-- Tenho mãe. E você deveria estar contente por isso, você vai ter um motivo perfeito pra ir passar férias em Londres. – Digo tomando a iniciativa de abraça-la.

-- Mas vocês são tão novos ainda meu amor…

-- Nem vem mãe. A gente não vai casar, nem ter filhos, nem adotar um cachorro. A gente apenas vai pra faculdade.

-- Eu espero que sim, e que vocês estudem. – Meu pai diz olhando torto pro Bê que faz cara de paisagem.

 Bernardo como eu está eufórico. Eu estou tendo sérias dúvidas, até parece que nunca subiu em um avião de tão animado que está. Tudo bem o menino vai viajar pro outro lado do mundo, pra longe do pai idiota, e da população feminina tarada de Nova Iorque, e com a garota mais quente do país (eu no caso), então eu acho que entendo.

Me separo da minha mãe e vou em direção a minha melhor e única amiga. Liz tem um sorriso de 80000 mega volts na cara, e de tão esticada eu acho que o rosto dela vai rasgar ao meio antes de eu entrar no avião. Até parece que está feliz por se ver livre de mim.

-- Vem cá você não vai chorar não? – Pergunto já me sentindo ignorada (mentira deslavada, só me com falta de atenção mesmo).

-- Chorar? Porquê eu choraria? – Ela pergunta segurando a minha mão com força e dando pulinhos.

-- Oh coisa lenta, eu sou sua amiga, e estou indo embora, então era pra você estar se matando de tanto chorar, num percebeu? – Digo revoltada pela insensibilidade da minha ex-melhor amiga-que-não-chora-por-mim.

-- Mas nem a pau. Você vai pra Londres, vai aprender aquele sotaque perfeito, comer cookies, conhecer ingleses quentes, estudar na melhor faculdade de lá, e de bónus, você vai levar o seu perfeito namorado com o topete perfeito na mala, e você quer que eu chore? – Liz fala sem dar uma pausa pra respirar e quando termina eu tenho um sorriso de hiena com problemas mentais.

-- Cara, minha vida vai ser muito melhor que a sua. – Digo gozando com a cara dela, que vai ter que aturar o meu irmão, já que eles insistiram em ficar juntos e me envergonhar. E como hoje é dia mundial de agraços, eu abracei a minha amiga, que só vai poder me irritar pelo telefone agora.

-- Vem cá o quê que vocês estão esperando pra ir pro avião hein? – Kevin, meu irmão pé no saco fala tentando demonstrar impaciência, mas eu sei que ele está se acabando em lagrimas por dentro (eu prefiro pensar assim).

-- Querendo se ver livre de mim cunhado? – Bê pergunta pro Kevin, enquanto eles se unem num abraço desajeitado de gorilas.

-- Não cara, nada contra você. Só estou ansioso pra me ver livre desse mini-encosto. – Ele diz apontando pra mim, e eu mostro o dedo do meio pra ele, só pra ganhar olhares congelantes dos meus pais.

Nesse momento dou graças ao capeta por estar indo embora.

-- Acho que ainda temos mais ou menos dez minutos até eles chamarem os passageiros… -- Minha mãe diz pensativa, e então olha pra mim. – Vocês tem tempo pra desistir.

Eu faço uma careta e rezo pros dez minutos passarem rápido.

E passaram. Nesses dez minutos minha família fez a maior bagunça no hall do aeroporto, minha mãe chorou como uma condenada, meu pai faltou só apontar uma arma pro Bê, Diego aparece correndo como um idiota no meio das pessoas tentando chegar a tempo de se despedir de nós (ele estava muito ocupado fazendo a dança do acasalamento coma Feionique pra chegar na hora) e eu quase determino a morte do Kevin.

Quando a voz chata anuncia a hora de embarcar faço uma oração de agradecimento. Então subir no avião foi fácil, viajar foi fácil, e agora estamos aqui.

☠♥ Disaster ♥☠Där berättelser lever. Upptäck nu