Golden Garnet

You are allowed to come in

Midas encarava o tablet dourado em suas mãos. Sentava-se em sua cadeira dourada atrás da magnífica mesa de ouro puro. Confortável. Tranquilo. O seu imenso escritório estava no mais completo silêncio assim como ele gostava. Era um dia calmo e tedioso na Agência. Tudo estava em seu perfeito estado.

Revia os últimos ajustes do seu novo plano. Queria tomar a Cidade das Cordilheiras como mais um dos seus postos de comando, no entanto, havia um grupo rival que o impedia. Os Defensores eram uma grande pedra no seu sapato. Não eram os únicos, mas os piores. Contudo, com suas ideias novas, não demoraria muito para conseguir o que desejava.

Estava bastante concentrado quando ouviu a primeira explosão. Seus olhos se ergueram do tablet. Sabia que esse momento chegaria mais cedo ou mais tarde. Parece que seria mais cedo então, pensou. Outra explosão fora da Agência fez com que o homem fechasse os olhos e comprimisse os dedos na ponte do nariz. Não precisava de nenhum anúncio para saber quem estava por vir. Sua pior dor de cabeça.

Fora da sua sala pessoal havia dezenas de guardas fazendo a segurança do local, mas nenhum deles foi capaz de contê-la. A porta de ouro maciço foi aberta com uma forte explosão e parada atrás de toda a fumaça dramática estava a Agente TNTina.

— Como ousa?! — ela gritou, entrando na sala, com seu arco explosivo, suas mãos fechadas em punhos e os olhos brilhando de fúria.

— Agente TNTina — Midas respondeu com o tom de voz lentamente irônico. — Tem permissão para entrar.

Isso apenas aumentou sua fúria. A garota parecia capaz de pular por cima da mesa e estrangulá-lo com suas próprias mãos. Mas conhecendo-a bem, não era nenhuma surpresa aquela reação.

— Como se atreve a reduzir minha frota de capangas?

— Corte de gastos, você certamente entende.

— Outros também foram afetados por esse "corte de gastos" ou foi algo pensado exclusivamente para mim?

— Não se sinta tão especial. — ele retrucou, com um rolar de olhos — A Maya também...

— Me poupe. — TNTina o cortou. — Maya é uma criatura insignificante.

Midas a encarou. Ela até poderia ser atraente com toda aquela lava borbulhante dentro de si e os olhos em chamas, caso não fosse tão irritante.

— E então? — ela insistiu quando não obteve resposta. Paciência não era seu forte. — Vai devolver os meus capangas ou continuar me encarando com essa cara de cu?

Ele se levantou da cadeira e andou ao redor da mesa. TNTina era uma ótima agente, mas já não a suportava mais naquele momento. Precisava dar um basta naquela cena patética.

— Precisamos dos seus homens em outro lugar. — explicou com calma, mas sério. — Tenho outros planos e sua plataforma não precisa de tanta segurança no momento.

— Mas...

Ele a encarou friamente. Um dos seus olhos fora danificado no passado, ainda assim produziu o efeito desejado. Congelar as pessoas. Petrificá-las. Fazê-las ficarem sem qualquer reação diante dele.

— Essa é minha decisão final, agente. — declarou, apontando para a porta. — Lide com isso.

A mulher na sua frente tremia dos pés a cabeça como se fosse entrar em erupção a qualquer momento. Midas sequer se abalou. Era até mesmo divertido vê-la se contorcer daquela forma. Continuou encarando-a até que TNTina se virou e saiu da sala a passos firmes. Ainda ouviu algumas explosões do lado de fora da Agência antes que tudo voltasse a calmaria de antes.

Era um dia agradável. A visita da garota explosiva não havia mudado nada.