v i n t e • e • c i n c o

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   Passamos a tarde na quadra com uns meninos que nos chamaram para uma pelada. Os times estavam empatados no momento, mas não estava muito focado no mesmo.

    —Presta atenção Lucas!—Henri grita para mim—Está viajando aí.

    —Deve estar pensando na morena que está dividindo o dormitório com ele—ouço um cara cochichar atrás de mim.

    —Também né, com uma gostosa daquela no meu quarto—Assovia outro—Eu comia—Fico tenso e respiro fundo para não perder a cabeça. Isso soava meio hipócrita de minha parte dado ao fato de que a apenas algumas horas atrás, eu disse que não me importava a vida de quem eu ficava, então balanço a cabeça e volto a atenção ao jogo.

    —Chega nela. Certeza de que ela te dá. Tem uma carinha de santa mas certeza que é vadia—o cara ri, e para mim aquilo foi o limite.

    Me viro e avanço contra o cara. Quando estamos no chão, levanto meu punho e começo a socar seu rosto, descontando minha raiva sobre suas palavras. Alguns caras do time se juntam para nos separar, mas não antes de eu deixar um estrago em sua face.

    —Vamos ver se ela te dá se você estiver assim, babaca—digo entre dentes.

    —Está maluco?!—O amigo dele me pergunta—Defendendo a nova putinha?—provoca sorrindo. Tento me soltar, mas os caras continuam a me segurar.

    —Puta é a sua namorada seu babaca. Devia estar me agradecendo pelos foras que já dei nela—falo, e logo o mesmo fecha a cara—Diferente de você, eu não me envolvo com gente comprometida—Termino ao tempo de ver sua mão em direção ao meu rosto. Consigo me soltar e o derrubo também, mas antes que possa socá-lo de volta, sou separado novamente.

    —Vamos logo Lucas—Henri fala, me puxando.

    —Então já tomou posse mesmo?—o babaca continua. Respiro fundo tentando retomar a paciência e o encaro.

    —Uma coisa que te falta é respeito. Primeiro que ninguém é puta apenas por transar. Você transa sozinho? Acho que não. E segundo, mulher não é posse de ninguém. Elas estão em um relacionamento assim como nós. Aprenda a respeitá-las antes de pagar de macho alfa. Vire homem—digo e viro as costas.

***

    Quando chegamos no quarto, Henrique logo me enche de perguntas.

    —Que história é essa de você e Mel?—Fala sem rodeios. Faço como prometido à morena e não entrego a verdade.

    —Eu não tenho nada com a Mel. Aquilo foi um desrespeito da parte dele. Não se deve tratar ninguém assim. Só isso—minto, desejando que fosse verdade, mas sabendo no fundo que aquele não era o único motivo da minha reação. Suspiro e me jogo na cama—Eu vou para a academia. Você vem ou não?

    —A gente acabou de sair da pelada cara. Você quer se exercitar mais!?—fala indignado.

    —Eu quero espairecer a mente—me explico e logo sorrio, encontrando um argumento infalível—E a história de ficar bonitão para Valentina hein?—o cutuco e ele logo abre um sorriso sem graça.

***

    Quando chegamos à academia, meus olhos pousam sobre Tina e Mel, demorando na morena. Reparo na sua roupa de ginástica colada no corpo e respiro fundo, desviando o olhar rapidamente.

    Henri vai direto cumprimentar a loirinha. Balanço a cabeça para as duas e vou para fundo do salão, aonde se encontram os aparelhos de levantamento de peso. Foco nos exercícios durante uns 15 minutos, evitando ao máximo olhar em direção ao outro lado da sala. Quando subo meu olhar, vejo Mel passando por
mim e indo em direção ao banheiro.

Ah, que se foda.

    Cautelosamente, sigo-a, e quando a mesma vai fechar a porta, entro rapidamente trancando a mesma.

    —O que você está fazendo?—pergunta assustada.

    —Foi mal. Não consegui segurar—digo sorrindo.

    —Você é maluco—ela ri me encarando, mas logo fica séria novamente—O que houve?—pergunta preocupada, levando as mãos até o meu rosto. A encaro confusa, mas quando a mesma encosta os dedos em minha sobrancelha machucada, entendo do que se refere.

    —Foi um cara aí, nada de mais—digo, encarando seus olhos preocupados—Poderia falar "você devia ver o outro cara", mas me seguraram antes de eu revidar—digo rindo.

    Vou me aproximando da mesma até suas costas taparem a parede. Quando a mesma sorri, a pego no colo e junto nossos lábios, com as mãos em sua nuca até que alguém tenta abrir a porta. Olho para Mel com os olhos arregalados, sem saber o que fazer.

    —Tem gente—ela grita.

    —Ah! Tudo bem. Eu espero—fala uma voz do outro lado.

    Quando vou xingar, Mel põe a mão na minha boca, faz sinal de silêncio, e me empurra para atrás da porta. Depois abre somente uma fresta e põe a cabeça para fora.

    —Então...Acontece que...o papel higiênico acabou—ela diz e eu prendo a risada—Será que você poderia falar com a recepção?

    —Ah claro! Sem problemas—diz a voz.

    Quando ouço os passos se afastarem solto a risada, pondo a mão em seu rosto.

    —Papel higiênico?!—A pergunto.

    —Você tinha alguma ideia melhor?—ela pergunta, levantando a sobrancelha.

    —Bom ponto—digo a ela, descendo a mão pela sua cintura.

    —A gente tem que sair Lucas—diz quando começo a beijar seu pescoço. Continuo mesmo assim, e quando ela parece ceder, paro de repente, olhando nos seus olhos.

    —A gente tem que sair—digo sorrindo divertido, para logo dar as costas e sair do banheiro, deixando-a sem expressão para trás.

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