar no meu momento de paz
- Você não acha triste estar sempre sozinha? - Ela larga o canudo e me encara sem paciência -
- Não, eu não acho. Volta pro seu lugar e continua a flertar com os homens do balcão, eu quero ficar sozinha
- Então você tava realmente me olhando? - Sorrio - Eu não tava te olhando, por que você tava olhando pra mim?
- Que irritante - Ela diz baixo enquanto massageia suas têmporas - Meu nome é Jisoo, satisfeita?
- Um pouco - Digo - Já que tive a coragem de vir até aqui, preciso perguntar... por que você tá sempre sozinha?
- Isso não é da sua conta
- Fim de um relacionamento? - Penso na hipótese -
- Me poupe
- Problemas no trabalho?
- Qual é o seu problema? Qual parte do vai embora e me deixa em paz você não entendeu?
- Você quer mesmo que eu vá?
- Você pode ficar se calar a boca
- Então você quer que eu fique?
- Quieta!
Fico um tempo a encarando, em silêncio, enquanto ela pede uma bebida atrás da outra
- Como você consegue chegar em casa depois de beber tanto?
- S/n, querida, o que eu bebo ou deixo de beber não é da sua conta
- Não foi isso que perguntei - A retruco. Acho que a entendi, aja como ela -
- Eu não vou pra casa
- Você ainda sai depois daqui? Como você consegue? - Pego a bebida da sua mão e dou um gole no líquido verde - Credo - Digo depois de engolir -
- Fraca - Ela tenta pegar o copo, mas desvio dela - Pode me devolver?
- Não. Por que você tá sempre sozinha?
- Você ainda tá tocando nessa tecla? Eu to sozinha porque eu quero
- Ninguém fica sozinho porque quer
- Eu fico
- Não faz mal nenhum conversar, sabia? Eu posso sair daqui depois e fingir que não sei de nada, posso fingir que continuo sem saber o seu nome
Passamos tanto tempo em silêncio novamente, que deu tempo de eu conseguir beber toda aquela bebida verde ruim
- Minha mãe tá no hospital - Levanto a cabeça surpresa por ela finalmente se abrir. Seria o efeito do álcool? Seria o fato de eu ficar perguntando incansavelmente? Seria pelo silêncio ensurdecedor? A única coisa que eu sei é que não vou atrapalhar esse desabafo - Ela tá em coma a 2 meses, os 2 meses mais longos da minha vida inteira. Eu posso tá sozinha, posso tá somente com meus piores pensamentos, mas quando venho aqui e vejo tanta gente, tantas vidas e histórias diferentes, posso sentir um pouco de esperança e esperar por um amanhã melhor. Não importa o quanto eu deseje que amanhã seja melhor, sempre é a mesma coisa ou até pior. Beber não vai fazer nada melhorar, mas quando eu sinto a bebida arder na minha garganta, eu posso me sentir minimamente viva, minimamente com vontade de viver. Quando você vem aqui e te vejo com suas amigas, rindo e se divertindo, sinto uma vontade inexplicável de ser assim, sinto algo bom e seria ridículo eu dizer que gostaria de ter alguém assim mais perto. Enfim, - Ela deixa uma quantia de dinheiro encima da mesa - Não sei como será o próximo fim de semana, mas por enquanto, é melhor fingir que essa noite não aconteceu
Ela se levanta e vai em direção a porta, saindo do local. Uma sensação estranha toma conta de mim, não sei se fiz bem em ter matado a curiosidade
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É REAL BLINKS, JÁ PODEM COMEÇAR A ACREDITAR QUE DIA 26 VAMOS VER NOSSAS MENINAS!
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