—Relaxa, tá tudo bem.

    —Sério mesmo? É que eu to precisando de um dinheiro, e isso está me ajudando no momento. Mas eu não sou nenhum criminoso não, pelo amor de deus...—ele tagarela.

    —Calma Marcos! Eu tenho amigos na minha antiga cidade que fazem o mesmo, não da em nada. Não vou falar.

    —Obrigada mesmo! Não sei nem como agradecer. Se precisar de alguma coisa, só falar.

    —Tá tudo bem!—digo, mas depois tenho uma ideia—Na verdade, será que você pode me passar seu telefone?

    —Acho bom avisar, eu gosto da mesma fruta que você—ele diz apreensivo e eu rio.

    —O número é caso eu precise de uma ou duas identidades...—digo o encarando.

    —Ah claro! Só não deixa ninguém ficar sabendo que sou eu, por favor. Tento manter minha identidade segura caso caia na boca errada—pede ele e balanço a cabeça concordando. Ele me passa seu número e depois nos despedimos.

    Volto meu caminho em direção à academia, e quando chego os meninos estavam saindo.

    —Fala Mel!—Henri diz me abraçando. Retribuo o carinho e depois aceno com a cabeça para Lucas.

    Ando até minha garrafa e quando volto, vejo que eles estavam à minha espera. Quando os alcanço, Lucas começa a falar.

    —Melhor?

    —Bastante. Minha ressaca só aparece de manhã—digo e ele assente com a cabeça.

    —A minha também—diz e olha para Henrique—Você eu já conheço a um tempão e ainda não sei como é. Um dia vou te embebedar de verdade só para ver como você fica no dia seguinte—ele fala e todos rimos.

***

    —Eu vou tomar banho primeiro!—grito assim que entramos no quarto.

—Ta bom criança de cinco anos!—Lucas diz com as mãos para o alto rindo como se estivesse se rendendo. Sorrio vitoriosa e viro para pegar minhas coisas, mas uns segundos depois ouço uma porta se fechar. Lucas havia entrado no banheiro antes de mim.

    —Lucas seu desgraçado! Abre essa porta. Eu falei que ia primeiro! Não é justo—gritei contra a porta, enquanto batia na mesma.

   Continuei batendo com força até que a porta se abre com tudo, me desequilibrando. Fecho os olhos, me preparando para acertar o chão, mas caio na verdade em cima de algo macio e quente.

    —Oi—Lucas diz por baixo de mim com um sorriso irritantemente perfeito no rosto.

    —Oi—digo assustada sem saber o que mais falar. Dado ao nosso tombo, nossos corpos então colados, e os rostos tão perto que posso sentir o ar saindo do mesmo. Depois de alguns segundos ouvindo apenas nossas respirações, balanço a cabeça retomando a consciência. Apoio as mãos em seu peito na intenção de me levantar, mas quando tento, sou rodada para baixo e Lucas para em cima de mim.

    —Por que sempre faz isso?—ele diz buscando meus olhos.

    —Isso o que?—pergunto confusa, sem poder me concentrar direito com nossa proximidade.

    —Balança a cabeça como se estivesse saindo de um transe. Você sempre faz isso—ele diz, ainda me encarando curioso. Eu não sabia o que responder, afinal, o que poderia dizer?

    Ah, é que eu me perco reparando em você, na nossa proximidade, sabe? Resumindo, eu me perco quando fico perto de você. Nada de mais não.

    Enquanto Lucas olhava para mim esperando por uma resposta, alguém bate na porta e acho que nunca algo resumiu tanto a expressão "salvo pelo gongo".

    —Lucas! Seu celular ficou comigo!—Apesar de estar abafada pela porta, reconheço a voz de Henrique.

   —Vai tomar seu banho Lucas. Eu pego seu celular—Digo e saio de seus braços o mais rápido possível. Quando chego na porta do quarto, o banheiro já estava fechado novamente.

Colegas de Quarto ✔️Where stories live. Discover now