Conduta Imoral e os Helenos de Tróia

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Em certos momentos da vida, apesar do desejo de fugir sem olhar para trás, torna-se impossível. Eu estava em um daqueles momentos onde tudo o que vinha a minha mente era como desaparecer sem olhar para trás, correr sem destino e simplesmente deixar todos os meus problemas para outra pessoa. No atual momento da minha vida tinha Jordan me perseguindo – quando eu nem sequer conseguia compreender seus reais motivos – implacavelmente sem ao menos considerar minha opinião, o possível retorno do senador Stuart em minha vida, as provas insanas da universidade, e por fim, mas não menos importante a minha atração por Robert – um homem que parecia ter motivos suspeitos para se aproximar de mim – dono de mãos fantásticas.

O que uma pessoa normal faria em uma situação como a minha? Iria ignorar tudo e simplesmente seguir em frente? Ficaria preocupada a cada dois segundos?

Eu sentia que já tinha passado por todos os estágios e finalmente chegado a aceitação. Talvez isso fosse o nirvana? Não! Com certeza o nirvana seria mais animado, como ir para o show do Alok fumando maconha.

Tudo o que precisava era me concentrar nas aulas, responder as perguntas corretamente e tentar não atrair atenção. Precisava manter um perfil baixo a fim de evitar fofocas, olhares e fotos. Após ser fotografada com Jordan tudo o que eu não queria era receber atenção.

O lado positivo em ter crescido na família Stuart foi descobrir desde cedo os malefícios em atrair atenção das pessoas erradas. No instante em que as pessoas sabem quem você é, você perde a vantagem e se torna a caça. Ninguém sentia simpatia por fracos e muito menos os valorizava no mundo da politica, e esse foi o motivo que a levou ao fundo do poço. As cobranças excessivas, as péssimas companhias e a falta de atenção e carinho da minha família me transformaram em um caos sombrio e sem fim.

Quem iria imaginar que após tantos anos sofrendo encontraria minha própria salvação ao me libertar deles?

E por isso a ultima coisa que queria era retornar para o abraço nada acolhedor da família. Ninguém nos Stuart prestava, e talvez, nem mesmo eu. Mas eu tinha certeza que não iria me levar ao extremo, como fizeram comigo.

Meus pensamentos começaram a me deixar atordoada ao ponto de fechar os olhos sem sequer me preocupar com o professor logo a minha frente. Continuei de olhos fechados até escutar risos, abri meus olhos deparando-me com a imagem do professor em minha frente. Seu rosto estava imerso em uma careta desagradável.

― Senhorita, se a aula estiver sendo chata apenas saia – Sua voz soou extremamente anasalada. Talvez eu não tivesse chegado ao estagio da aceitação. Sorri ao pegar minhas coisas e sair da sala sem qualquer hesitação ignorando os olhares de surpresa dos alunos.

Tudo o que eu precisava era descansar um pouco.

Foi o que disse a mim mesma ao me enganar, pois a verdade é que estava ansiosa para fugir de tudo. Continuei andando pelo campus ponderando se deveria retornar para casa ou esperar por Phablo. Antes que obtivesse a minha resposta acabei me deparando com Robert. Ele estava ainda mais sedutor que antes, e isso era um fato consumado assim como seu interesse pelo meu pai.

Todo mundo naquela cidade se importava tanto com o senador Stuart ao ponto de precisar me usar?

Ninguém parecia levar em consideração que eu era uma pessoa com sentimentos.

― Liza, está se sentindo bem? – A pergunta de Robert poderia soar como considerada para qualquer pessoa, mas sentia um visível interesse através de seu tom de voz. Um interesse que não surgiu de sua preocupação.

― Não, apenas o professor que estava sendo chato – Menti ao sorrir falsamente – E a sua aula?

Robert bagunçou seus cabelos ao me olhar impotente. Esse tipo de olhar deve ter conquistado muitas pessoas antes de responder que sua aula havia sido cancelada. Ficamos em silencio durante alguns instantes, tempo suficiente para que ele mudasse de humor rapidamente e me convidasse para almoçar com ele.

― Eu estou um pouco ocupada – Por mais que fosse atraída por ele ainda preservava a minha liberdade. Jordan era um sociopata narcisista, porém tinha algum poder para me proteger da minha família. Enquanto Robert parecia ansioso para que eu entrasse em contato com os Stuarts. A questão é que eu começava a ficar curiosa sobre seus motivos.

Escolher entre um sociopata e um misterioso ainda preferia o sociopata, afinal tinha alguma noção sobre com quem estava lidando. Mantive um sorriso educado no rosto ignorando a expressão desconfortável na face de Robert. Ainda precisava pensar seriamente sobre ele, ponderar sobre seu comportamento antes de tomar uma decisão, contudo naquele momento tudo o que queria era descansar.

― Certo, depois nos falamos então – Robert se despediu com um semblante entristecido. Fiz o possível para ignorar desviando o olhar. Sempre um homem se aproximava de mim me sentia como Tróia e os homens ao meu redor como Helena. Cada um deles tentava me destruir de sua própria forma. Optei por retornar ao meu apartamento, entrei no carro e assim que o estacionei minutos depois, senti que Deus deveria me odiar.

A Lei de Murphy já afirmava que tudo que poderia dar errado acabaria acontecendo, obviamente nunca acreditei até aquele exato momento. O famoso senador Stuart tinha se dignado a aparecer na frente do prédio em que morava. Fiquei tentava a ligar o carro e a fugir sem olhar para trás, mas antes que sequer tivesse coragem o vi andando em minha direção.

Sai do carro mantendo uma expressão indiferente ao ser encarada por ele. O meu pai não tinha mudado desde a última vez que o vi. Seus cabelos pretos com algumas mechas grisalhas ainda o deixavam charmoso, seus olhos castanhos pareciam tão determinados quanto antes e sua expressão educada se mantinha a mesma.

―Senador – O cumprimentei como qualquer pessoa faria. Uma pessoa sem ligação com ele, é claro.

― Deveria me chamar de pai – Sua voz grave apenas fez com que eu desse de ombros. Parei de seguir suas ordens quando entrei na faculdade – Podemos subir? Precisamos conversar.

Um sorriso de escarnio surgiu em meu rosto ao encará-lo. Um homem desprezível que não se preocupava com a sua própria família apareceu repentinamente na minha frente, é claro que suas intenções não são cordiais.

― Imagino que deseja que eu me afasta de alguém –Não demorou um segundo para ele assentir, concordando com minha teoria. – Jordan? – Ele retornou a concordar.

― Ele apenas a está usando para afetar a candidatura do seu rival. Estou apoiando Charles Sandorvan a presidência.

― E o que eu tenho com isso? – O olhei paciente, esperando o exato momento em que iria demonstrar sua raiva ou impaciência, o que infelizmente era raro acontecer. O senador Stuart tinha um extremo controle sobre si mesmo. – Estou com ele por gostar. Não me importo com politica, sabe disso.

― Ainda que não se importe é a minha filha. Suas ações acabam sendo refletidas em mim.

― Sim, lembro que disse a mesma coisa antes de me internar naquele lugar – A recordação mais dolorosa de minha vida. – Se o único motivo que o trouxe até aqui foi isso, é melhor ir embora. – Não me afastei do carro imaginando para onde deveria fugir depois que ele fosse embora. A forma como ele se divertia em controlar as pessoas a sua volta fazia com que eu o temesse.

Eu temia que ele me obrigasse a voltar para casa ou me sequestrar. Meu pai era ambicioso demais para deixar que uma filha que desprezava interrompesse seus planos.

― Liza, estou falando como o seu pai, se afaste de Jordan Macartney. Esse homem está apenas a usando para me atingir.

― Ao menos ele é sincero e não esconde seus motivos ao contrario do senhor – O olhei fixamente antes de desistir. Abri a porta do carro, entrando sem hesitação. Liguei o carro e fui embora o abandonando.

Só poderia ir para dois lugares naquele momento: casa de Phablo ou o escritório de Jordan. E a minha escolha acabou sendo a imoral.

Segui para o escritório de Jordan. 

CONTINUA..

O proximo cap deve sair em uma semana. Então fiquem tranquilos e desculpa a demora. 

Conduta Imoral [completo]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang