há segurança no medo...

125 10 1
                                    


Ó, temor, terrível e insano temor
Já diziam eles que trazes imensidão de dor
Assim não te vejo, entretanto
À tua base crio fortalezas e recuo em prantos

Choro para dentro, sangro sozinho
Surgistes após tantos desatinos
Por todas as tortuosidades do meu triste solitário caminho
Pés cravejados dos mais afiados espinhos

Contudo, temor, não te temo
Estranhamente, compreendo
E para tu, me empenho
Em ti, a vida torna-se um monogâmico desenho

Imutável e seguro, sem nuances e absurdos
Sem explosões ou eufóricos abusos
Com o preto e branco de fantasmas obtusos
Justifico-te em meu âmago pontudo

Medo de ser esquecido que não deixa-me sequer tentar ser lembrado
Medo de ser ferido que não permite-me sequer ser alcançado
Medo de ser restringindo que não me possibilita ser libertado
Medo de ter morrido sem ao menos o amor ter vivenciado

Sombriamente jocoso quanto nossos demônios nos acolhem
Em tempos nos deixam, encolhem, escolhem
Da mágoa quente nos protegem
À indiferença fria nos submetem

Então, abraço-te
Vivencio-te, desfaço-me
Pois o melhor a ser sentido é o nada
É o gélido cômodo tranquilo vazio

Resquícios de SolidãoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt