O começo da estrada

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Foi apenas uma troca de olhares, o encontro por acaso, ou maldição do destino. Quem somos nós para negar ou esconder, nascemos com um lado ruim, nascemos com podridão, ou adquirimos quando nossa inocência morre?

Enquanto algumas pessoas vivem suas vidas pacatas sem serem julgadas, outras vivem cada segundo tão intensamente que nem lembram de ouvir as críticas, quem é você e de que lado está?

Você está seguindo todas as regras?

Está sendo boazinha?

Não posso mentir, e para contar essa história, preciso ser completamente sincera. Eu era boazinha. Eu era uma garota com moletom solto e sem maldade nos olhos. Acostumada com um sexo carinhoso e aprisionando o mal que havia dentro de mim.

Quem sou eu? Ou quem eu era? Pois quem sou, já não sei mais. Já desconheço o que tomou conta de mim, se era uma segunda personalidade que ainda não havia dado as caras, agora estava agindo. Estava no controle.

Eu era boa, como mencionei, era calma, jamais pensei que tivesse alguma fantasia sexual. Jamais pensei que mudaria de ideia tão rápido.

A bondade que havia em mim padeceu em menos de um ano, lutando entre duas mulheres, duas pessoas, duas de mim. Morreu, juntamente com a minha inocência. Meu sorriso mudou. Meu olhar mudou. Tudo mudou.

Qual o motivo de julgarmos, se somos todos tão podres? Eu queimei, e não posso mentir, foi delicioso.

Há menos de um ano eu ainda sonhava com um casamento lindo e abençoado, me via entrando na igreja de branco, com um salto médio e fino, cabelos amarrados e um véu, provando o quanto era inocente e estava preparada para uma vida de casal, de fidelidade e amor, de carinho, cumplicidade, amizade.

Onde ela está?

O sexo não fazia um papel importante mas minhas decisões, sabia que tinha muito desejo guardado entre minhas pernas, mas não ao que estava destinado ou qual era seu gatilho.

No meio da noite, meu corpo suava, se contorcia enquanto minha respiração ficava cada vez mais ofegante. Eu podia sentir na pele os toques que via em meus sonhos, mãos grandes e dedos longos, apertando minha cintura com tanta força que queimava, mas entre minhas pernas, apesar do fogo que tinha meu corpo, lá estava tudo molhado, encharcado.

Toda vez que fechava meus olhos, o fogo começava, como se estivesse surgindo algo muito maior.

Estava eu perdendo a minha sanidade?

Talvez precisasse sair mais, ler mais, ocupar minha mente com coisas boas, mas não era isso, uma coisa incrível?

O moletom solto, escondendo as curvas legítimas de uma brasileira, peitos pequenos e bumbum grande, atrás de tecidos largos. Uma saia lápis e justa logo se acertou no meu quadril e descendo pelas minhas coxas grossas.

O sutiã apertado que costumava usar para apertar os peitos pequenos e não chamar atenção, logo foram trocados por bicos pontudos marcados em blusinhas leves e transparentes de cetim.

As calcinhas tangas, foram deixadas de lado por calcinhas de renda, sensuais. E quem nunca usou meia, adorava se fantasiar.

Enquanto em um jantar de família, era a mais queira, nunca ousava falar uma só palavra além do básico. Como está a faculdade? E os planos do casamento?

A pasta de inspirações para o casamento salvas no Pinterest, logo desapareceram.

E não foi um processo demorado, foi rápido, em menos de 12 meses. Tudo mudou.

Porque sermos tão bons, se é tão bom não seguir a linha?

O processo de mudança não é incrível? Não existe um freio que possa segurar, nem um feitiço que possa desfazer. Quando começa, nada faz parar.

A beleza, a sedução, o poder, está dentro de nós. Enraizado.

Me diga, o que você quer?

O que quer saber de mim?

Quer me julgar quando eu virar as costas?

Você vai se perder. Em mim. Na minha escuridão.

INTENSEWhere stories live. Discover now