consideração à felicidade

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Nossa felicidade sempre está condicionada à algo. À conquistas, planos, amores, expectativas... e está tudo bem. Mas o que acontece quando nada disso nos é ofertado? Quando tudo o que recebemos é uma sucessão de fracassos e frustações que nos levam a crer que somos odiados pelo universo e por aquele que o comanda. Nesse caso, como fazemos para sermos felizes? Qual meio devemos seguir para nos manter otimistas? Os amores são superficiais, as esperanças são nulas, todas as coisas parecem dar errado e nós continuamos tentando ser bons. É interessante observar como relacionam felicidade à bondade: pessoas boas estão destinadas a sempre terem o melhor e, consequentemente, a serem felizes. Se é verdade, por que não está ao meu alcance? Por que mesmo fazendo tudo certo, a felicidade verdadeira parece tão distante de mim? Será que é por pensar nisso? Não sou feliz porque espero ser, porque desejo ser? Não a tenho porque ela, a estupenda felicidade, não surge para quem a quem a busca incessantemente? Para quem tem consciência dela, que pensa nela? Assim, como tê-la, então? Como senti-la ao toque de minha mão?

A felicidade é para quem tem coragem. Ouço essa frase dia após noite e vice-versa. Entretanto meu único medo é não ser feliz. Por que não posso abraçar a felicidade caçando por ela? De que modo ela tem que vir até mim? Eu só gostaria de poder pedir para ela entrar em mim e me fazer explodir! Pois por mais que eu me esforce, por mais que gente gente ficar bem, por mais que me engane com mentiras sobre como tudo valerá a pena em algum momento, a bendita não aparece. Aliás, será que ela boa? Será que talvez, somente talvez, ela não nos seja levemente ou totalmente nociva? Tenha, sabe, no fundo aquela pegada de egoísmo e destruição? E se a resposta for sim, o que eu pensaria então? Por Deus, eu adoraria ser desfeito dessa forma. Já pensou? Morrer de felicidade. A felicidade sublime, verdadeira e eterna.

Mas o que é isso? Quais critérios utilizamos para descrevê-la de tais modos? Quem é capaz de dizer o que seria a felicidade efêmera, fútil e passageira? Por que não se pode ser infinitamente feliz por comprar um belíssimo apartamento no centro da cidade? Por que não se entusiasmar para sempre consigo mesmo, com seu novo corte de cabelo, por exemplo? Dizem que é porque essas coisas não duram. Mas a questão está aí: nada dura. Nem mesmo a vida. Então, isso quer dizer que nunca teremos uma felicidade real? Que nunca será possível ser feliz de todo porque sempre faltará algo? Que nunca uma coisa boba nós dará uma felicidade vitalícia?
É tão injusto! Deveríamos poder escolher querê-la. Deveríamos encontrá-la com intensidade nas menores coisas e nos menores objetos também. Nem todo mundo quer ter sua felicidade atrelado a outra pessoa, nem todos querem se aprisionar dessa forma. Por que, Deus, o amor romântico tem que ser a felicidade absoluta? Acho que as pessoas deveriam ter o direito às suas próprias felicidades, pois me parece que até esse sentimento que deveria ser libertador segue um padrão.

Resquícios de SolidãoWhere stories live. Discover now