Colegas de Quarto ✔️

d e z e s s e i s

•Melissa•

No dia seguinte após o almoço, seguimos todos para a aula, que como sempre, fora tediosa. Sra. Almeida passou a aula inteira explicando como seria o trabalho de sua matéria, que valeria um terço da nota do trimestre.

    Ela logo gritou anunciando que as duplas iriam ser escolhidas através de um sorteio e assim foi feito, mas quando cada aluno soube de suas respectivas duplas, se iniciou uma discussão. Eu havia caído com uma garota que não conhecia, e não tinha nenhum problema com isso. Pelo visto ela também não, pois a mesma me olhou com um olhar de tédio, que tinha certeza que estava espelhado em mim.

—Sempre é assim—ela diz—Todo trabalho em que as duplas são sorteadas dá a mesma confusão.

—E os professores não desistem não?—pergunto sem entender. A garota que descobri se chamar Lina me lança um olhar divertido.

—Alguns. Outros não. Tem uns professores que são super sérios e não mudam ninguém, alegando que precisamos aprender a trabalhar em equipe e blá blá blá...—Lina conta—A sra Almeida costuma sempre desistir e...—ela começa, mas é cortada antes de terminar a frase.

—Basta!—A professora grita, silenciando a turma—Levante a mão quem tem colegas de quarto no mesmo ano escolar—ela diz e a turma toda levanta. Levanto a minha receosa, tendo em mente aonde ela quer chegar—Ótimo. Essas serão suas duplas—bufo—Por favor, alguém passa as anotando para mim?—Na hora que ela fala meu sangue gela. Tudo bem que não é um segredo que eu e Lucas estamos dividindo quarto, mas não planejei todos na escola ficarem cientes disso.

—Eu posso professora—Bruna diz com a mão levantada, e arregalo os olhos. Se a reação dela por eu estar sentada ao lado de seu "namorado" resultara em nós limpando toda a cafeteria, nem quero imaginar o que vai ser quando descobrir que estamos dividindo um quarto.

Pois vai descobrir logo, a não ser que tenha outra solução para a hora que Bruna passar e te fazer a pergunta. Meu subconsciente me lembra.

—Terra chamando Melissa—Bruna diz, balançando a mão na frente de meu rosto—É surdez ou lerdeza?—No momento que ela pergunta, perco todos os meus medos sobre sua reação e digo, olhando nos seus olhos desafiante.

—Meu parceiro é o Lucas—aponto para o mesmo, que me olha com um sorriso travesso, sabendo da confusão que estava por vir. Volto meu olhar para Bruna, que me encara ficando cada vez mais vermelha. Na verdade tão vermelha, que temo que comece a sair aquela fumacinha dos desenhos por seus ouvidos e nariz.

—O que?!—Ela diz mais vermelha ainda, o que julguei ser impossível. Não aguento e deixo escapar uma risada.

—Acho que você está mais vermelha do que sua blusa Bruna—falo ainda rindo, o que a irrita ainda mais—Cuidado para não explodir—Na hora que digo isso, vejo que Lucas também não consegue segurar sua risada. Bruna explode (não literalmente, para minha tristeza) e começa a se aproximar de mim com os punhos cerrados e olhos que se queimassem, já teriam me transformado em churrasquinho.

Antes que a menina irritada me alcançasse, um garoto a segura e o olho agradecida. Bruna, que não ficou tão feliz com a ação do menino, deu uma cotovelada no mesmo, mas que bateu inocentemente em seu peitoral. Antes que haja tempo para algo, o sinal toca sinalizando o fim da aula, mas Bruna continua ali me encarando. O garoto que a prendia a solta receoso, pronto para segurá-la caso ela tente algo novamente. Olho em volta e percebo que restam apenas eu, Bruninha, o garoto ao qual o nome ainda é desconhecido por mim, e Lucas assistindo a cena como se só faltasse uma pipoca em suas mãos.

—Me escuta aqui—Bruna começa—Acho melhor já deixar claro. Lucas está fora do mercado, então pode ir tirando o seu cavalinho da chuva Melissa—ela diz e eu não seguro a risada.

—Olha, tem dois erros nessa sua fala flor. O primeiro, eu sinto te dizer, é que pelo o que ele falou, ele não namora não—Falei, apontando para Lucas, que me olha atentamente—Segundo, o meu cavalinho nunca esteve na chuva por aquele lá.

—Então vocês não estão juntos?—O loiro pergunta se pronunciando pela primeira vez, apontando para Bruna e Lucas com uma cara confusa.

—Nao—Lucas diz rapidamente antes que Bruna possa se manifestar. Logo o garoto pergunta novamente.

—E vocês?—ele aponta para mim e para o moreno ao meu lado.

—Não!—respondemos juntos, e logo após, vejo o olhar que o loiro mandava em minha direção.

—Que bom—ele diz me lançando um sorriso malicioso e saindo na sequência. Resolvo ignorar por
hora e me volto para Bruna.

—Olha, eu não vou perder todo o meu horário de almoço aqui com você, e já falei que não quero o seu macho, então estamos bem?—pergunto olhando para ela, que não se mexe—Bom, quem cala consente—concluo já a caminho da porta.