Brincadeiras

763 78 30
                                    

Pan não se moveu. Mudei a direção do meu olhar para suas mãos. Ele segurava uma maçã muito vermelha e brilhante. Continuou me encarando, enquanto seus olhos brilhavam, ansiosos. Rapidamente os meninos aceitaram o convite do garoto - que pareceu mais uma ordem - e se levantaram apressados. Com as armas em punho, formaram um grande círculo delineando a clareira. Fiquei bem no meio da roda, sem entender, paralisada.

Ficou claro que eu não deveria me juntar ao circulo deles quando mexi minha perna e no mesmo instante Peter subiu a mão para me fazer parar, então esperei que dissesse alguma coisa. Não falou uma palavra sequer. Um silêncio quase mortal pesava sobre o acampamento, todos olhando para seu líder enquanto ele fitava meus olhos castanhos. Alguns segundos depois, Peter Pan começou a andar lentamente em minha direção.

Quando chegou perto, pegou minha mão e gentilmente me entregou a maçã, dando um sorriso frio a centímetros do meu rosto. Logo em seguida, deu alguns passos para trás.

— Félix, traga uma flecha e a besta! — ele gritou para o outro lado.

Félix apareceu do fundo da clareira e entregou nas mãos de Pan o que lhe foi pedido. A arma era feita de uma madeira escura e gasta. O garoto a ergueu na altura dos olhos para examiná-la.

 O garoto a ergueu na altura dos olhos para examiná-la

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Então, se virou para mim novamente.

— É um jogo simples. Eu chamo de tiro ao alvo.

— Muito original.

Diante desse comentário, Pan deu uma risada.

— Espero que saiba atirar. — ele sorria enquanto falava, se divertindo com tudo aquilo. — A maçã é seu alvo, a besta é sua arma. Tudo o que você precisa fazer é acertar — ele olhou em volta. — sem acertar a pessoa que estará com a maçã na cabeça.

— Vai me fazer acertar uma flecha em alguém?! — perguntei, incrédula.

— Algo assim. Não se preocupe, você pode escolher em quem quer atirar! — um riso sarcástico passou por seu rosto.

Olhei para ele, incrédula.

— Eu nunca atirei antes.

— Ora, há uma primeira vez para tudo!

— Você não faria isso com os meninos.

Os meninos riram. Pareciam não se importar com uma garota nova atirando na cabeça de um deles. Peter sorriu orgulhoso, olhando em volta, e deu de ombros para mim.

— Todos querem brincar.

Pan se aproximou de mim e estendeu a besta em minha direção. Segurei a arma sem entender onde ele queria chegar com tudo isso.

— Quero te dar mais uma motivação... — Peter se aproximou do meu rosto e falou baixo, próximo ao meu ouvido. — A ponta dessa flecha foi mergulhada em Sonho Sombrio.

— E o que isso quer dizer?

— É um veneno extraído de uma planta que existe apenas aqui na Terra do Nunca. Um pequeno corte com essa flecha e... — e com um último sorriso, se afastou e acrescentou em voz alta. — Bom, seja gentil.

NefastoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora