Capítulo 2

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7 de julho de 2008

      O sol enviava-me ondas de calor receptivas e que me deixavam ainda mais animada. Roberto colocou minha última mala no porta-malas do carro, bateu a porta com força e virou para mim sorrindo. Retribuí o gesto e estava quase entrando no carro quando senti a mão quente de minha mãe segurar meu braço e me fazer parar.

  — Se comporte, obedeça seus tios, eu vou te ligar todos os dias — relembrou, repetindo todas as palavras que já havia dito uma hora atrás.

Surpreendendo a todos, principalmente a mim, eu tirei sete e meio na prova de matemática e notas boas nas demais matérias, assim, cumprindo sua parte do acordo, minha mãe autorizou que eu fosse passar uma semana inteira no novíssimo hotel da Warrior.

Quando fomos à escola, seis dias antes, e a diretora entregou meu boletim, eu achei que minhas notas boas eram um verdadeiro milagre. Atualmente, aquele ocorrido é para mim como um determinante da minha maldição. Mas, volto a repetir, eu era uma garota de 12 anos e estava empolgada. Por isso, naquela manhã de segunda-feira, olhei nos olhos castanhos de minha mãe e assenti.

  — Eu vou me comportar! — prometi.

Minha mãe me deu um sorriso que dizia: eu te conheço o suficiente para saber que isso não é verdade. Me deu um abraço apertado, seus braços me envolveram e seu cheiro de perfume misturado com gordura fizeram meus sentidos relaxarem meu corpo e a adrenalina da viagem se dissipar. Minha mãe não era a pessoa mais carinhosa do mundo, portanto momentos assim se tornavam raros e preciosos.

Lentamente ela se afastou e acompanhou com o olhar minha curta caminhada até o carro. Entrei no Fiat palio preto de meu tio e fechei a porta, ele deu a partida e o carro começou a se afastar sem pressa.

Joana ligou a rádio e Depois da Marisa Monte começou a tocar, ajoelhei no banco de trás e encarei minha mãe pela janela, ela ainda observava o carro se distanciar, acenei de leve, mesmo que ela não pudesse ver.

Se eu soubesse que aquela seria a última vez que a veria, teria permanecido mais tempo olhando para ela antes de meu tio dobrar a esquerda e ela sumir do meu campo de visão. Eu teria guardado todos os detalhes de seu rosto, decorado cada linha de expressão. Mas eu não sabia o que iria acontecer, então apenas sentei direito, pus o cinto e ouvi a voz calma de Marisa cantando aquela música que me trazia um sentimento de tristeza.

A viagem foi grande, foram três horas de nossa cidade — Esperança — até a cidade Trevo, onde o cara do hotel com quem meu tio havia falado há uma semana disse que seria o ponto de encontro

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A viagem foi grande, foram três horas de nossa cidade — Esperança — até a cidade Trevo, onde o cara do hotel com quem meu tio havia falado há uma semana disse que seria o ponto de encontro. Trevo é uma cidadela que faz fronteira com o estado do Ceará, eu lembrava da aula de geografia onde aprendi isso, saber essa informação fez a adrenalina voltar a correr por meu corpo. Então o hotel fica na praia?

Até então nós não sabíamos como era ou onde ficava esse novo hotel. Nada havia sido divulgado além do nome das trinta famílias escolhidas para passar uma semana lá. Eles estavam deixando tudo no sigilo, para ser uma experiência única e surpreendente, no bom sentido, pelos menos foi isso o que Joana disse quando descemos do carro em uma pequena praça e eu fiz minha primeira reclamação.

Se Essa Vida Fosse Minha Where stories live. Discover now